Centro Comunitário do Perpetuo Socorro

Abandonado, Núcleo Educacional é antro de criminosos

Reinaldo Coelho

Da Reportagem

Localizado em ponto nobre da orla de Macapá, em frente à Escola Estadual Deuzuith Cavalcante, o Centro comunitário do Bairro do Perpetuo Socorro sempre foi local de debates dos problemas do bairro, além de atender crianças do ensino infantil como anexo da Escola Municipal Maestro Miguel. O prédio, de propriedade do governo estadual, está sob a responsabilidade da secretaria estadual de Mobilização e Inclusão Social (SIMS), que o pediu em 2012 para reformá-lo. Mas nada foi feito.

De acordo com o batedor de açaí José Silva, o local está abandonado e serve de point para bandidos e usuários de drogas. “Eles bebem e consomem drogas durante a noite, quando entram no prédio e o utilizam também como motel”, denuncia Silva, acrescentando que “já depredaram todas as salas que funcionavam para os alunos da creche. Serraram as grades das janelas, retiraram as telhas e portas e, o que é pior, esses bandidos assaltam os que passam à noite pelo local”.

José relata que os alunos da Escola Delzuith Cavalcante são constantemente assediados pelos traficantes de drogas. “Tem aluno que atravessa a rua e passa a consumir drogas junto com os viciados. As meninas, muitas vezes, são obrigadas a sevícias sexuais, quando não são estupradas”, relata.

Do ponto de vista funcional, a estrutura do prédio é boa, com dois andares, dez salas, área de recreação e um pequeno playground, além da arena esportiva localizada em uma praça ao lado do centro comunitário. No entanto, tudo está em completo abandono, vandalizado e tomado pelo mato.

“A praça e a arena esportiva situada em frente do prédio precisa de melhorias. Os moradores pediram um caminhão de areia lavada para sedimentar a arena esportiva de modo que a comunidade pudesse usá-la aos sábados e domingos, pois quando chove vira uma lagoa”, diz o pequeno empresário.

A situação se tornou tão precária que, com medo de represálias, os transeuntes evitam dar entrevistas. Um jovem morador do local assim resume o drama: “já recorremos à prefeitura, à SIMS, mas eles não deram retorno. Fizemos até uma indicação à Câmara Municipal pedindo a revitalização das quadras, a instalação de uma academia, mas até agora nada”.

Pedidos

Carentes de um local de lazer para as crianças, os moradores denunciam que a praça, a arena esportiva e o centro comunitário, projetados para isso, estão em completo abandono. “Estamos cansados de ver usuários de drogas destruírem o local. Já fomos até eles e pedimos para que parassem de usar drogas no centro, porém nada aconteceu. Recentemente, a polícia deu uma batida e eles desapareceram”.

Uma dona de casa, mãe de três crianças estudantes da escola em frente ao centro, conta que após a batida policial o portão do centro foi fechado com cadeado para evitar futuras invasões. “Até uma equipe de Capoeira passou a usar o local, mas nada funcionou, agora está pior, totalmente destruído. O fedor de fezes é sentido de longe”, conta Nair Pinto.

Para ela, a revitalização do local é imprescindível, pois além dos muitos idosos o entorno da praça fica repleta de crianças. “O local deveria ser adaptado para atender essas pessoas, que precisam de uma pista de atletismo e de uma academia ao ar livre. Não seria difícil fazer essas adaptações, já que a praça está localizada próximo à orla. É uma pena ver esse patrimônio público ser deteriorado pela falta de manutenção”, lamenta.

A reivindicação dos moradores é no sentido de que representantes dos órgãos públicos visitem o local e tomem providências. Além do mato que abriga animais peçonhentos como escorpiões, há caixas d’água abertas que podem ajudar a proliferar o mosquito da dengue.

Outra sugestão é para que o prédio do centro comunitário seja transformado em uma base da Polícia Militar. “Esperamos que esse prédio seja uma base do 6º Batalhão da PM porque ele está servindo apenas como ponto de usuários de drogas, prostituição e vandalismo”, denuncia Nair. Ela lamenta que, em 2014, a base do 6º Batalhão da PM tenha sido transferida do Perpétuo Socorro para o Centro de Macapá.