Isso é
uma vergonha!
Escola de
arte em cinco anos teve três endereços
Reinaldo Coelho
Da Redação
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1ª Sede da Escola de Arte Candido Portinari |
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3ª Sede da Escola de Arte Candido Portinari |
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2ª Sede da Escola de Arte Candido Portinari |
O Centro de Educação Profissional Cândido Portinari,
a antiga Escola de Artes Visuais Candido Portinari, não realizou uma grande
festa artística para comemorar seus 41 anos de criação, no último dia 20 de
junho, pois não tem nada a comemorar. Reduto de grandes nomes das artes visuais
amapaense, está há cinco anos com sua sede abandonada, se acabando. Localizado
no centro da cidade, sua estrutura padece com a ação do tempo e de vândalos que
quebraram as vidraças e estão roubando os equipamentos de refrigeração e outros
utensílios, mesmo com segurança privada, percebe-se o fedor de urina e
papelotes de drogas no seu entorno.
O fechamento do local se deu devido à determinação
da Defesa Civil que constatou que o imóvel não tinha condições estruturais para
continuar funcionando, pois apresentava falhas elétricas e hidráulicas. A
escola foi provisoriamente transferida para a Avenida Acelino de Leão, no
bairro Trem, Zona Sul de Macapá, onde era pago um aluguel de R$ 25 mil/mês.
Nessa locação
já foram gastos mais R$ 1 milhão, dinheiro suficiente para a construção e/ou
reforma da sede da escola.
Em 2013, o proprietário do prédio onde funcionava a
escola no bairro Trem entrou com ação de despejo, pois a Secretaria de Estado
da Educação (SEED) enfrentou problemas em efetuar pagamentos dos meses dos
alugueis em atraso. A pendência foi resolvida somente com acordo na Justiça. No
inicio de 2014, o proprietário comunicou que não havia mais interesse em alugar
o prédio.
Com essa situação, mais uma vez a escola foi
remanejada para outro bairro e outro prédio alugado. Desde segunda-feira (28), a instituição está
funcionando na Avenida Cônego Domingos Maltês, no bairro Buritizal, Zona Sul de
Macapá.
Transtornos
e desistências
Essa insegurança levou a única escola profissional
de artes visuais do Amapá a perder alunos, pois as constantes mudanças e cada
vez mais distantes e acondicionadas em locais que não proporcionam a execução
da aprendizagem adequada fizeram a demanda cair.
Uma escola planejada e estruturada para atender
exclusivamente atividades de artes visuais, caso da sede própria e logo ter de
ser adaptada em prédios comerciais, com número de salas insuficiente e menores,
está afastando a clientela.
De acordo com a diretora da escola, de 1,5 mil alunos
iniciais, só restaram 700. “Esse prédio não foi feito para funcionar uma
escola, tivemos que fazer adaptações. O custo mensal com ar-condicionado,
cadeiras e limpeza são grandes. Nosso recurso é muito pouco”.
A diretora, que está há dois anos no cargo, afirma
que a Portinari entrará num momento crucial de sua história. “Pela primeira vez
teremos cursos técnicos. É destinado para alunos que saíram do ensino
fundamental, mas pode ser feito por adultos. São dois anos de curso, e já está
quase tudo certo”.
A escola atende pessoas de baixa renda que se
identificam com a pintura. Todos os cursos são gratuitos. Para o início do
segundo semestre, a instituição vai oferecer novas matrículas para crianças de
9 a 12 anos, no curso de iniciação artística. Também serão ofertadas
oportunidades nos cursos de ilustrador e agente cultural, pelo Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). As rematrículas
iniciam no dia 1º de agosto, com aulas previstas para começar no dia 20 do
mesmo mês.
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Um sonho sendo
destruído
A instituição Candido Portinari foi fundada há 41
anos, sendo sonhada e idealizada pelo artista plástico R. Peixe e mantida pelo
governo estadual. De lá pra cá, pouco ou nada se fez para recuperar um dos
principais monumentos históricos do Estado. O Ministério Público do Amapá, por
meio da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo
(Prodemac) chegou a recomendar a realização de uma audiência pública em 2010
para decidir sobre a restauração ou demolição da estrutura projetada pelo
arquiteto João Batista Vilanova Artigas, que também é autor de projetos
arquitetônicos originais da Seinf, Polícia Militar e Escola Tiradentes.
O artista plástico amapaense, professor de artes e
carnavalesco, Raimundo Braga de Almeida, mais conhecido como R. Peixe nasceu em
São Caetano de Odivelas, região do Salgado (PA) veio para o Amapá e se revelou
brilhante artista impressionista e abstracionista. Retratou paisagens de Macapá
e de pessoas ilustres. Cursou a Escola Nacional de Belas Artes até o quarto ano
e sempre dizia que não se arrependia de não ter concluído o curso.
Para repassar o que aprendeu e o dom com que nasceu,
fundou a Escola de Artes Candido Portinari, atuando como diretor e professor.
Ele mantinha a escola, inicialmente, contando com uma pequena ajuda do Governo
do Território do Amapá. Depois, a escola foi encampada pelo Governo do Estado e
permaneceu rendendo bons frutos.
Hoje, infelizmente a situação é a pior possível.
Mais uma promessa
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Maquete da reforma e revitalização da Escola de Arte |
A escola de artes funcionava em prédio próprio
localizado na Rua Cândido Mendes, no Centro de Macapá, mas foi retirada do
local após a Defesa Civil apontar precariedades na estrutura do prédio. Na
época, a instituição ficou sem exercer as atividades por 6 meses. A escola foi
fundada em 1963 e tinha mais de mil alunos matriculados. Hoje, recebe no máximo
quinhentos alunos.
A Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinf)
informou que a licitação para a reforma do prédio da escola no Centro de Macapá
foi concluída e a empresa vencedora iniciará os trabalhos a partir da segunda
quinzena de agosto. O projeto de reforma mantém o formato tradicional do prédio
da instituição, com a inclusão de uma área de convivências e um elevador para
cadeirantes.
A Seinf, por meio da Coordenadoria de Planejamento
de Estudos e Projetos (Coplan) e do Núcleo de Planejamento e Projetos (NPP),
elaborou o projeto ouvindo os anseios de professores e alunos da Cândido
Portinari.
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