sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

ARTIGO DO GATO

O príncipe amarelo e seu carma

O Partido Socialista Brasileiro (PSB), hegemônico na esquerda amapaense tem um grande problema para resolver em 2014. Reverter à rejeição de 75% do governador Camilo Capiberibe conjugado com a enorme falta de credibilidade dele junto ao povo amapaense. O povo rejeita e não acredita no governo estadual. Motivo: uma enorme frustração em virtude da discrepância entre a retórica "camiliana" e sua prática.

Apesar das sinalizações claras dada pelo eleitor amapaense de que o PSB precisava apresentar um projeto de governo estadual, qualquer um que fosse para dar um sentido à gestão amarela, Camilo e sua atrapalhada trupe de despreparados secretários, com raras exceções, ignoraram a experiência da velha guarda pesebista e continuaram apostando numa política sem planejamento, por tanto, sem metas definidas. Optaram mesmo pelo achismo e aí o Amapá virou um barco à deriva num "mar" de problemas que já existiam, mas que se agravaram significativamente nos últimos três anos. Pelo que se observa da estratégia governamental todas as fichas foram apostadas na propaganda como a panaceia capaz de curar a inapetência de políticas públicas desta atabalhoada gestão.

Camilo agora dorme e acorda com o pesadelo de estar sendo o responsável por levar para a bancarrota uma poupança política conquistada pelo pai, coadjuvado pela mãe. Capiberibe saiu do carrinho de cachorro quente com um discurso de vítima da ditadura militar e com uma estratégia assentada no cooperativismo campe zino ascendeu ao poder e daí pra frente se aperfeiçoou em criar factoides Brasil afora. O Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá foi o maior engodo da história política recente do Estado, mas lhe rendeu generosos nacos de na grande mídia.  

Mas o primeiro sintoma de que a eleição de Camilo Capiberibe havia realmente sido uma variável interveniente na eleição de 2010 foi a fracassada candidatura de Cristina Almeida para a Prefeitura de Macapá em 2012.  Nunca na história eleitoral do PSB amapaense o partido socialista havia sido tão mal avaliado pelo eleitor. Cristina sequer foi ao segundo turno, perdendo a posição para o azarão Clécio Vieira, vereador do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) que teve mandatos controversos na Câmara de Vereadores, porém surfou na onda da popularidade meteórica do senador Randolfe Rodrigues, outro produto da esquisita operação Mãos Limpas.

O segundo recado veio de Pedra Branca do Amapari. O prefeito eleito, Professor Gemaque (PR), enfrentou todo o entourage do PSB que tinha como "batonier" da candidatura de vereador Irmão Wilson (PSB) o senador João Alberto Capiberibe. A eleição de Pedra Branca serviu também para mostrar que Raquel Capiberibe, conselheira de contas indicada pelo irmão a época em que fora governador nunca teve relação serena com a cúpula do PSB. Raquel parece sempre muito inconformada com a forma hermética como o partido é conduzido pelo irmão. Modelo facilmente identificado nos regimes comunista de  Fidel Castro, em Cuba e do falecido ditador Hugo Chávez na Venezuela.

 E essa relação hostil vem de longe. Desde que Capiberibe resolveu apoiar a primeira candidatura de Evandro Milhomem para deputado federal e lhe tirou o mandato. Ela subiu no palanque contrário e disparou farpas contra o resto família. Disse: Onde eles estiverem eu vou está do outro lado. E está! Raquel mudou de partido e saiu, ao que parece com uma satisfação incontida, deixando transparecer para os distantes que se livrara de um cipoal de hipocrisia capiberista. Um fardo pesado para neurastênica professora Raquel Capiberibe que sempre adotou a estratégia do bateu levou. Não é Cláudia?

Em suma, Camilo Capiberibe é a antítese política do pai. De poucas palavras, introspecto e com uma voz encarniçada não passa credibilidade quando fala em público. Trouxe a genes política da mãe. Isso tudo redunda numa grave ameaça ao projeto de poder do PSB. Camilo Capiberibe não tem mostrado fôlego para recuperar a rejeição que pesa sobre seus ombros, pois o governo caminha a passos largos para o cadafalso e apesar  dos esforços verborrágicos do sofista João Alberto Capiberibe, que não tem poupado críticas aos adversários, a vaca continua atolada no pântano da desaprovação popular.

Segundo as vozes que ecoam, ainda trêmulas, da sede do PSB estadual a cúpula já admite que Camilo é irrecuperável e pela última mexida nesse tabuleiro a estratégia anunciada é a de lançar mão dos quadros experientes do partido com vistas a tentar minimizar os efeitos de uma gestão desastrosa empreendida nos últimos três anos. Os setores nevrálgicos como sempre são saúde, principalmente, seguido de perto pela educação e a segurança que não consegue reduzir os altos índices de violência verificados no Estado.

Mas para os mais próximos a maior dificuldade a ser superada é o extremado autoritarismo da primeira dama, que vê a areia movediça engolir as polegadas o corpo do marido, mas continua com a empáfia e a arrogância de tentar manter uma pseudo alto-confiança, como se soubesse definitivamente o que faz e o que determina fazer.

Dinheiro tem, falta gestão foi o bordão político de campanha de Camilo. Hoje é a única unanimidade que Camilo Capiberibe consegue junto ao povo do Amapá. Realmente tem dinheiro, falta gestão, digo, gestão competente, proativa e vocacionada a atender o coletivo, principalmente os mais pobres. E agora PSB, o que fazer com o príncipe amarelo. Ele vai ou não para o sacrifício?

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