Bandidagem usa facebook para ameaçar polícia e população
JOSE MARQUES JARDIM
A rede social facebook usada para entretenimento e novas amizades vem servindo no Amapá para que bandidos ameacem policiais e amedrontem a população com anúncios de uma onda de violência e assaltos. A situação vem se repetindo há uma semana e chegou à Polícia Militar. As postagens feitas na rede falavam de organizar grupos de bandidos para amedrontar a população com mais assaltos e matar militares como forma de vingança.
A motivação teria partido depois da morte do assaltante conhecido no mundo do crime como "Macaco", morto durante troca de tiros em uma tentativa de assalto a uma lanchonete e restaurante no centro da cidade no último dia 12. No episódio, um sargento da Polícia Militar foi morto.
Depois de uma operação de caça, a polícia conseguiu prender todo o bando, entre eles uma mulher. Mas a onda de violência não parou por aí. A morte de "Macaco" teria comovido a bandidagem, que passou a usar a internet para tornar público sua indignação.
Algumas fotos mostravam mulheres posando com revólveres na cintura e na mão, além de declarações ora ofensivas, ora lamentosas como: "Hoje estou muito triste cara, passaram nosso companheiro. Vai na paz Macaco. Outra postagem dizia: "Vai na paz Macaco. Esse era companheiro". Já em outras frases, a revolta pela morte do marginal rendeu frases do tipo: "Nós temos que vingar nosso irmãozinho. Vamos tocar o terror na cidade".
Houve até uma discussão entre um suposto detento e um homem identificado no perfil como policial militar. No diálogo, troca de ameaças e agressões. O homem que seria o policial retruca declarações do suposto detento lamentando a morte de Macaco e elogiando o marginal. Ele postou: "Lugar de vagabundo é no saco. Esse foi tarde". Em seguida o suposto detento pede que o policial vá tentar pegá-lo na cadeia para resolver a "parada".
As postagens foram feitas um dia depois do assalto ao restaurante e continuaram chamando a atenção, desta vez da Polícia Civil, que iniciou investigações e fez um levantamento de quem eram as pessoas, pelo perfil da rede social.
INDICIADOS
Na última quarta-feira (19), oito ditos amigos de "Macaco" foram indiciados por apologia ao crime. Alguns haviam chegado a fazer ameaças a policiais. Jackson Lima Júnior, 18 anos é um dos autuados e confessou ter ameaçado policiais pelo facebook. Em depoimento ele declarou que ameaçou os PMs por ter sentido vontade. Ele foi um dos que comentou a foto em que "Macaco" é mostrado morto após tentativa de assalto a uma lanchonete e restaurante no bairro central de Macapá. Também disse que não tinha amizade com o bandido. "Eu apenas "exergava" ele", afirmou.
Ouros comentários feitos na rede social também comprometeram outros elementos, como o de um homem identificado apenas pelo prenome Sales. Ele escreveu: "É, mas deixa esses vagabundos rirem agora, mais tarde quem estará rindo à toa sou eu. Esses vagabundo vão para a bala. Mais tarde Macapá vai ficar de cabeça para baixo", referindo-se a PMs.
Um dia após a morte de "Macaco", comentários e fotos invadiram as redes sociais. Em um dos casos, uma moça aparentando no máximo 20 anos aparece empunhando um revólver e lamentando a morte do marginal. A polícia indiciou uma outra de 19 anos que postou o seguinte comentário: "Olha aí meu camarada. Infelizmente eu tenho que mostrar essa foto. Vai na fé 'mano', Deus te ilumine Macaco". Depois, ela postou mais comentários, desta vez para um homem identificado como sargento da Polícia Militar, que disse que iria prendê-la. "Olha essa parada. 'Zé galinha', qual é a desse bicho para o nosso lado já?. Para com essa mancada".
Outro fato divulgado pela polícia foi a ameaça feita por um elemento identificado como Yure. Ele disse: "É nós mesmos mano, se não tomarmos uma atitude vai ser normal a gente ver nossos irmãozinhos atropelados nas esquinas, tem que mostrar para esses 'pelasacos' que quem manda nas ruas é o crime mesmo". Yure estaria preso no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá, de acordo com informações repassadas à imprensa pelo delegado
Leandro Totino, do Núcleo de Operações e Inteligência (NOI). O delegado ainda informou que Yure, além da pena que já cumpre, será indiciado por apologia ao crime.
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