sexta-feira, 1 de agosto de 2014

DENÚNCIA





Isso é uma vergonha!
Escola de arte em cinco anos teve três endereços

Reinaldo Coelho
Da Redação






1ª Sede da Escola de Arte Candido Portinari











3ª Sede da Escola de Arte Candido Portinari
2ª Sede da Escola de Arte Candido Portinari
O Centro de Educação Profissional Cândido Portinari, a antiga Escola de Artes Visuais Candido Portinari, não realizou uma grande festa artística para comemorar seus 41 anos de criação, no último dia 20 de junho, pois não tem nada a comemorar. Reduto de grandes nomes das artes visuais amapaense, está há cinco anos com sua sede abandonada, se acabando. Localizado no centro da cidade, sua estrutura padece com a ação do tempo e de vândalos que quebraram as vidraças e estão roubando os equipamentos de refrigeração e outros utensílios, mesmo com segurança privada, percebe-se o fedor de urina e papelotes de drogas no seu entorno. 

O fechamento do local se deu devido à determinação da Defesa Civil que constatou que o imóvel não tinha condições estruturais para continuar funcionando, pois apresentava falhas elétricas e hidráulicas. A escola foi provisoriamente transferida para a Avenida Acelino de Leão, no bairro Trem, Zona Sul de Macapá, onde era pago um aluguel de R$ 25 mil/mês.  Nessa locação já foram gastos mais R$ 1 milhão, dinheiro suficiente para a construção e/ou reforma da sede da escola.

Em 2013, o proprietário do prédio onde funcionava a escola no bairro Trem entrou com ação de despejo, pois a Secretaria de Estado da Educação (SEED) enfrentou problemas em efetuar pagamentos dos meses dos alugueis em atraso. A pendência foi resolvida somente com acordo na Justiça. No inicio de 2014, o proprietário comunicou que não havia mais interesse em alugar o prédio.
Com essa situação, mais uma vez a escola foi remanejada para outro bairro e outro prédio alugado. Desde segunda-feira (28), a instituição está funcionando na Avenida Cônego Domingos Maltês, no bairro Buritizal, Zona Sul de Macapá.

Transtornos e desistências

Essa insegurança levou a única escola profissional de artes visuais do Amapá a perder alunos, pois as constantes mudanças e cada vez mais distantes e acondicionadas em locais que não proporcionam a execução da aprendizagem adequada fizeram a demanda cair.
Uma escola planejada e estruturada para atender exclusivamente atividades de artes visuais, caso da sede própria e logo ter de ser adaptada em prédios comerciais, com número de salas insuficiente e menores, está afastando a clientela. 

De acordo com a diretora da escola, de 1,5 mil alunos iniciais, só restaram 700. “Esse prédio não foi feito para funcionar uma escola, tivemos que fazer adaptações. O custo mensal com ar-condicionado, cadeiras e limpeza são grandes. Nosso recurso é muito pouco”.
A diretora, que está há dois anos no cargo, afirma que a Portinari entrará num momento crucial de sua história. “Pela primeira vez teremos cursos técnicos. É destinado para alunos que saíram do ensino fundamental, mas pode ser feito por adultos. São dois anos de curso, e já está quase tudo certo”.

A escola atende pessoas de baixa renda que se identificam com a pintura. Todos os cursos são gratuitos. Para o início do segundo semestre, a instituição vai oferecer novas matrículas para crianças de 9 a 12 anos, no curso de iniciação artística. Também serão ofertadas oportunidades nos cursos de ilustrador e agente cultural, pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). As rematrículas iniciam no dia 1º de agosto, com aulas previstas para começar no dia 20 do mesmo mês.
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Um sonho sendo destruído
A instituição Candido Portinari foi fundada há 41 anos, sendo sonhada e idealizada pelo artista plástico R. Peixe e mantida pelo governo estadual. De lá pra cá, pouco ou nada se fez para recuperar um dos principais monumentos históricos do Estado. O Ministério Público do Amapá, por meio da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (Prodemac) chegou a recomendar a realização de uma audiência pública em 2010 para decidir sobre a restauração ou demolição da estrutura projetada pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas, que também é autor de projetos arquitetônicos originais da Seinf, Polícia Militar e Escola Tiradentes.
O artista plástico amapaense, professor de artes e carnavalesco, Raimundo Braga de Almeida, mais conhecido como R. Peixe nasceu em São Caetano de Odivelas, região do Salgado (PA) veio para o Amapá e se revelou brilhante artista impressionista e abstracionista. Retratou paisagens de Macapá e de pessoas ilustres. Cursou a Escola Nacional de Belas Artes até o quarto ano e sempre dizia que não se arrependia de não ter concluído o curso.
Para repassar o que aprendeu e o dom com que nasceu, fundou a Escola de Artes Candido Portinari, atuando como diretor e professor. Ele mantinha a escola, inicialmente, contando com uma pequena ajuda do Governo do Território do Amapá. Depois, a escola foi encampada pelo Governo do Estado e permaneceu rendendo bons frutos.
Hoje, infelizmente a situação é a pior possível.



Mais uma promessa
Maquete da reforma e revitalização da Escola de Arte

A escola de artes funcionava em prédio próprio localizado na Rua Cândido Mendes, no Centro de Macapá, mas foi retirada do local após a Defesa Civil apontar precariedades na estrutura do prédio. Na época, a instituição ficou sem exercer as atividades por 6 meses. A escola foi fundada em 1963 e tinha mais de mil alunos matriculados. Hoje, recebe no máximo quinhentos alunos.

A Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinf) informou que a licitação para a reforma do prédio da escola no Centro de Macapá foi concluída e a empresa vencedora iniciará os trabalhos a partir da segunda quinzena de agosto. O projeto de reforma mantém o formato tradicional do prédio da instituição, com a inclusão de uma área de convivências e um elevador para cadeirantes.
 
A Seinf, por meio da Coordenadoria de Planejamento de Estudos e Projetos (Coplan) e do Núcleo de Planejamento e Projetos (NPP), elaborou o projeto ouvindo os anseios de professores e alunos da Cândido Portinari.

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