“Pessoas educadas e estudadas não
representam tudo, o que importa é o caráter”.
Ivonilde Araújo dos Praseres – Aposentada federal
Adonias Neto
Estagiário
A
editoria de pioneirismo narra a epopeia de Ivonilde Araújo dos Praseres,
nascida em 9 de Janeiro de 1946, em São Miguel do Guamá, município ribeirinho
paraense, localizado próximo a foz do Rio Amazonas. Filha Zacarias Alves de
Araújo (Professor) e Odália Vieira de Araújo (dona de casa).
Nesse
relato a pioneira narra sua história e participação na formação do estado do
Amapá. Trajeto árduo vindo desde os tempos de seus pais. “O meu pai exercia a
carreira de magistério e com a criação do Território Federal do Amapá como
unidade administrativa foi convidado pelo governador nomeado Janary Gentil
Nunes a exercer seu mister no Amapá”.
O gênesis do Amapá
Zacarias
e Odália pisaram pela primeira vez em solo amapaense convidados pelo novo
governo que lhes oferecia oportunidade de emprego e moradia. O casal migrou
para essas terras em 1947, trazendo consigo um bebê de 8 meses de idade, a
pequena Ivonilde, nossa pioneira da semana.
Mesmo
com o genitor empregado e exercendo o magistério no Ginásio de Macapá, o
espirito independente de Ivonilde lhe fazia sentir a necessidade de uma
independência financeira e de principalmente ajudar seus pais na criação dos
irmãos. A oportunidade surgiu em uma fábrica de embutidos e temperos,
localizada na Avenida Rio Vila Nova, bairro do comercio. “Perto do então
Mercado Central tinha uma fábrica que industrializava chouriço, coloral e doce
de banana, de propriedade de seu Alfredo Pereira. Foi lá o meu primeiro emprego
aos 12 anos de idade”.
Consciente
do fato de ganhar pouco, não dava o braço a torcer e sabia que o que recebia
faria uma grande diferença dentre nas despesas familiar. “Ganhava pouco, era
muito trabalho, mas não esmorecia e sempre com vista ao futuro sabia que
subiria mais um degrau na vida”.
E
isso aconteceu logo, pois aos 16 anos de idade a competente pioneira ingressou
na Legião Brasileira de Assistência (LBA), permanecendo ali por 30 anos
(1961-1991). “Com emprego fixo, ainda passava por muitos problemas financeiros,
pois na época meu salário era de apenas CR$ 31 mil (cruzeiros), equivalente à
cerca de R$ 300-350 nos dias atuais”.
Família
Já
empregada na LBA, adolescente e a juventude da época, pela pouca opção de lazer
e as exigências da sociedade machista levava a mulher a namorar, noivar e casar
e Ivonilde cumpriu esse ritual.Casou-se com Edvan Castro dos Praseres, na
década de 70.
Porém
o casamento não foi um mar de rosas, pois o cônjuge não conseguia um emprego
fixo e as despesas corriam à custa de Ivonilde. Dessa união nasceram três
lindas meninas que foram o objetivo de vida dessa mulher forte e trabalhadora.
A
dedicação de Ivonilde as suas atividades profissionais angariaram a amizade de
chefes e colegas dentro da LBA, que lhe possibilitou o crescimento dentro da
instituição social. “Fui sendo promovida dentro da LBA exerceu a função de
atendente médica, depois passou a ser agente administrativo e por fim cheguei à
Técnico de Contabilidade, função que me aposentei”.
A batalha continua
Entretanto,
a aposentadoria precoce aos 46 anos de idade, não trouxe para Ivonilde o
comodismo e ela queria continuar batalhando; resolveu em 1993 investir na
carreira paterna, o magistério. “Assinei contrato administrativo com o Governo
do Estado e passou a lecionar como professora de Técnicas Comerciais”.
Contudo,
o emprego era instável e submeteu-se ao concurso publico em 1994 e saiu
vitoriosa“ Fiquei muito emocionada pois estava seguindo os passos de meu pai,
um dos primeiros professores territorial, Professor Zacarias Alves de Araújo”.
Ivonilde
continua lecionando de 1ª a 4ª série na área de língua portuguesa na Escola
Estadual Padre Ângelo Biraghie e obteve sucesso na formação de muitos
amapaenses. “Hoje devido aos problemas de saúde vindo de exercício de
atividades físicas em tenra estou atuando nas atividades Técnico Pedagógicos da
escola”.
Uma exemplo
Mesmo
no auge de sua vida profissional, Ivonilde Araújo dos Praseres nunca parou de
trabalhar e continua vencendo todas as barreiras pela sobrevivência diária. “O
mundo não é para fracos”, diz a professora. Tem três filhas adultas que foram
educadas dentro das “regras do bem viver”, assim como a mãe.
Uma análise
Por
ser uma pessoa instruída, a pioneira Ivonilde sempre teve teorias e opiniões a
respeito da administração do Estado. “Não quero citar nomes; não julgo
apontando pra uma ou duas pessoas. A problemática é generalizada por equipes
mal estruturadas que estão no poder. Isto não é novidade; administração pública
de verdade era a de antigamente, apesar de não ter influenciado diretamente na
minha vida”, e acrescenta mais, “no meu tempo existiam muitas micro empresas que
ajudavam na gestão dos trabalhadores, porém de um tempo pra cá, as mesmas estão
extinguindo-se uma por uma”.
Educação
é seu ponto forte, sua área de trabalho, sua linha de experiência e por este
motivo não concorda com o tipo de pessoas que estão sendo formadas. “Pessoas
educadas e estudadas não representam tudo, o que importa é o caráter”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário