Entrevista da Semana
"Devemos também ampliar as
parcerias com as universidades e institutos de pesquisa para suprir lacunas no
quadro de pessoal para implementação de projetos de pesquisa, assim como
contribuir para a formação de recursos humanos na região. Da mesma forma,
devemos aprofundar as relações de cooperação além fronteira, especialmente com
a Guiana Francesa e o Suriname, para intercâmbios de pesquisa e transferência
de tecnologias de interesse de nossos países". – Jorge Yared – Chefe Geral da EMBRAPA/AP
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Esta semana entrevistamos o Chefe Geral da Embrapa Amapá – Jorge
Yared, 64. Nascido em Alenquer, no Pará, Jorge Yared é graduado em Engenharia
Florestal e possui mestrado e doutorado em Ciência Florestal. Foi pesquisador
da Embrapa do Pará de 1978 a 2008. Entre outros cargos, Jorge Yared foi
coordenador Regional Brasileiro do Centro de Pesquisas Florestais da Região
Amazônica e Chefe- Geral da Embrapa do Pará. No Governo do Estado do Pará
exerceu a função de Diretor do Instituto de Desenvolvimento Florestal do
Estado. ACOMPANHE A ENTREVISTA
Tribuna Amapaense - Quais suas prioridades como novo Chefe Geral
da Embrapa Amapá? Quais as ações imediatas?
Jorge
Yared - Temos ações imediatas nos três eixos de atuação da
Embrapa Amapá, que são a pesquisa, a transferência de tecnologias e a
administração. Na pesquisa devemos trabalhar o fortalecimento da programação de
pesquisa nas áreas estratégicas da Embrapa Amapá (pesquisa sobre o uso, manejo
e conservação dos recursos naturais importantes para a definição de sistemas
que levem em conta a agrodiversidade), na área de transferência de tecnologias
devemos aprofundar as discussões para estabelecer estratégias de atuação e
formalização de parcerias com organizações públicas e não-governamentais para
melhor atender os agricultores familiares e comunidades tradicionais; e, na
área de administração devemos trabalhar fortemente a melhoria dos processos
gerenciais para ganharmos maior eficiência e atendermos melhor as demandas
internas e externas.
TA -
Haverá mudanças com relação as atividades de pesquisas, haverá construções
laboratoriais e as parcerias com outras entidades pesquisadoras acontecerão?
JY - Grandes
avanços foram conseguidos pela administração passada na programação de
pesquisa, como contratação de pessoal e na infraestrutura geral da Embrapa
Amapá. Em menos de seis anos, incluiu-se na agenda de pesquisa o tema de
aquicultura e pesca e a contratação de cinco pesquisadores para trabalhar nessa
cadeia produtiva. Precisamos ainda consolidar e concluir a infraestrutura de
pesquisa tais como laboratórios e campos experimentais. Devemos também ampliar
as parcerias com as universidades e institutos de pesquisa para suprir lacunas
no quadro de pessoal para implementação de projetos de pesquisa, assim como
contribuir para a formação de recursos humanos na região. Da mesma forma,
devemos aprofundar as relações de cooperação além fronteira, especialmente com
a Guiana Francesa e o Suriname, para intercâmbios de pesquisa e transferência
de tecnologias de interesse de nossos países.
TA – O
senhor vê algum problema na questão logística da Embrapa?
JY - Embora
a Embrapa Amapá tenha evoluído em sua infraestrutura e logística, tais como de
laboratórios, campos experimentais e veículos, ainda temos desafios a serem
vencidos. Por exemplo, a conclusão da construção de alguns laboratórios como o
de solos e fisiologia de plantas, e a infraestrutura de tanques nos campos
experimentais para a pesquisa em aquicultura.
TA – O senhor
já administrou o escritório local da empresa, como estão as questões de
financiamentos das pesquisas locais, cresceram?
JY - Não
participei especificamente da gestão da Embrapa Amapá, mas tive a oportunidade
de implantar projetos de pesquisa sobre espécies florestais nativas no Campo
Experimental do Cerrado (Km 45 da BR-156), em anos passados, assim como
pertencer como membro do Conselho Assessor Externo da Embrapa Amapá, que é um
orgão colegiado responsável pelo assessoramento estratégico em nível de direção
desta Unidade. A Embrapa Amapá, assim como outras Unidades da Embrapa,
conseguiu volume considerável de recursos em seu orçamentos por meio do PAC
Embrapa do Governo Federal, o que possibilitou a ampliação de sua
infraestrutura. Da mesma forma, as emendas parlamentares da bancada federal do
Amapá portaram somas substanciais de recursos no orçamento da Embrapa Amapá.
Com o término do PAC, temos que aprimorar a nossa capacidade de captação de
recursos em diversas fontes de fomento à pesquisa, via projetos de pesquisa e
desenvolvimento, assim como buscar apoio nas emendas parlamentares da nossa
bancada federal.
TA- A Embrapa realiza pesquisa
agropecuária e também transferência de tecnologias. O que é esta ação chamada
de transferência de tecnologia, como é desenvolvida, quais são as atividades e
para quem são dirigidas?
JY - Além da pesquisa, a transferência de
tecnologias é um processo importante da Embrapa. Tem o principal objetivo de
fazer com que os conhecimentos, tecnologias, produtos e serviços cheguem até os
seus destinatários. Porém, não adianta apenas transferir as tecnologias, é
importante que haja um ambiente institucional favorável para que essas
tecnologias causem impactos no setor produtivo. Por isso, há a necessidade de
parcerias com a extensão rural, o fomento, os órgãos de crédito e os órgãos
responsáveis pela logística, comercialização e aquisição de alimentos. Grande
parte do esforço de transferência de tecnologias é dedicada aos multiplicadores
das tecnologias, as organizações de agricultores familiares e de comunidades
tradicionais. Para nós, trabalhar com comunidades indígenas e as escolas
famílias tem sido uma grande experiência.
TA-Como está estruturada a Embrapa no
estado do Amapá em quadro de pessoal, quantos pesquisadores atuam hoje no
estado e quais as áreas de atuação?
JY - A
Embrapa Amapá possui um quadro de 99 servidores, dos quais 30 são
pesquisadores. Os demais são analistas, que têm formação superior, e temos
também os técnicos e assistentes. Nossas áreas de atuação de pesquisa estão
dirigidas principalmente para a valoração, valorização dos recursos florestais
como o manejo de florestas naturais (madeireiro, não-madeireiro e uso
múltiplo); aquicultura e pesca; sistemas de produção adotando princípios da
agroecologia e sistemas agroflorestais para agricultores familiares; sistemas
de produção para o uso sustentável do cerrado amapaense, incluindo a
participação no zoneamento ecológico-econômico; manejo de bubalinos em áreas
inundáveis; proteção de plantas especialmente de pragas e
organismos que podem entrar pela fronteira com outros países, em apoio aos
órgãos de defesa e vigilância.
TA-A Embrapa fez 32 anos de atuação no
estado do Amapá. Quais os principais ganhos e benefícios para a agropecuária do
neste período?
JY - A
Embrapa Amapá conseguiu, ao longo desses anos, desenvolver e adaptar várias
tecnologias de interesse para o setor agropecuário e florestal do Estado.
Podemos dar alguns exemplos, como os conhecimentos gerados sobre as florestas
de várzeas que transformaram-se em importantes subsídios ao poder público
estadual para o estabelecimento de normas de uso desse recurso. Temos ainda a
adaptação da tecnologia Sistema Bragantino de Produção, com a mandioca e o
feijão-caupi, para o estado do Amapá, que inclusive vem sendo a base
tecnológica do Protaf, o maior programa de incentivo à produção agrícola do
Governo do Estado.
TA- Hoje, qual é o papel da Embrapa na
agricultura do Amapá?
JY - O
principal papel da Embrapa Amapá é o desenvolvimento de conhecimentos, tecnologias,
produtos e serviços para apoiar as políticas públicas federais e estaduais, que
estão dirigidas para o uso e conservação dos recursos naturais bem como para o
desenvolvimento de atividades agropecuárias, florestais e agroindustriais
sustentáveis.
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