João Espíndola Tavares, O delegado Espíndola
"Um grande exemplo de pai, cidadão e ser humano."Elton Tavares (neto)
REINALDO COELHO
Ao receber o material sobre a vida do pioneiro dessa semana, João Espindola Tavares, através do amigo, jornalista e radialista João Lazaro Silva, e ter recebido autorização para publicação do neto do Delegado Espíndola, o também jornalista e blogueiro Elton Tavares, me veio a lembrança particular do meu convívio com esse personagem da segurança publica do então Território Federal do Amapá. Um dos baluartes da policia honesta e fiel à proteção do cidadão de bem e o combate aos criminosos, ele foi amigo e colega de meu pai Raimundo Moura do Nascimento, originado da Guarda Territorial e depois compôs na Policia Civil do Amapá e trabalharam juntos em diversas missões policiais.
Ao escrever essa abertura que homenageia esse grande cidadão que desapareceu, apesar da tristeza do momento, senti-me satisfeito, pois me foi dado relembrar um homem ao qual estava ligado por sólida amizade e profunda admiração. E cuja vida pública deverá ser lembrada sempre com orgulho por todos quantos, como ele, dedicaram a sua existência ao serviço do nosso Amapá e do Brasil.
João Espíndola Tavares, filho de Gracindo Nelson Espíndola e Raimunda Emiliana Espíndola, nasceu em 27 de janeiro de 1927, na Região do Alto Maracá, no Sítio Bom Jesus, uma região de difícil acesso, no município de Mazagão.
Em Mazagão, seu patrimônio era relativamente grande para um interiorano da década de 40. Entre os bens, estavam galpões para a armazenagem de Castanha do Pará, barco com motor de popa e gerador de energia elétrica, que supria a vila de moradores da propriedade.
Família
João Espíndola - que também foi Prefeito de Mazagão - casou com Perolina Penha Tavares. Desse enlace matrimonial nasceram os filhos: José Penha Tavares, Maria Conceição Penha Tavares e Pedro Aurélio Penha Tavares.
João era um visionário doméstico, pois resolveu ir morar na capital, Macapá, para que os filhos tivessem acesso à educação. Já em Macapá, nasceram Maria do Socorro Penha Tavares e Paulo Roberto Penha Tavares.
Com força de vontade e determinação, Espíndola também conseguiu sorver conhecimento e concluiu o segundo grau (hoje ensino médio), no Colégio Comercial do Amapá (CCA), atual Escola Estadual Gabriel de Almeida Café.
Além do sucesso no campo profissional e pessoal, João Espíndola foi um estudioso da filosofia maçônica, e atingiu o ponto alto da nobre ordem, o "Grau 33". Ele foi muito respeitado pelos membros da augusta arte real.
Espíndola, como era conhecido em Macapá, foi delegado, diretor da Penitenciaria Agrícola do Estado (hoje IAPEN), entre tantos outros cargos públicos.
Era um cidadão sincero, íntegro, carinhoso, especial, atencioso, cauteloso, cordial, caloroso, honesto, qualificado, contemporizador e fascinante. Em nota, a Maçonaria divulgou: "Durante sua estada entre nós, sempre foi ativo colaborador e possuidor de um elevado amor fraterno".
Respeitado por todos
Nosso homenageado (in memorian) era sempre procurado por várias pessoas em sua residência, no centro de Macapá, em busca de conselhos. Eram ricos, pobres, brancos, negros, de diferentes posicionamentos políticos e religiosos. Às vezes, ele nem falava nada, só escutava o desabafo daqueles homens, que já saiam do muro das lamentações (apelido dado a uma área ao lado da casa, pelos seus filhos), de alma aliviada.
Golpe de 64
João Espíndola foi um dos amapaenses presos injustamente, durante o golpe militar de 1964, mas provou sua inocência com altivez e retomou sua gloriosa vida.
Pouco antes de seu falecimento, Espíndola vivia um bom momento. Havia criado os filhos com sucesso, tinha uma bela casa, uma família unida e era respeitado no Estado. Ao envelhecer, o pátrio poder deixou de existir, tornou-se um grande amigo de seus filhos.
Em uma ocasião, durante um festejo em sua residência, João agradeceu sua mulher por todos os anos de dedicação. Disse-lhe, em frente a familiares e amigos, que devia muito a ela pelo grande homem que se tornou.
Partida
Delegado Espíndola faleceu no domingo, 7 de janeiro de 1996, por volta das 18h30m, aos 69 anos, vítima de um acidente automobilístico, na zona Sul de Macapá.
Cerca de 500 pessoas foram ao seu funeral, dentre elas, secretários de Governo, políticos, empresários e cidadãos comuns, pois apesar de frequentar a alta roda da sociedade amapaense, Espíndola não tinha comportamento elitista, era amigo de "peões" e "doutores", tratando-os da mesma maneira.
A história deste homem, que foi uma das figuras mais populares do município de Mazagão e da cidade de Macapá, é de uma magnitude e nobreza, que até parece uma obra de ficção. Ele não foi perfeito, mas, com toda certeza, foi um grande exemplo de pai, cidadão e ser humano.
Obrigado pela publicação.
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