Régis Sanches
Bisneto do coronel Matheus de Azevedo Coutinho, herdeiro de família
tradicional, o empresário Miraelson Coutinho, de 49 anos, avalia que o
retrocesso econômico gerado pela falta de incentivos do governo Camilo
Capiberibe afugentou os investimentos do Amapá. Para Coutinho, a inércia do
governador criou um ambiente hostil para os negócios, o que, aliado à
insegurança pública, vai provocar um êxodo de empresários e aposentados.
“O governo está inerte, não investe nos setores primário
(agronegócio) e terciário (serviços), além de não conceder incentivos fiscais
para as atividades empresariais”, critica. “Isso criou um ambiente hostil para
os empreendimentos”, pontua. “Para piorar, há uma crise institucional e um clima
de insegurança pública que está deixando a sociedade em pânico”, avalia
Coutinho, que é administrador de empresas, historiador e acadêmico do curso de
Direito.
Para reforçar seus argumentos, Miraelson analisa que o quadro
de instabilidade teve início com a falta de iniciativa do atual governo
estadual. “Os empresários não confiam no governo, que criou vários obstáculos,
entre eles a burocracia estatal”, afirma o empresário, cujo pai, Pedro Ronaldo
Teixeira, o Pedrinho da Capemi, foi o primeiro corretor de seguros do Amapá.
Na esteira das dificuldades, Coutinho aponta os embaraços da
legislação ambiental.“Se formos olhar friamente a política econômica do governo
Camilo Capiberibe, fica a impressão de que o governo é hostil aos
empreendimentos”, enfatiza. Como exemplo, Coutinho cita o fechamento de
inúmeras empresas, entre elas a Coca-Cola.
“As empresas estão fechando as portas e migrando para outros
estados porque o governador é um péssimo negociador”, sustenta.“Penso que é a
primeira vez que a Coca-Cola desativa uma unidade industrial no país”, frisa
Miraelson, acrescentando que “o comércio só não foi afetado porque as pessoas
precisam comer e vestir diariamente”.
Miraelson resume o que ele chama de “caos conjuntural”.
“Vivemos uma conjuntura de incertezas, numa economia com apenas dois alicerces:
o comércio e o contracheque do funcionalismo federal, estadual e municipal”,
acentua o empresário.
Ele conclui que a consequência de uma política econômica
enviesada com o desemprego em ascensão não poderia ser outra: o êxodo sem
precedentes de aposentados e empresários nocauteados pelas incertezas do atual
governo.
Na contramão
Mesmo com a maré contrária, a família de Miraelson vai
tocando um dos empreendimentos mais promissores da capital: o Acqua Park Club,
localizado no bairro Goiabal, ao lado do Residencial Platon, na zona norte.
“Estamos investindo em um complexo de lazer para que os
amapaenses tenham mais uma opção de entretenimento”, afirma. Projetado com seis
piscinas, quadras poliesportivas, campo de futebol e vários equipamentos
voltados para o lazer, a previsão é de que o Acqua Park Club seja inaugurado em
2015.
Raízes do caos
conjuntural
Um cenário de dor e frustração. Assim Miraelson Coutinho
define o quadro da saúde pública no Amapá. Para ele, o Hospital de Emergência
(HE) é o carro-chefe de um serviço público que deveria, segundo ele, “ser mais
humano”.
No seu entendimento o tratamento desumano dispensado pelo
Estado aos doentes é resultado da miopia do governo Camilo Capiberibe. “Nada
funciona nos hospitais, nem mesmo um simples equipamento de raio X, não há
remédios e as pessoas ficam amontoadas pelos corredores. Do jeito que está o
paciente entra doente e sai em óbito”, afirma.
Na raiz do problema, o empresário aponta a queda na qualidade
da educação pública. “O estrago começa pela péssima educação pública, com
colégios desestruturados, professores desmotivados e um calendário escolar
bagunçado”, pontua.
Ao mesmo tempo em que o governo estadual aposta no caos,
Miraelson entende que a bancada federal também contribui para acentuar a crise.
“Não vejo nenhum deputado federal amapaense manifestar-se sobre a crise. Eles
passam a impressão de que não existem, são verdadeiros alienígenas em
Brasília”, conclui.
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