sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

REPRESÁLIA

Sindesaúde sofre retaliações do governo por conta das denúncias contra o Hospital de Emergências e Maternidade

Sindicato flagrou situações assustadoras dentro dos hospitais. Em uma delas, 
paciente com tuberculose, doença altamente contagiosa, foi colocado ao lado de outros


A presidente do Sindicato de Enfermagem e Trabalhadores da Saúde do Amapá (Sindesaúde) disse esta semana a jornalistas que começou a sofrer retaliações por parte do Governo do Estado. O motivo seria as fiscalizações feitas pelo sindicato aos hospitais gerenciados pelo GEA em Macapá. Segundo Maria Léia Nunes, a Secretária de Estado da Saúde, Olinda Consuelo teria se manifestado declarando a seguinte frase: "Eu não sei fazer milagres". Mas o contra-ataque pode não ficar somente nas reclamações, uma vez que Camilo Capiberibe tradicionalmente honra o sobrenome que tem quando considera alguém como adversário. Disparar contra a gestão é uma declaração de guerra, muito embora esteja se falando a verdade e mostrando o que há de errado na administração. 

E erros é o que não faltam. 

As duas últimas vistorias do Sindesaúde reforçaram o que outras denúncias já tratavam. A primeira delas, feita no Hospital de Emergências revelou um cenário de guerra onde o hospital mais parece um depósito de gente. Corredores lotados, limpeza precária e falta de equipamentos básicos para atender os pacientes. Situações que o Tribuna Amapaense vem denunciando de longa data. 



O trabalho do sindicato acompanhado por representantes do Conselho de Enfermagem e da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Amapá gerou um relatório estarrecedor reforçado por fotografias onde aparecem pacientes sendo suturados nos corredores que há muito tempo vêm servindo de enfermarias sem oferecer condição para isso. A saúde pública do Amapá é o retrato do improviso contrariando totalmente as declarações dadas por Olinda Consuelo aos deputados estaduais quando esteve na Assembleia Legislativa e disse que a saúde do Amapá vive hoje seu melhor momento.


Certamente quem está deitado em um banco de madeira do HE, que acabou sendo transformado em leito, tem opinião diferente. "O que vimos no Hospital de Emergências ultrapassa o absurdo. É um total descaso. Gente recebendo pontos e curativos nos corredores, isso é inadmissível. Elas correm o risco de uma infecção", disse Maria Léia. 
Mas esta foi apenas uma das situações encontradas e quem sabe a mais amena. Não precisou andar muito para detectar coisa pior. Em outro corredor um paciente com tuberculose foi colocado junto com outros. A doença é altamente contagiosa e o doente tem que ser isolado durante o tratamento.  

As denúncias contra a precariedade no Hospital de Emergências já haviam sido feitas pelo Conselho Regional de Medicina no começo de agosto, quando os médicos que faziam a fiscalização foram surpreendidos com um paciente sendo atendido no chão de uma enfermaria por conta da falta de leitos. A todo custo, os primeiros socorros foram oferecidos, mas o homem acabou morrendo. A exemplo do Sindesaúde, as imagens foram repassadas à imprensa. De lá para cá, nada mudou e pode até ter piorado. 

MATERNIDADE

A Maternidade Mãe Luzia foi outro hospital visitado pelo Sindesaúde. Logo nos primeiros momentos no prédio, a presidente do sindicato disse: "Este hospital é sujo e desorganizado". Mulheres recém saídas da mesa de parto acomodadas em corredores ou tendo que dividir o leito com outra paciente, medicamentos acomodados em locais impróprios e até fezes de pombo foram encontradas no berçário. 

A explicação dada por José Ivo Melo, diretor da maternidade, atribuiu a sujeira encontrada no local às empresas que costumam suspender os serviços por falta de pagamento. Só não disse que o atraso no pagamento é culpa do governo que não repassa os recursos há mais de três meses aos trabalhadores. A demanda da maternidade hoje, é em média de 200 pacientes por dia. Relatórios foram enviados à Secretaria de Estado da Saúde, pelo sindicato, que vai aguardar um pronunciamento formal. Por enquanto o pronunciamento que se tem é do descontentamento do GEA quanto ao trabalho do Sindesaúde. 

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