Desenista | Israel Guedes |
Coletivo AP Quadrinhos
Curso da 9ª arte em Macapá
Um mundo em que tudo é possível, como acontece com os super-heróis. Somos convidados a atravessar florestas, enfrentar monstros e dragões que habitam nossa casa interior, perguntas internas que abrem caminho para a curiosidade e para a fantasia. Para quem se encanta com a magia do inexistente, a leitura de uma história em quadrinhos proporciona viver a imaginação.
Contar histórias é uma arte, traz o contorno, a forma, nos faz sonhar, nos conecta com lembranças, nos liga ao invisível e traz respostas às nossas inquietações. Sentimos o mundo e construímos os sentidos a partir do que vivemos, os olhos, os ouvidos, a boca, o nariz, a pele, todas as linguagens através das quais registramos, expressamos e transmitimos o que pensamos, o que sentimos e tudo o mais que diz respeito à nossa vida.
Nestas perspectivas é que o Coletivo AP Quadrinhos formou em 2012 uma aliança de pessoas que apreciam e produzem histórias em quadrinhos com seriedade e compromisso. O grupo vai oferecer aos fãs da nona arte de Macapá, a oportunidade de aprender, desde o começo, sobre como produzir seu próprio quadrinho, com um curso completo de quadrinhos!
O oficineiro do curso é o membro do coletivo e desenhista desde os oito anos de idade, Israel Egídio Araújo Guedes, artisticamente conhecido como Israel Guedes, de 23 anos. Conheça um pouco sobre o jovem entusiasta dos HQ amapaenses.
TA- Com que idade você começou a gostar de histórias em quadrinhos?
Israel Guedes- Bem, na verdade desde quando eu comecei a me entender por gente, pois eu comecei a me interessar por aqueles desenhos que passavam na televisão, na época da Rede Manchete, desenhos animados, tanto americanos como japoneses, era fascinado por desenhos e a vontade de desenhar veio quando fiquei sabendo que havia versões em quadrinhos. Quando conheci os quadrinhos me interessei, porque eles eram bem parecidos com esses desenhos animados, ou seja, da mesma linha.
Turma do AP Quadrinhos |
TA- Como descobriu que tinha dom para desenhar?
IG- Foi exatamente na escola, eu mesmo descobri. Eu gostava e fui tentando imitar, criar, copiar, ou seja, se o meu personagem tinha cabelos loiros, ai eu fazia um desenho de palitos, imitando a que eu tinha visto na história da televisão, e aos poucos fui criando as minhas próprias histórias. Em minha família quase todo mundo tem o dom artístico. Minha irmã toca instrumentos musicas, tem gente que pinta telas, eu já fui logo para esse lado do desenho.
TA- Há quanto tempo pratica essa arte? Você já tem algum trabalho autoral?
IG- Tenho, tenho quadrinhos, que são de minha autoria. Que estão publicados na Mistureba, uma revista do grupo que faço parte e onde conto histórias minhas que eu desenhei. Ela é uma coletânea de vários tipos de histórias, de todos os tipos de quadrinhos e de diversos autores, desenhista e design. O espaço Caos tem vários segmentos artísticos.
TA- O que é AP Quadrinhos?
IG- Bom, AP Quadrinhos é um grupo que surgiu em 2012 no I Encontro Amapaense de Histórias em Quadrinhos. Ele foi formado para juntar as pessoas que curtem e que produzem desenhos em quadrinhos aqui no Amapá. Até então não havia um grupo que juntasse todos, que estavam dispersos. Aqui nós temos muito bons talentos, e por isso foi formado o grupo que pode usar esses talentos.
TA- Como será o curso que ministrará?
IG- O curso é voltado para histórias em quadrinhos, ou seja, o curso completo voltado para as áreas dos quadrinhos. Um curso que vai ensinar desde o começo do desenho, como utilizar as primeiras técnicas, pois tem muita gente que não sabe desenhar, mas quer fazer quadrinhos. Tipo, eu tenho uma boa história, mas eu não sei desenhar, ou eu sei desenhar, mas não tenho uma boa história. O curso vai ter a parte do roteiro, desenho, criação de um personagem e a criação do cenário, além da criação de uma página de quadrinhos: como fazer uma história, como dividir começo, meio e fim, só em uma trama.
TA- Como você avalia o desenho em quadrinhos no Amapá?
IG- Tem muita gente talentosa, como eu falei anteriormente, só que muitas pessoas se escondem, e das que se mostram, poucas conseguem visibilidade. Tem, por exemplo, o Gene Ton, ele lançou recentemente uma revista em quadrinhos mais voltada para o público infantil.
TA-Quantas revistas você já lançou?
IG- Na coletânea da Mistureba já participei de três edições. A quarta edição que participei vai sair ainda este ano.
TA-Qual é o estilo de desenho que você mais gosta?
IG-O tipo de desenho que mais gosto é o mangá. Essa é a linha que eu gosto de trabalhar. Mas eu desenho outros tipo, mas o que eu mas gosto é esse. Eu acho mais bonito e me chama a atenção.
TA-O curso acontecerá em quantas etapas?
IG- Esse curso será feito por três semanas, dois e três dias por semana. Na primeira semana, serão dois dias de atividades, na segunda semana três dias e na última semana serão dois dias também.
TA- Vocês já pensaram em montar uma assessoria de marketing voltada para essa área?
IG- Nós ainda estamos trabalhando nesse projeto, pois o nosso trabalho ainda é muito pouco divulgado aqui no estado. A única forma que a gente encontrou para divulgar o nosso trabalho foi em grupos fechados na internet. O nosso grupo tem muitas histórias para serem contadas através dos quadrinhos, por exemplo, tem uma história aqui no nosso Mistureba, que fala que no futuro a água ficou escassa no mundo todo e os países começaram uma guerra por água, e não mais por religiões e outras coisas. Então um dos países mais ricos em água é o Brasil, onde existe a maior concentração de água doce no mundo. Nessa história outros países estariam visitando o Brasil por causa da imensa riqueza que ele possui. A história ainda conta que a presidente da República teria encontrado uma forma para acabar com a guerra por água. Essa revista é uma das melhores que eu acho, pois nela várias histórias regionais são contadas.
TA- Depois desse curso, qual o próximo projeto?
IG- Bom, depois desse curso eu planejo, ainda neste ano, viajar para São Paulo e estudar em uma escola em quadrinhos que existe no estado. Quero me especializar e trabalhar com quadrinhos, como as pessoas dessa escola trabalham para as revistas mais famosas do mundo. (Reinaldo Coelho)
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