sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Pioneirismo


“O nosso casamento aconteceu em 14 de outubro de 1960 às 10:00 h da manhã na Igreja do nosso padroeiro São José, o sacramento foi ministrado pelo Padre Alexandre. O nosso amor foi reafirmado quando completamos as nossas Bodas de Ouro em 2010. Temos orgulho da família que compomos e dos filhos que geramos”. Pedro da Silva Madureira de Souza - Técnico em Contabilidade (aposentado)



Esta semana estamos trazendo um jovem de 78 anos de idade e eternamente apaixonado pelo seu amor de juventude, Deuszinda Coutinho de Souza, com quem convive há 53 anos. Ele é Pedro da Silva Madureira de Souza, aposentado e tem como hobby plantar árvores frutíferas em sua chácara no Km 9, mantendo assim o que seus pais Raimundo Madureira de Souza e Maria Madureira de Souza,faziam quando ele nasceu  em Afuá (PA)  em 07/07/ 1935. “Meus pais trabalhavam na coleta de açaí na várzea e no roçado de sobrevivência. Logo se mudaram para Macapá, pois ele era carpinteiro e aqui tinha muita vaga para a sua profissão. Pois o Amapá tinha sido transformado em Território Federal por Getúlio Vargas e nomeado como primeiro governador, o então Capitão Janary Nunes que vinha das fileiras do Exército Brasileiro”.

A primeira residência da família Madureira no Amapá, foi no então bairro proletário de Macapá, o Trem, mais precisamente na Avenida Antonio Coelho de Carvalho, 881. “Passei minha infância no bairro do Trem, estudei na Escola Barão do Rio Branco, no Colégio Amapaense e me formei em Técnico em Contabilidade na Escola Técnica do Amapá”.

Pedro Madureira conta que teve uma juventude segura, e que o divertimento noturno foi difícil, pois o controle da família era muito grande, diferente de hoje em dia. “Tínhamos limites impostos pelos meus pais, e ainda trabalhava, não tinha esse negócio de menor não trabalhar. Quando conseguíamos autorização para o lazer noturno, tinha a recomendação: chegar as 10:00 horas e se passar da hora ‘a ripa’ comia e ainda tinha o patrulhamento policial, chamado de ‘Cosme e Damião’,quando os menores eram encontrados fora do horário na rua eram recambiados até as residências, os pais chamados a atenção e outra vez a ‘ripa’ comia. Mas hoje o jovem sai e nem avisa os pais, e quando são criticados, eles se irritam agredindo os genitores ou dão queixa na Delegacia do Menor, muitas vezes ameaçando os pais de prisão.  É por isso que temos uma juventude transgressora, drogas, vandalismo e bandidismo. É a falta de estrutura familiar, e a legislação ainda lhes dá apoio social, mas sem o apoio moral”.

Trabalho

“Comecei a trabalhar cedo para ajudar os meus pais, na criação de meus 10 irmãos, pois meu primeiro serviço foi de carregador de tijolo cru, na antiga olaria Territorial,tinha 13 anos de idade e o meu primeiro chefe foi o finado Belarmino Paraense de Barros, o governador era o Coronel Janary Nunes”. Relembra o nosso pioneiro da semana.

Após ter se formado em Técnico em Contabilidade, Pedro Madureira ingressou na Legião Brasileira de Assistência (LBA/AP) na gestão do Chefe Humberto Santos, como Agente Administrativo e depois foi Almoxarife. “Passei por todos os cargos na entidade e me aposentei há 20 anos (1992)”.
 PedroMadureira serviu durante 35 anos na Legião Brasileira de Assistência (LBA/AP), ele narra que foiuma das instituições que deu início as ações sociais do poder público no então território. A entidade foi criada no dia 18 de agosto de 1944, cuja meta era implantar a Campanha de Redenção da Criança e os programas Natal do Soldado e da Criança, auxílio às pessoas notadamente pobres e às famílias dos reservistas convocados para a Força Expedicionária Brasileira (FEB). “Foi através da LBA que houve a construção de um posto de puericultura, um ao lado da residência governamental, hoje funciona a Semast(Secretaria Municipal de Ação Social e Trabalho) e outro no bairro do Trem, denominado ‘Doutor Hildemar Maia’, um dos diretores da entidade que faleceu junto, com o então deputado Coaracy Nunes em campanha eleitoral, em um acidente de avião em Macacoari (AP)”.

Além de dar permanente assistência, em remédios, vestuários e alimentação às gestantes e crianças.Ele relembra que o serviço prestado pela LBA abrangia uma área social muito grande. “Fazíamos acompanhamento da gravidez, com atendimento de puericultura exercida pelos médicos voluntários, fazíamos o registro de nascimento que sempre era comandada pelas primeiras damas do território, também era distribuído cestas básicas e sopa. Na época da primeira dama, era feita na residência governamental, porque ela era muito adoentada. Além das mães que recebiam aulas de corte e costura, como as máquinas para executarem os serviços como costureiras”.

Família

O amor veio através do serviço público, Pedro Madureiraaos 26 anos de idade, conheceu sua esposa DeuszindaCoutinho de Souza, funcionária da Prefeitura de Macapá. Onde essa união dura 53 anos de convivência. Tudo começou com os encontros para assistir filmes na sala de projeção dos Padres do PIME, na Igreja São José. “Tinha reuniões oratorianas e marianas, depois projetavam os filmes no barracão dos padres. Como eu não tinha dinheiro para pagar a entrada, ela me ofereceu a ‘grana’, daía amizade passou ao namoro e logo em seguida o casamento. O nosso casamento aconteceu em 14 de outubro de 1960 às 10:00h da manhã na Igreja do nosso padroeiro São José, o sacramento foi ministrado pelo Padre Alexandre e nosso amor foi reafirmado quando completamos as nossas Bodas de Ouro em 2010. Temos orgulho da família que compomos e dos filhos que geramos”. Desse enlace foram gerados 10 filhos, todos vivos. “Os meus filhos estão todos formados. O caçula com 36 anos se formou no mês passado. Tenho quinze netos e cinco bisnetos”.

Amapá de hoje

Pedro Madureira define o Estado do Amapá e principalmente a capital Macapá, como uma cidade em evolução, com seus altos e baixos. “Vem acontecendo muitas coisas boas. Tivemos um grande crescimento e modernização, como: energia, telefonia, transporte, enfim... Porém esses serviços são prestados precariamente. Infelizmente não temos,como deveria, serviços de qualidade. Aqui no Amapá, tudo é feito como se fosse ‘favor a população’ e haja cobrança de impostos sem retorno”.
O mais importante na definição de Pedro Madureira é que na sua época o serviço público, mesmo sem internet era transparente, tinha o Balanço das Contas Públicas e através dos meios de comunicação, os governantes prestavam contas dos recursos empregados. Com referência a violência era pouca, quase nada acontecia de maior gravidade. “Além das brigas corriqueiras de bêbados. Hoje, eu já não tenho mais essa segurança, tanto que a minha casa é toda gradeada. Antes dormíamos de portas abertas”.

Hoje, aposentado Pedro Madureira curte sua chácara. “Tenho uma Chácara no KM 9, onde cultivo árvores frutíferas: bananeiras, mangueiras, acerolas e outras. Gostaria de ter uma plantação de hortaliças, mas, elas necessitam de atenção constante e diárias e eu não posso, pois me tenho minha residência aqui no Centro”.

Ele destacou um incentivo a atual geração: “Gostaria que os jovens de hoje começassem a direcionar suas vidas para a disciplina e para a honestidade. Saibam escolher as boas amizades e dediquem-se aos estudos. Fazendo assim um bom preparo para seu futuro”.

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