PIONEIRISMO

REINALDO COELHO

“O casal Botelho exerceu seu magistério com dedicação e honraram as cátedras que assumiram, dando aos seus descendentes o exemplo de honra e dignidade no trato das coisas públicas. Foram e são exemplos de educadores ímpar na sua geração e honraram a confiança da sociedade amapaense até hoje”.

Diniz Henrique (em memória) e Dinete Ferreira Botelho



Esta editoria do TA encontrou em Belém (PA), uma das pioneiras da educação amapaense, a professora Dinete Botelho, viúva do conceituado professor Diniz Henrique Botelho, que morreu aos 79 anos, em Belém, cidade que o casal havia escolhido para morar após a aposentadoria. Entramos em contato com a professora através de sua filha, Denize Botelho, e acessamos o blog do seu filho, Diniz Henrique Filho (desenhista), para resgatar as lembranças de quarenta anos atrás, quando tivemos a felicidade de assistir às aulas dessa dupla de educadores.

Diniz Henrique Botelho nasceu em São Caetano de Odivelas (PA), no dia 26 de fevereiro de 1916. Filho do professor Manoel Vasques Ferreira Botelho e da costureira Venina dos Santos Botelho, ele estudou no Colégio Paes de Carvalho (Belém - PA), e, posteriormente, na Escola Normal do Pará, onde recebeu o diploma de professor normalista. 

SECRETÁRIO E DIRETOR DO COLÉGIO AMAPAENSE

Começou a trabalhar no dia 17 de maio de 1941, como funcionário do Estado do Pará, nomeado para o cargo de professor do Instituto Lauro Sodré (onde seu pai também havia lecionado). Convocado para o serviço militar ativo do Exército Brasileiro, em 1942, durante o 2º conflito mundial (1939/1945), serviu no 34º Batalhão de Caçadores, sediado em Val-de-Cans (Belém - PA). 
Em 12 de novembro de 1943 ingressou como aluno no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva - CPOR. Com o término da guerra, deu baixa do Exército. Chegou a Macapá em 1946, convidado pelo governador Janari Gentil Nunes (25.01.44 - 28.02.55), ingressando no quadro de funcionários do então Território Federal do Amapá, no dia 1º de maio do mesmo ano, na função de professor. No dia 10 de junho recebeu instruções para inspecionar as escolas do interior, nos municípios de Macapá, Amapá e Oiapoque; em 6 de janeiro de 1947, foi nomeado secretário do Ginásio Amapaense (Grupo Escolar Barão do Rio Branco - Grupo Escolar de Macapá) em caráter temporário até a conclusão de seu prédio (primeiro bloco); pela portaria datada de 25 de março de 1947, nomeado para lecionar francês (falava fluentemente), história geral e história do Brasil; em 6 de dezembro de 1947 foi nomeado pelo governador Janary Nunes para o cargo de secretário e diretor em 1952 do Colégio Amapaense (em 13 de junho de 1952 passa a funcionar definitivamente em seu prédio próprio, na Av. Iracema Carvão Nunes com a Rua General Rondon, com apenas nove salas de aula).

Diniz apresentou relatório ao governo, sugerindo a criação da Faculdade de Filosofia do Território Federal do Amapá; foi nomeado pelo diretor da Divisão de Educação, Lucimar Amoras Del Castilho, para o cargo de secretário do Ginásio Municipal de Santana, em 22 de junho de 1962. Foi nomeado pelo governador Terêncio Furtado de Mendonça Porto (26.11.62 - 07.05.64) para ocupar o cargo de diretor do Colégio Amapaense, em 30 de outubro de 1963; secretário do Núcleo de Educação, nomeado pelo professor Geraldo Leite de Morais (Geografia), em 03 de dezembro de 1970. Decreto de 23 de agosto de 1973, do governador José Lisboa Freire (06.10.72 - 01.04,74), nomeia o professor Diniz para o cargo de chefe da Seção de Expediente da Divisão de Educação. 
Em 31 de agosto, ele viajou com a professora Maria Alves de Sá até a cidade de Belém (PA) para tratar de assuntos do Núcleo de Educação junto a Universidade Federal do Pará; nomeado pelo governador Artur de Azevedo Henning (01.04.74 - 15.03.79), em 26 de junho de 1976, para presidir um grupo de professores do Sistema de Bolsas de Estudos. Participou da Coordenadoria do Concurso Vestibular do Núcleo de Educação, na função de assessor, convidado pela professora Maria Sá, permanecendo até o 2º concurso, em 1977. Em 27 de julho de 1984, concluiu sua licenciatura polivalente de 1º grau em letras, pela UFPA.
Diniz falava francês fluente e conversava com o M. La Rouge, aquele refugiado de guerra que andava numa bicicleta Pegeout por Macapá.

Casamento

Em 20 de dezembro de 1947, num sábado, o professor Diniz casou-se com a enfermeira e também professora, Dinete Ferreira Botelho (03.02.25). Da união nasceram os filhos Manoel Edmundo (arquiteto), Francisca Denize (professora), Sandra Regina (professora), Diniz Henrique Filho (desenhista) e Mário Rubens (médico). Ele aposentou-se em junho de 1976 e morreu no dia 18 de junho de 1995, em Belém (PA). Diniz destacou-se na área de educação orientando os alunos na criação dos grêmios, sempre à frente da organização dos desfiles da Semana da Pátria e do dia 13 de Setembro, criação do Território Federal do Amapá. É personagem importante da história do Amapá.

Educadora

FESTEJANDO OS 90 ANOS

A professora Dinete Ferreira Botelho exerceu seu magistério na Escola Normal de Macapá e depois Instituto de Educação do Território do Amapá (IETA). Dinete também atuou como enfermeira samaritana, formada pela Cruz Vermelha. 

RESIDENCIA DOS BOTELHOS

O casal recebeu do então governador do Amapá, capitão Janary Nunes, a segunda casa na Rua Mendonça Furtado, do lado direito para quem vai no sentido da Igreja São José (ao lado da extinta Radional, depois Casa do Índio), mas fez a exigência de que Dinete deixasse a área da saúde e fosse para a Educação, como professora. 

 Dinete Botelho e a neta Daniela Botelho Design e Marco Almeida.

Professora Dinete era considerada pelos seus pares no magistério como uma grande educadora e foi secretária da Feira de Exposição do Ministério de Educação, evento realizado em 1973, na Praça Veiga Cabral. Dinete ainda lecionava artes culinárias no Sesi, quando o delegado era o engenheiro Homero Platon, e a instituição funcionava na Av. Iracema Carvão Nunes, sendo depois transferida para a nova e atual sede, na Rua Leopoldo Machado, no bairro Trem.