sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

ENTREVISTA DA SEMANA

Entrevista da Semana




"Devemos também ampliar as parcerias com as universidades e institutos de pesquisa para suprir lacunas no quadro de pessoal para implementação de projetos de pesquisa, assim como contribuir para a formação de recursos humanos na região. Da mesma forma, devemos aprofundar as relações de cooperação além fronteira, especialmente com a Guiana Francesa e o Suriname, para intercâmbios de pesquisa e transferência de tecnologias de interesse de nossos países". – Jorge Yared – Chefe Geral da EMBRAPA/AP

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Esta semana entrevistamos o Chefe Geral da Embrapa Amapá – Jorge Yared, 64. Nascido em Alenquer, no Pará, Jorge Yared é graduado em Engenharia Florestal e possui mestrado e doutorado em Ciência Florestal. Foi pesquisador da Embrapa do Pará de 1978 a 2008. Entre outros cargos, Jorge Yared foi coordenador Regional Brasileiro do Centro de Pesquisas Florestais da Região Amazônica e Chefe- Geral da Embrapa do Pará. No Governo do Estado do Pará exerceu a função de Diretor do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado.  ACOMPANHE A ENTREVISTA



Tribuna Amapaense - Quais suas prioridades como novo Chefe Geral da Embrapa Amapá? Quais as ações imediatas?
Jorge Yared - Temos ações imediatas nos três eixos de atuação da Embrapa Amapá, que são a pesquisa, a transferência de tecnologias e a administração. Na pesquisa devemos trabalhar o fortalecimento da programação de pesquisa nas áreas estratégicas da Embrapa Amapá (pesquisa sobre o uso, manejo e conservação dos recursos naturais importantes para a definição de sistemas que levem em conta a agrodiversidade), na área de transferência de tecnologias devemos aprofundar as discussões para estabelecer estratégias de atuação e formalização de parcerias com organizações públicas e não-governamentais para melhor atender os agricultores familiares e comunidades tradicionais; e, na área de administração devemos trabalhar fortemente a melhoria dos processos gerenciais para ganharmos maior eficiência e atendermos melhor as demandas internas e externas.

TA - Haverá mudanças com relação as atividades de pesquisas, haverá construções laboratoriais e as parcerias com outras entidades pesquisadoras acontecerão?
JY - Grandes avanços foram conseguidos pela administração passada na programação de pesquisa, como contratação de pessoal e na infraestrutura geral da Embrapa Amapá. Em menos de seis anos, incluiu-se na agenda de pesquisa o tema de aquicultura e pesca e a contratação de cinco pesquisadores para trabalhar nessa cadeia produtiva. Precisamos ainda consolidar e concluir a infraestrutura de pesquisa tais como laboratórios e campos experimentais. Devemos também ampliar as parcerias com as universidades e institutos de pesquisa para suprir lacunas no quadro de pessoal para implementação de projetos de pesquisa, assim como contribuir para a formação de recursos humanos na região. Da mesma forma, devemos aprofundar as relações de cooperação além fronteira, especialmente com a Guiana Francesa e o Suriname, para intercâmbios de pesquisa e transferência de tecnologias de interesse de nossos países.

TA – O senhor vê algum problema na questão logística da Embrapa?
JY - Embora a Embrapa Amapá tenha evoluído em sua infraestrutura e logística, tais como de laboratórios, campos experimentais e veículos, ainda temos desafios a serem vencidos. Por exemplo, a conclusão da construção de alguns laboratórios como o de solos e fisiologia de plantas, e a infraestrutura de tanques nos campos experimentais para a pesquisa em aquicultura. 

TA – O senhor já administrou o escritório local da empresa, como estão as questões de financiamentos das pesquisas locais, cresceram?
JY - Não participei especificamente da gestão da Embrapa Amapá, mas tive a oportunidade de implantar projetos de pesquisa sobre espécies florestais nativas no Campo Experimental do Cerrado (Km 45 da BR-156), em anos passados, assim como pertencer como membro do Conselho Assessor Externo da Embrapa Amapá, que é um orgão colegiado responsável pelo assessoramento estratégico em nível de direção desta Unidade. A Embrapa Amapá, assim como outras Unidades da Embrapa, conseguiu volume considerável de recursos em seu orçamentos por meio do PAC Embrapa do Governo Federal, o que possibilitou a ampliação de sua infraestrutura. Da mesma forma, as emendas parlamentares da bancada federal do Amapá portaram somas substanciais de recursos no orçamento da Embrapa Amapá. Com o término do PAC, temos que aprimorar a nossa capacidade de captação de recursos em diversas fontes de fomento à pesquisa, via projetos de pesquisa e desenvolvimento, assim como buscar apoio nas emendas parlamentares da nossa bancada federal.

TA- A Embrapa realiza pesquisa agropecuária e também transferência de tecnologias. O que é esta ação chamada de transferência de tecnologia, como é desenvolvida, quais são as atividades e para quem são dirigidas?
JY - Além da pesquisa, a transferência de tecnologias é um processo importante da Embrapa. Tem o principal objetivo de fazer com que os conhecimentos, tecnologias, produtos e serviços cheguem até os seus destinatários. Porém, não adianta apenas transferir as tecnologias, é importante que haja um ambiente institucional favorável para que essas tecnologias causem impactos no setor produtivo. Por isso, há a necessidade de parcerias com a extensão rural, o fomento, os órgãos de crédito e os órgãos responsáveis pela logística, comercialização e aquisição de alimentos. Grande parte do esforço de transferência de tecnologias é dedicada aos multiplicadores das tecnologias, as organizações de agricultores familiares e de comunidades tradicionais. Para nós, trabalhar com comunidades indígenas e as escolas famílias tem sido uma grande experiência.  
TA-Como está estruturada a Embrapa no estado do Amapá em quadro de pessoal, quantos pesquisadores atuam hoje no estado e quais as áreas de atuação?
JY - A Embrapa Amapá possui um quadro de 99 servidores, dos quais 30 são pesquisadores. Os demais são analistas, que têm formação superior, e temos também os técnicos e assistentes. Nossas áreas de atuação de pesquisa estão dirigidas principalmente para a valoração, valorização dos recursos florestais como o manejo de florestas naturais (madeireiro, não-madeireiro e uso múltiplo); aquicultura e pesca; sistemas de produção adotando princípios da agroecologia e sistemas agroflorestais para agricultores familiares; sistemas de produção para o uso sustentável do cerrado amapaense, incluindo a participação no zoneamento ecológico-econômico; manejo de bubalinos em áreas inundáveis; proteção de plantas especialmente de pragas e organismos que podem entrar pela fronteira com outros países, em apoio aos órgãos de defesa e vigilância.

TA-A Embrapa fez 32 anos de atuação no estado do Amapá. Quais os principais ganhos e benefícios para a agropecuária do neste período?
JY - A Embrapa Amapá conseguiu, ao longo desses anos, desenvolver e adaptar várias tecnologias de interesse para o setor agropecuário e florestal do Estado. Podemos dar alguns exemplos, como os conhecimentos gerados sobre as florestas de várzeas que transformaram-se em importantes subsídios ao poder público estadual para o estabelecimento de normas de uso desse recurso. Temos ainda a adaptação da tecnologia Sistema Bragantino de Produção, com a mandioca e o feijão-caupi, para o estado do Amapá, que inclusive vem sendo a base tecnológica do Protaf, o maior programa de incentivo à produção agrícola do Governo do Estado.

TA- Hoje, qual é o papel da Embrapa na agricultura do Amapá?

JY - O principal papel da Embrapa Amapá é o desenvolvimento de conhecimentos, tecnologias, produtos e serviços para apoiar as políticas públicas federais e estaduais, que estão dirigidas para o uso e conservação dos recursos naturais bem como para o desenvolvimento de atividades agropecuárias, florestais e agroindustriais sustentáveis.

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