sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Violência contra Idosos
Denúncias cresceram 130% no Amapá

O Estatuto do Idoso garante que o envelhecimento é um direito individual e sua proteção, um direito social. É obrigação do Estado garantir à pessoa  idosa proteção à vida e à saúde, que consistem  no respeito à integridade física e moral.





REINALDO COELHO

Um idoso não é uma criança. Existe aquela fase em que os pais chegam à terceira idade e o filho acha que deve cuidar de tudo na vida deles. E - pior - acha que pode mandar nos pais, com a opinião de que os idosos voltaram a ser crianças. Apague esse pensamento da mente e saiba que isso não trará nenhum benefício ao seu idoso.
Na sociedade há familiares que querem infantilizar os idosos  e os que exploram e agridem o ancião. Estudos apontam que 70% das agressões contra idosos são cometidas pelos próprios filhos, e, em 7 a cada 10 casos, o agressor mora com a vítima. Muitos idosos não denunciam os filhos com medo de que os mesmos sofram condenações. Quer dizer que, mesmo violentados, eles continuam amando os filhos.
A violência contra o idoso não se restringe aos familiares, a sociedade também comete crimes contra essas pessoas que tanto contribuíram com o crescimento social. É a violência sociopolítica, são grupos ou pessoas  na rua, motoristas de transportes públicos e a falta de condições ambientais, além da discriminação predominante nos órgãos públicos e privados.

Nossa realidade
A realidade amapaense, como nos demais estados brasileiros, também apresenta saldos negativos no que se refere ao tratamento dispensado ao idoso. Dados divulgados  pelo Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa do Amapá apontam que em 2013 o número de denúncias de violência contra idosos cresceu 130% no estado. No total, a entidade registrou 129 ocorrências de agressão física e moral contra pessoas com mais de 60 anos. Em 2012, 50 casos foram registrados.
Macapá e Mazagão registraram os mais altos índices de violência contra idosos. A presidente do conselho, Nádia Silva Souto, informou que as denúncias são feitas na maioria das vezes por vizinhos ou parentes das vítimas. "Na grande maioria dos casos são mulheres agredidas pelos filhos, normalmente interessados nos bens materiais das mães", evidenciou.
Também foram listados os bairros onde mais casos de violência contra idosos são denunciados. São eles: Santa Rita, Perpetuo Socorro, Pacoval e Buritizal. A faixa etária dos seviciados está entre 60 e 102 anos. Quanto ao sexo, é diferenciado: nas mulheres predomina a violência física e o abuso financeiro. Quanto aos homens são mais comuns a negligencia e o abandono. "Muitos deles são abandonados pela família e são mantidos pela aposentadoria que recebem", afirma Nádia Souto.
 Delegacia especializada
 Em outubro de 2013 a Polícia Civil e o Ministério Público fizeram uma parceria para a criação da Delegacia de Idosos em Macapá. Durante a reunião que aconteceu na Promotoria de Investigações Cíveis e Criminais do MPE/AP, foi apresentado como opção para funcionamento da delegacia o prédio localizado na Av. Procópio Rola, no bairro Santa Rita. A delegacia, ainda não instalada, deverá contar com  departamento social, onde haverá psicólogos e assistentes sociais.
A presidente do conselho de idosos disse que enquanto a delegacia não é instalada, as denúncias continuam sendo feitas nas delegacias comuns da Polícia Civil. Ela acredita que até o fim do primeiro semestre de 2014 a delegacia especializada para idosos, homossexuais e portadores de deficiência seja inaugurada.

"Já requeremos no Ministério Público e na defensoria o prédio. Será uma grande vitória para quem só quer viver em paz. Será um local que defenderá além do direito dos idosos, também o de homossexuais e pessoas com deficiências", reforçou.

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