sexta-feira, 28 de março de 2014

A\RTIGO Pra Frente, Brasil!

Pra Frente, Brasil!



Por Régis Sanches


O ano era 1970. No rádio, eu ouvia: "Oitenta milhões em ação, pra frente, Brasil, do meu coração; todos juntos, vamos, pra frente, Brasil, Salve a Seleção...". Ia para a escola, volta e bastava meu pai ligar o rádio, a música não parava; "de repente, é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão...".
Naquele ano, no México, as "Feras do Saldanha" conquistaram o Tricampeonato sob o comando de Zagallo, que ainda não era o "Velo Lobo". Zagallo consagrou-se como primeiro campeão mundial como jogador (58, 62) e como técnico (70).
A autêntica Seleção Canarinhotinha a formação clássica 4-2-4. Eis os titulares: Félix (Fluminense), Carlos Alberto Torres (Santos), Brito (Flamengo), Piazza (Cruzeiro) e Everaldo (Grêmio); Gérson (São Paulo) e Clodoaldo (Santos); Jairzinho (Botafogo), Pelé (Santos), Tostão (Cruzeiro) e Rivelino (Corinthians).
Passados 44 anos, vivemos a expectativa da segunda Copa do Mundo no Brasil, o país do futebol.Na primeira experiência, em 1950, amargamos o Maracanazo. No maior templo do futebol mundial, a Celeste invadiu a nossa praia e jogou farofa no ventilador.
Naquele tempo, a Jules Rimet ainda não era nossa.As Feras do Saldanha a trouxeram definitivamente para o Brasil em 1970.
Trocando de alhos para bugalhos, penso que os Deuses do Futebol devem ser loucos, pois quanta ironia. Em 1970, o Brasil era uma ditadura militar. Hoje, aparentemente, respiramos plena democracia. Mas o quadro é caótico, com ameaças à Copa do Mundo e a possibilidade concreta de a presidente Dilma Rousseff sofrer um processo de Impeachment.
Ainda com os versos de "Pra frente, Brasil" zunindo nos meus ouvidos, transcrevo trechos do artigo "Vou-me embora pra Bruzundanga", de Marco Antonio Villa:
"O Brasil é um país fantástico. Nulidades são transformadas em gênios da noite para o dia. Uma eficaz máquina de propaganda faz milagres. Temos ao longo da nossa História diversos exemplos. O mais recente é Dilma Rousseff.
Surgiu no mundo político brasileiro há uma década. Durante o regime militarmilitou em grupos de luta armada, mas não se destacou entre as lideranças. Fez política no Rio Grande do Sul exercendo funções pouco expressivas. Tentou fazer pós-graduação em Economia na Unicamp, mas acabou fracassando, não conseguiu sequer fazer um simples exame de qualificação de mestrado.
Mesmo assim, durante anos foi apresentada como "doutora" em Economia. Quis-se aventurar no mundo de negócios, mas também malogrou. Abriu em Porto Alegre uma lojinha de mercadorias populares, conhecidas como "de 1,99". Não deu certo. Teve logo de fechar as portas.
Caminharia para a obscuridade se vivesse num país politicamente sério. Porém, para sorte dela, nasceu no Brasil. E depois de tantos fracassos acabou premiada: virou ministra de Minas e Energia. Lula disse que ficou impressionado porque numa reunião ela compareceu munida de um laptop. Ainda mais: apresentou um enorme volume de dados que, apesar de incompreensíveis, impressionaram favoravelmente o presidente eleito.
Foi nesse cenário, digno de O Homem que Sabia Javanês, que Dilma passou pouco mais de dois anos no Ministério de Minas e Energia. Deixou como marca um absoluto vazio. Nada fez digno de registro. Mas novamente foi promovida. Chegou à chefia da Casa Civil após a queda de José Dirceu, abatido pelo escândalo do mensalão. Cabe novamente a pergunta: por quê? Para o projeto continuísta do PT a figura anódina de Dilma Rousseff caiu como uma luva. Mesmo não deixando em um quinquênio uma marca administrativa um projeto, uma ideia, foi alçada a sucessora de Lula.
Nesse momento, quando foi definida como a futura ocupante da cadeira presidencial, é que foi desenhado o figurino de gestora eficiente, de profunda conhecedora de economia e do Brasil, de uma técnica exemplar, durona, implacável e desinteressada de política. Como deveria ser uma presidente, a primeira no imaginário popular.
As promessas eleitorais de 2010 nunca se materializaram. Os milhares de creches desmancharam-se no ar. O programa habitacional ficou notabilizado por acusações de corrupção. As obras de infraestrutura estão atrasadas e superfaturadas. Os bancos e empresas estatais transformaram-se em meros instrumentos políticos, a Petrobras é a mais afetada pelo desvario dilmista. Não há contabilidade criativa suficiente para esconder o óbvio: o governo Dilma Rousseff é um fracasso.
Ah, o Brasil ainda vai cumprir seu ideal: ser uma grande Bruzundanga. Lá, na cruel ironia de Lima Barreto, a Constituição estabelecia que o presidente "devia unicamente saber ler e escrever; que nunca tivesse mostrado ou procurado mostrar que tinha alguma inteligência; que não tivesse vontade própria; que fosse, enfim, de uma mediocridade total".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...