sexta-feira, 23 de maio de 2014

“Inércia do governador afugenta investimentos”, diz empresário

Régis Sanches



Bisneto do coronel Matheus de Azevedo Coutinho, herdeiro de família tradicional, o empresário Miraelson Coutinho, de 49 anos, avalia que o retrocesso econômico gerado pela falta de incentivos do governo Camilo Capiberibe afugentou os investimentos do Amapá. Para Coutinho, a inércia do governador criou um ambiente hostil para os negócios, o que, aliado à insegurança pública, vai provocar um êxodo de empresários e aposentados.
“O governo está inerte, não investe nos setores primário (agronegócio) e terciário (serviços), além de não conceder incentivos fiscais para as atividades empresariais”, critica. “Isso criou um ambiente hostil para os empreendimentos”, pontua. “Para piorar, há uma crise institucional e um clima de insegurança pública que está deixando a sociedade em pânico”, avalia Coutinho, que é administrador de empresas, historiador e acadêmico do curso de Direito.
Para reforçar seus argumentos, Miraelson analisa que o quadro de instabilidade teve início com a falta de iniciativa do atual governo estadual. “Os empresários não confiam no governo, que criou vários obstáculos, entre eles a burocracia estatal”, afirma o empresário, cujo pai, Pedro Ronaldo Teixeira, o Pedrinho da Capemi, foi o primeiro corretor de seguros do Amapá.
Na esteira das dificuldades, Coutinho aponta os embaraços da legislação ambiental.“Se formos olhar friamente a política econômica do governo Camilo Capiberibe, fica a impressão de que o governo é hostil aos empreendimentos”, enfatiza. Como exemplo, Coutinho cita o fechamento de inúmeras empresas, entre elas a Coca-Cola.
“As empresas estão fechando as portas e migrando para outros estados porque o governador é um péssimo negociador”, sustenta.“Penso que é a primeira vez que a Coca-Cola desativa uma unidade industrial no país”, frisa Miraelson, acrescentando que “o comércio só não foi afetado porque as pessoas precisam comer e vestir diariamente”.
Miraelson resume o que ele chama de “caos conjuntural”. “Vivemos uma conjuntura de incertezas, numa economia com apenas dois alicerces: o comércio e o contracheque do funcionalismo federal, estadual e municipal”, acentua o empresário.
Ele conclui que a consequência de uma política econômica enviesada com o desemprego em ascensão não poderia ser outra: o êxodo sem precedentes de aposentados e empresários nocauteados pelas incertezas do atual governo.
Na contramão
Mesmo com a maré contrária, a família de Miraelson vai tocando um dos empreendimentos mais promissores da capital: o Acqua Park Club, localizado no bairro Goiabal, ao lado do Residencial Platon, na zona norte.
“Estamos investindo em um complexo de lazer para que os amapaenses tenham mais uma opção de entretenimento”, afirma. Projetado com seis piscinas, quadras poliesportivas, campo de futebol e vários equipamentos voltados para o lazer, a previsão é de que o Acqua Park Club seja inaugurado em 2015.

Raízes do caos conjuntural
Um cenário de dor e frustração. Assim Miraelson Coutinho define o quadro da saúde pública no Amapá. Para ele, o Hospital de Emergência (HE) é o carro-chefe de um serviço público que deveria, segundo ele, “ser mais humano”.
No seu entendimento o tratamento desumano dispensado pelo Estado aos doentes é resultado da miopia do governo Camilo Capiberibe. “Nada funciona nos hospitais, nem mesmo um simples equipamento de raio X, não há remédios e as pessoas ficam amontoadas pelos corredores. Do jeito que está o paciente entra doente e sai em óbito”, afirma.
Na raiz do problema, o empresário aponta a queda na qualidade da educação pública. “O estrago começa pela péssima educação pública, com colégios desestruturados, professores desmotivados e um calendário escolar bagunçado”, pontua.

Ao mesmo tempo em que o governo estadual aposta no caos, Miraelson entende que a bancada federal também contribui para acentuar a crise. “Não vejo nenhum deputado federal amapaense manifestar-se sobre a crise. Eles passam a impressão de que não existem, são verdadeiros alienígenas em Brasília”, conclui.

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