sexta-feira, 25 de julho de 2014

Pioneirismo





“Pessoas educadas e estudadas não representam tudo, o que importa é o caráter”. 

 Ivonilde Araújo dos Praseres – Aposentada federal

Adonias Neto
Estagiário

A editoria de pioneirismo narra a epopeia de Ivonilde Araújo dos Praseres, nascida em 9 de Janeiro de 1946, em São Miguel do Guamá, município ribeirinho paraense, localizado próximo a foz do Rio Amazonas. Filha Zacarias Alves de Araújo (Professor) e Odália Vieira de Araújo (dona de casa).
Nesse relato a pioneira narra sua história e participação na formação do estado do Amapá. Trajeto árduo vindo desde os tempos de seus pais. “O meu pai exercia a carreira de magistério e com a criação do Território Federal do Amapá como unidade administrativa foi convidado pelo governador nomeado Janary Gentil Nunes a exercer seu mister no Amapá”.

O gênesis do Amapá

Zacarias e Odália pisaram pela primeira vez em solo amapaense convidados pelo novo governo que lhes oferecia oportunidade de emprego e moradia. O casal migrou para essas terras em 1947, trazendo consigo um bebê de 8 meses de idade, a pequena Ivonilde, nossa pioneira da semana.
Mesmo com o genitor empregado e exercendo o magistério no Ginásio de Macapá, o espirito independente de Ivonilde lhe fazia sentir a necessidade de uma independência financeira e de principalmente ajudar seus pais na criação dos irmãos. A oportunidade surgiu em uma fábrica de embutidos e temperos, localizada na Avenida Rio Vila Nova, bairro do comercio. “Perto do então Mercado Central tinha uma fábrica que industrializava chouriço, coloral e doce de banana, de propriedade de seu Alfredo Pereira. Foi lá o meu primeiro emprego aos 12 anos de idade”.

Consciente do fato de ganhar pouco, não dava o braço a torcer e sabia que o que recebia faria uma grande diferença dentre nas despesas familiar. “Ganhava pouco, era muito trabalho, mas não esmorecia e sempre com vista ao futuro sabia que subiria mais um degrau na vida”.

E isso aconteceu logo, pois aos 16 anos de idade a competente pioneira ingressou na Legião Brasileira de Assistência (LBA), permanecendo ali por 30 anos (1961-1991). “Com emprego fixo, ainda passava por muitos problemas financeiros, pois na época meu salário era de apenas CR$ 31 mil (cruzeiros), equivalente à cerca de R$ 300-350 nos dias atuais”.

Família
Já empregada na LBA, adolescente e a juventude da época, pela pouca opção de lazer e as exigências da sociedade machista levava a mulher a namorar, noivar e casar e Ivonilde cumpriu esse ritual.Casou-se com Edvan Castro dos Praseres, na década de 70.
Porém o casamento não foi um mar de rosas, pois o cônjuge não conseguia um emprego fixo e as despesas corriam à custa de Ivonilde. Dessa união nasceram três lindas meninas que foram o objetivo de vida dessa mulher forte e trabalhadora.
A dedicação de Ivonilde as suas atividades profissionais angariaram a amizade de chefes e colegas dentro da LBA, que lhe possibilitou o crescimento dentro da instituição social. “Fui sendo promovida dentro da LBA exerceu a função de atendente médica, depois passou a ser agente administrativo e por fim cheguei à Técnico de Contabilidade, função que me aposentei”.

A batalha continua
Entretanto, a aposentadoria precoce aos 46 anos de idade, não trouxe para Ivonilde o comodismo e ela queria continuar batalhando; resolveu em 1993 investir na carreira paterna, o magistério. “Assinei contrato administrativo com o Governo do Estado e passou a lecionar como professora de Técnicas Comerciais”.

Contudo, o emprego era instável e submeteu-se ao concurso publico em 1994 e saiu vitoriosa“ Fiquei muito emocionada pois estava seguindo os passos de meu pai, um dos primeiros professores territorial, Professor Zacarias Alves de Araújo”.

Ivonilde continua lecionando de 1ª a 4ª série na área de língua portuguesa na Escola Estadual Padre Ângelo Biraghie e obteve sucesso na formação de muitos amapaenses. “Hoje devido aos problemas de saúde vindo de exercício de atividades físicas em tenra estou atuando nas atividades Técnico Pedagógicos da escola”.
Uma exemplo
Mesmo no auge de sua vida profissional, Ivonilde Araújo dos Praseres nunca parou de trabalhar e continua vencendo todas as barreiras pela sobrevivência diária. “O mundo não é para fracos”, diz a professora. Tem três filhas adultas que foram educadas dentro das “regras do bem viver”, assim como a mãe.

Uma análise
Por ser uma pessoa instruída, a pioneira Ivonilde sempre teve teorias e opiniões a respeito da administração do Estado. “Não quero citar nomes; não julgo apontando pra uma ou duas pessoas. A problemática é generalizada por equipes mal estruturadas que estão no poder. Isto não é novidade; administração pública de verdade era a de antigamente, apesar de não ter influenciado diretamente na minha vida”, e acrescenta mais, “no meu tempo existiam muitas micro empresas que ajudavam na gestão dos trabalhadores, porém de um tempo pra cá, as mesmas estão extinguindo-se uma por uma”.

Educação é seu ponto forte, sua área de trabalho, sua linha de experiência e por este motivo não concorda com o tipo de pessoas que estão sendo formadas. “Pessoas educadas e estudadas não representam tudo, o que importa é o caráter”.

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