sexta-feira, 14 de março de 2014

ARTIGO DO GATO

Roberto Gato

Quem é Randolfe Rodrigues?

O senador amapaense Randophe Frederich Rodrigues é um camaleão. O que torna contraditória a proposta ideológica que defende no arraial do Amapá. Sublima a imagem de homem vocacionado a servir aos brasileiros que defendem a ideologia socialista/comunista. Filhote da corrente Ação Popular Socialista, Randolfe tem sempre, lapidada na ponta da língua, uma frase filosófica, humanista e moral para disparar em direção aos incautos que se deixam envolver pelo bem articulado discurso escudado na imagem de um homem frágil e doce.

A militância estudantil forjou sua breve trajetória política: o questionador, inquieto e sempre disposto a reclamar direitos da estudantada. Mas, na primeira oportunidade, dependurou-se num cargo de coordenador da juventude. E o combativo Randolfe foi-se amoldando fácil ao poder e às suas benesses. Quem melhor define Randolfe é a nova geração de jovens inquietos, plugados nas redes sociais. No dialeto dessa tribo, o senador do PSOL não passa de um "poser" performático.

De coordenador da juventude para o mandato de deputado estadual, foi um pulo. Porém, essa trajetória deixou uma coleção de vítimas pelo caminho. Primeiro foi o companheiro Edvan Barros, que viu fugir por entre os dedos a possibilidade de eleger-se deputado estadual em função da traição do ex-colega de faculdade de história. Desde então, Edvan nunca mais foi o mesmo com Randolfe. Hoje a antiga amizade e a fé no futuro socialista não passam da relação cordial e cavalheiresca.

Randolfe, então, se aproximou de Clécio Luis. E, uma vez fisgado pelo canto da sereia, formaram um grupo e assumiram a pasta da Educação e a Agência de Fomento do Amapá (Afap). Tanto numa como noutra instituição, a gestão de Clécio foi vocacionada a atender os interesses de Randolfe. Daí a razão de sua eleição para deputado estadual. Resumo da ópera: em ambos os órgãos, Clécio foi acusado de corrupção.

Randolfe Rodrigues logo se tornou um membro da base de Capiberibe na Assembleia. Com um discurso calcado na ideologia socialista, criticava as ações que o governo Barcellista desenvolveu e que não eram (na visão dele) voltadas a atender o povo, e sim a uma elite corrupta que povoava o Amapá.

Com o escândalo do mensalão, Randolphe Frederich bateu-se em retirada de sua antiga legenda - o Partido dos Trabalhadores, de Lula da Silva.  Ele e outros petistas se diziam decepcionados com os rumos que tomou o PT no comando do país. Aliado a outros descontentes, em setembro de 2005, ampliaram as bases do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), juntando-se aos fundadores Heloisa Helena, hoje vereadora em Alagoas, a gaúcha Luciana Genro, o paraense Babá, João Fontes, o filósofo Leandro Konder, o ex-deputado Milton Temer e o geógrafo Abiz Aziz Ab'Saber.

Na realidade, Randolfe não é verdadeiramente um psolista convicto. Com fundamentações políticas alicerçadas nas teorias de Antônio Gramsci, ele chutou a hegemonia proletária e mandou às favas sua aversão aos capitalistas exploradores para ascender ao Senado. E usou do mesmo expediente para conquistar a PMM. Rasgou a fantasia socialista e se lambuzou no mel da direita com os democratas de Agripino Maia e os petebistas de Roberto Jeferson. Não satisfeito, abraçou Sarney, pediu as benções de Lula e foi de braços abertos para o colo de Dilma. Afinal, Randolphe Frederich é uma incógnita ou a Medusa?

Ainda deputado petista, bateu o pé e fez beicinho para o escândalo do mensalão do PT, divorciando-se dos camaradas vermelhos. Refugiou-se no Psol, onde figuras exponenciais abriram uma nova janela na esquerda nacional, afinada com o PSTU e o PCO. Randolfe só não contava que a prática de receber dinheiro para apoiar o governo de plantão não era nova na política brasileira. Quem sabe, estivesse viciado, pois já havia participado de um esquema semelhante no Amapá, no episódio do famoso "jaraqui", que Capiberibe dava aos deputados da sua base na Assembleia Legislativa.

Para credenciar-se candidato à presidência do país pelo Psol, Randolfe e sua trupe fraudarem as plenárias do partido. O fato mais notório se deu no município de Santana. Mas Randolfe vai aos trancos e barrancos camuflando suas contradições, que se assemelham na verdade de muitos de seus companheiros. É o caso do deputado carioca Marcelo Freixo, que se diz humanista e presta assessoramento jurídico ao jovem assassino do cinegrafista da "Band" Santiago Andrade. Durma com um barulho desses.


Trocando em miúdos: de dia, Randolfe flerta com os Black Blocs; à noite, janta com os capitalistas do DEM. Quem é o Randolfe Rodrigues, afinal? Um hábil camaleão, aprendiz de feiticeiro, que muda de cor ao sabor do perigo e das circunstâncias.

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