sexta-feira, 11 de abril de 2014

Editorial

Editorial

O imperador mentiroso

Mentir ou não mentir, eis a questão... parafraseando o grande Shakespeare em seu Hamlet, trazemos o remoto mas imortal escrito do dramaturgo inglês para a nossa realidade. 
Vamos falar de um imperador trancado em seu palácio que padece de um mal curioso, o hábito de mentir compulsivamente. A doença teria se agravado em 2010 quando ele era candidato ao governo e amargava a penúltima colocação, até que uma fada madrinha apareceu e lhe concedeu um pedido, o de ser eleito. Para isso, uma enorme operação aconteceu e quem estava na frente ficou para trás e vice versa. 
Então, da noite para o dia, ele, o menino que virou imperador se viu sentado no trono de ouro com mucamas e pajens ao seu redor. Seu desejo havia sido realizado, mas o que fazer agora? O que faz um imperador, como trata com os súditos? Logo, o mal que lhe afligia veio à tona a partir do momento que os problemas começaram a surgir, afinal, governar não é sempre um mar de rosas. 
A estratégia adotada por ele não foi outra senão a da mentira para agradar os que o questionavam ou procuravam por soluções de problemas. Uma mentira pela manhã, duas, três durante a tarde e outras tantas noite afora. 
Quando a pressão era muita, mandava organizar festanças paradisíacas à noite regadas com o melhor em matéria de comida e bebida. Quando não eram os banquetes eram as viagens para fora do reino e do País. Uma passadinha pela Itália, França, EUA e porque não, Cuba, onde mora outro imperador.
Ele passou então a viver em seu próprio mundo, vendo apenas o que queria ver, ouvindo apenas o que queria ouvir. Começou a acreditar em um estado fictício onde problemas não existiam e tudo, absolutamente tudo, estava bem. 
Chamou então um mago desvairado que andava pelo reino para que ele tentasse plantar a mesma ilusão na mente do povo. E assim foi feito. Dinheiro não era problema, 28 milhões deveriam resolver o problema. E o mago criou propagandas mirabolantes com base nas ilusões psicóticas do imperador.
Contudo, o feitiço não atingiu os plebeus, seus súditos. Nada daquela ilusão penetrou na mente deles, que do lado de fora dos muros do palácio experimentavam a realidade dura, enquanto do lado de dentro, tudo era festa. 

O povo havia se dado conta de ter sido enganado. Todos foram vítimas de uma grande armação, mas não restava outra alternativa a não ser esperar pacientemente pelo dia em que o feitiço se esgotaria e o imperador então voltaria a ser alguém comum. Eles ainda esperam e dizem que muitos chegam a riscar no calendário ansiosamente aguardando a queda do imperador mentiroso. Uma verdade é certa, o tempo não para jamais. 

Um comentário:

  1. Caberia, também, alusão à história de Alice no País das maravilhas.

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