“O nosso casamento
aconteceu em 14 de outubro de 1960 às 10:00 h da manhã na Igreja do nosso
padroeiro São José, o sacramento foi ministrado pelo Padre Alexandre. O nosso
amor foi reafirmado quando completamos as nossas Bodas de Ouro em 2010. Temos
orgulho da família que compomos e dos filhos que geramos”. Pedro da Silva Madureira de Souza - Técnico em Contabilidade (aposentado)
Esta semana estamos trazendo um jovem de 78 anos de
idade e eternamente apaixonado pelo seu amor de juventude, Deuszinda Coutinho
de Souza, com quem convive há 53 anos. Ele é Pedro da Silva Madureira de Souza,
aposentado e tem como hobby plantar árvores frutíferas em sua chácara no Km 9,
mantendo assim o que seus pais Raimundo Madureira de Souza e Maria Madureira de
Souza,faziam quando ele nasceu em Afuá
(PA) em 07/07/ 1935. “Meus pais
trabalhavam na coleta de açaí na várzea e no roçado de sobrevivência. Logo se
mudaram para Macapá, pois ele era carpinteiro e aqui tinha muita vaga para a
sua profissão. Pois o Amapá tinha sido transformado em Território Federal por
Getúlio Vargas e nomeado como primeiro governador, o então Capitão Janary Nunes
que vinha das fileiras do Exército Brasileiro”.
A primeira residência da família Madureira no Amapá,
foi no então bairro proletário de Macapá, o Trem, mais precisamente na Avenida
Antonio Coelho de Carvalho, 881. “Passei minha infância no bairro do Trem,
estudei na Escola Barão do Rio Branco, no Colégio Amapaense e me formei em
Técnico em Contabilidade na Escola Técnica do Amapá”.
Pedro Madureira conta que teve uma juventude segura,
e que o divertimento noturno foi difícil, pois o controle da família era muito
grande, diferente de hoje em dia. “Tínhamos limites impostos pelos meus pais, e
ainda trabalhava, não tinha esse negócio de menor não trabalhar. Quando
conseguíamos autorização para o lazer noturno, tinha a recomendação: chegar as
10:00 horas e se passar da hora ‘a ripa’ comia e ainda tinha o patrulhamento
policial, chamado de ‘Cosme e Damião’,quando os menores eram encontrados fora
do horário na rua eram recambiados até as residências, os pais chamados a
atenção e outra vez a ‘ripa’ comia. Mas hoje o jovem sai e nem avisa os pais, e
quando são criticados, eles se irritam agredindo os genitores ou dão queixa na
Delegacia do Menor, muitas vezes ameaçando os pais de prisão. É por isso que temos uma juventude
transgressora, drogas, vandalismo e bandidismo. É a falta de estrutura
familiar, e a legislação ainda lhes dá apoio social, mas sem o apoio moral”.
Trabalho
“Comecei a trabalhar cedo para ajudar os meus pais, na
criação de meus 10 irmãos, pois meu primeiro serviço foi de carregador de
tijolo cru, na antiga olaria Territorial,tinha 13 anos de idade e o meu primeiro
chefe foi o finado Belarmino Paraense de Barros, o governador era o Coronel
Janary Nunes”. Relembra o nosso pioneiro da semana.
Após ter se formado em Técnico em Contabilidade,
Pedro Madureira ingressou na Legião Brasileira de Assistência (LBA/AP) na
gestão do Chefe Humberto Santos, como Agente Administrativo e depois foi
Almoxarife. “Passei por todos os cargos na entidade e me aposentei há 20 anos
(1992)”.
PedroMadureira
serviu durante 35 anos na Legião Brasileira de Assistência (LBA/AP), ele narra
que foiuma das instituições que deu início as ações sociais do poder público no
então território. A entidade foi criada no dia 18 de agosto de 1944, cuja meta
era implantar a Campanha de Redenção da Criança e os programas Natal do Soldado
e da Criança, auxílio às pessoas notadamente pobres e às famílias dos
reservistas convocados para a Força Expedicionária Brasileira (FEB). “Foi
através da LBA que houve a construção de um posto de puericultura, um ao lado
da residência governamental, hoje funciona a Semast(Secretaria Municipal de
Ação Social e Trabalho) e outro no bairro do Trem, denominado ‘Doutor Hildemar
Maia’, um dos diretores da entidade que faleceu junto, com o então deputado
Coaracy Nunes em campanha eleitoral, em um acidente de avião em Macacoari (AP)”.
Além de dar permanente assistência, em remédios,
vestuários e alimentação às gestantes e crianças.Ele relembra que o serviço
prestado pela LBA abrangia uma área social muito grande. “Fazíamos
acompanhamento da gravidez, com atendimento de puericultura exercida pelos
médicos voluntários, fazíamos o registro de nascimento que sempre era comandada
pelas primeiras damas do território, também era distribuído cestas básicas e
sopa. Na época da primeira dama, era feita na residência governamental, porque
ela era muito adoentada. Além das mães que recebiam aulas de corte e costura,
como as máquinas para executarem os serviços como costureiras”.
Família
O amor veio através do serviço público, Pedro
Madureiraaos 26 anos de idade, conheceu sua esposa DeuszindaCoutinho de Souza,
funcionária da Prefeitura de Macapá. Onde essa união dura 53 anos de
convivência. Tudo começou com os encontros para assistir filmes na sala de
projeção dos Padres do PIME, na Igreja São José. “Tinha reuniões oratorianas e
marianas, depois projetavam os filmes no barracão dos padres. Como eu não tinha
dinheiro para pagar a entrada, ela me ofereceu a ‘grana’, daía amizade passou
ao namoro e logo em seguida o casamento. O nosso casamento aconteceu em 14 de
outubro de 1960 às 10:00h da manhã na Igreja do nosso padroeiro São José, o
sacramento foi ministrado pelo Padre Alexandre e nosso amor foi reafirmado
quando completamos as nossas Bodas de Ouro em 2010. Temos orgulho da família
que compomos e dos filhos que geramos”. Desse enlace foram gerados 10 filhos,
todos vivos. “Os meus filhos estão todos formados. O caçula com 36 anos se
formou no mês passado. Tenho quinze netos e cinco bisnetos”.
Amapá
de hoje
Pedro Madureira define o Estado do Amapá e
principalmente a capital Macapá, como uma cidade em evolução, com seus altos e
baixos. “Vem acontecendo muitas coisas boas. Tivemos um grande crescimento e
modernização, como: energia, telefonia, transporte, enfim... Porém esses
serviços são prestados precariamente. Infelizmente não temos,como deveria, serviços
de qualidade. Aqui no Amapá, tudo é feito como se fosse ‘favor a população’ e haja cobrança de impostos sem retorno”.
O mais importante na definição de Pedro Madureira é
que na sua época o serviço público, mesmo sem internet era transparente, tinha
o Balanço das Contas Públicas e através dos meios de comunicação, os governantes
prestavam contas dos recursos empregados. Com referência a violência era pouca,
quase nada acontecia de maior gravidade. “Além das brigas corriqueiras de bêbados.
Hoje, eu já não tenho mais essa segurança, tanto que a minha casa é toda
gradeada. Antes dormíamos de portas abertas”.
Hoje, aposentado Pedro Madureira curte sua chácara.
“Tenho uma Chácara no KM 9, onde cultivo árvores frutíferas: bananeiras,
mangueiras, acerolas e outras. Gostaria de ter uma plantação de hortaliças, mas,
elas necessitam de atenção constante e diárias e eu não posso, pois me tenho
minha residência aqui no Centro”.
Ele destacou um incentivo a atual geração: “Gostaria
que os jovens de hoje começassem a direcionar suas vidas para a disciplina e
para a honestidade. Saibam escolher as boas amizades e dediquem-se aos estudos.
Fazendo assim um bom preparo para seu futuro”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário