OS MPs ESTÃO ACIMA DO BEM E DO MAL?
Roberto Gato
Da Superintendência
Asseverou NUCCI: “É. Dizer “eu quero fazer sozinho”. Por
quê? Não registrar o que faz? Tenho ouvido dizer de muitas pessoas, tanto
investigados quanto advogados, que contam: “Fiquei sabendo que eu estou sendo investigado”.
Imagine você, ficar sabendo por que um vizinho seu foi ouvido. Aí ele chega pra
você e fala: “Pedro, você está devendo alguma coisa? Aconteceu alguma coisa?”.
“Não, por quê?”. “Porque um promotor me chamou ontem”. Aí você contrata um
advogado amigo seu e ele vai lá à Promotoria e vê se o promotor te mostra o que
ele está fazendo. “Protocolado. Interno. É meu”. Veja, não é inquérito,
portanto não está previsto em lei. Não tem órgão fiscalizador, não tem juiz,
não tem procurador, ninguém acima dele.
(...) Ele faz o que ele quiser. Ele requisita informações a seu respeito,
ou testemunhas. Depois joga uma denúncia. Do nada. Mas cadê a legalidade?! O
Supremo já decidiu: tem procuração, pode acompanhar qualquer inquérito, quanto
mais protocolado na Promotoria. Então vamos jogar o jogo: quer investigar?
Quero. Sozinho? É. Então passa uma lei no Congresso. No mínimo. O ponto é: se o
MP quer investigar, tem de editar uma lei federal dizendo como é que vai ser
essa investigação. Quem fiscaliza, quem
investiga, de que forma, qual procedimento etc. para eu poder entrar com Habeas
Corpus, se necessário. O que está errado, hoje, é o MP fazer tudo sozinho. Eu
deixo isso bem claro porque cada vez que a gente vai para uma discussão vem o
lado emocional. Não estamos vendo o mérito e o demérito da instituição. Estamos
falando de um ponto só: o MP não pode investigar sozinho. Ponto final.”
(Guilherme de Souza Nucci, juiz e um dos maiores doutrinadores atuais – da nova
geração)*
Esse depoimento do magistrado,
vencido, obviamente por uma bela campanha emocional movida pelo MP Brasil
adentro e afora e a massiva adesão do povo ignorante, a PEC 37 foi derrotada no
Congresso. Agora os apoiadores da derrocada da PEC não sabem o monstro que criaram.
Hoje, o MP só falta julgar, pois o resto ele faz e como diz o magistrado Nucci,
sozinho.
Diante deste fato é fácil perceber
certas atrocidades cometidas pelo Ministério Público Estadual, quando promove
Operação Policial irregular, prende pessoas que figuram no rol da testemunha
como suspeito de ser mandante de crime etc., Mas quem pensa que a sensação de
inatingibilidade do Ministério Público do Amapá encerra por ai, se equivoca, e
muito.
Um Relatório de auditoria no
Ministério Público do Estado do Amapá referente ao exercício financeiro de 2011
realizado pelo conselheiro Regildo Wanderley Salomão e os servidores Luiz
Otávio da Rocha Brito, Sandro Roberto da Silva Pereira, José Guilherme Santos
Farias e Nadir Collares Távora revelou que a execução do orçamento do Ministério
Público amapaense apresenta várias irregularidades.
Dentre as muitas apontadas pelos
auditores, insere-se verba extra de R$ 2 milhões lançado de forma errada, pois
foi registrado dentro das verbas duodecimais, ou seja, as verbas do duodécimo
eram de R$ 80.446.011,00 e foi lançado R$ 82.446.011,00. Outro fato ilegal
apontado pelos auditores foi a despesa de R$ 146.387 citada como despesas
estranhas a finalidade do órgão. Entre os pagamentos consta Buquê de 24 flores
ofertado a primeira dama, café da manhã, comemoração na Toca da Onça e por ai
vai a farra com o dinheiro público.
Outra irregularidade e apresentação
de Notas Fiscais sem a descrição do serviço realizado, com apenas a descrição
de serviços hospitalares, ressarcimento indevido de despesa com lentes e óculos.
Pasmem! No Ministério Público faz-se adiantamentos e desses adiantamentos R$ 4
mi não foi feito prestação de contas, além das diárias irregulares. Esses fatos
ocorreram no ano de 2011, mas a prática se repete. Isso são atos que acabam por
obrigar que o Ministério Público se explique perante a sociedade sobre as
atitudes viciadas tomadas naquela Instituição.
Auxilio moradia
Mas a maior aberração do Ministério Público
fica por conta do Auxílio Moradia, já apelidado de auxílio mansão. Só no ano de
2011 oito Procuradores e Promotores do Ministério Público aposentados receberam
R$ 690.246,60. E os 50 Promotores e Procuradores da ativa receberam R$
6.041.144,41, perfazendo um total de R$ 6.731.692,01.
Esse auxílio legal, observado condicionantes
previstos em lei, no Amapá, na maioria dos casos, torna-se uma excrecência e um
assalto aos cofres públicos. Os auditores observam que a Lei orgânica Nacional
e a Estadual concedem direito aos membros MPEA onde não haja residência oficial
condigna, ou seja, a terminologia referindo-se a residência oficial, considera
que todos os membros do MPEA têm direito a uma residência oficial nas comarcas
que atuam, porém, “condigna”, senão, são indenizados mensalmente com o auxílio.
Embora todos os membros do MPE/Ap tenham
residências próprias e CONDIGNAS na
capital, e as utilizem juntamente com seus familiares; o MPE/Ap disponibiliza
residências próprias para seus membros nas comarcas de Santana, Serra do Navio,
Porto Grande e Laranjal do Jari, ainda assim, com exceção dos outros municípios
não contemplados, são indenizados mensalmente, descaracterizando o objetivo do
auxílio-moradia.
Com esse montante embolsado de
forma ilegal pelos Promotores e Procuradores, se fosse investido em casas
populares, no valor de R$ 20 mil, segundo tabela da Caixa Econômica, só em 2011
o MPE/Ap poderia ter construído 340 casas para atender os inúmeros sem tetos do
Amapá. O contraste vergonhoso disso é que enquanto os Promotores e Procuradores
recebem o famigerado e imoral auxílio mansão, as vítimas do incêndio do
Perpétuo Socorro na sua maioria continuam perambulando sem casa para morar,
pois o governo do Estado não paga o aluguel social dessas famílias que custa R$
350. Se os R$ 7,2 mil concedido mensalmente aos Promotores e Procuradores fosse
divido em aluguel social daria para pagar mensalmente 20 aluguéis sociais.
O que fica para a população do
Amapá é que o Órgão que tem a responsabilidade de fiscalizar o fiel cumprimento
da lei tem falhado e feio quando o assunto é a gestão do dinheiro público na
própria Casa. Para esse fato o adágio popular sentencia. Casa de ferreiro,
espeto de pau.
SITUAÇÃO DE MORADORES DE RESSACAS
Elaine Matos, 29 anos, Cabeleireira – Residente na área de ponte da Rua
Raimundo Antônio Machado, Congóis, sua renda mensal não chega a um salário
mínimo mensal. Tem uma filha, menor e está operada.
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Casa dos procuradores e promotores de justiça amapaense
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