sexta-feira, 1 de agosto de 2014







Os conflitos no Amapá
Autor: José Alberto Tostes

          Este texto tem a finalidade de contribuir para um debate importante, porque os níveis de conflitos no estado do Amapá são tão elevados? Muito foi dito sobre a natureza dos problemas estruturais do Amapá, dificuldades conhecidas, porém, quando se fala da integração parece algo distante e diferenciado para todos. Nos últimos dez anos, a UNIFAP produziu um bom número de trabalhos acadêmicos e científicos sobre o estado do Amapá, portanto, tem um diagnóstico bem definido sobre as questões estruturais e as metas a serem superadas.

         O que falta? Para alguns mais céticos, segue o chavão popular: “não há vontade política”, esta frase comum, é bem mais profunda, reflete o estágio secundário na qual tratamos as relações institucionais no Amapá, bem como as relações interpessoais. Poderíamos enumerar um conjunto de causas e efeitos que definem bem a situação, entretanto, é preciso pensar mais adiante, e verificar que as questões institucionais desde a época do Território Federal do Amapá, que apesar de federal, eram com base nas relações de compadrio e das relações políticas umbilicais.

           Quase sempre, as coisas ocorrem no Amapá mais por interesses particulares de grupos, do que propriamente pelos esforços coletivos. Acompanho aos domingos os jornais impressos e também ouço mais rádio do que vejo televisão, todo o conjunto de noticias produzidas pelos meios de comunicação (rádio, jornal e televisão) estão baseadas no sentimento negativo, geralmente são conflitos, contradições, denúncias, esquemas, articulações políticas, operações de todo tipo, crimes, desastres, etc. Há uma infinidade de coisas que presenciamos todos os dias que desanimam.

            Será que no estado do Amapá existem forças ocultas, tais forças estão voltadas para uma corrente que só leva ao atraso, ultimamente estes fatos têm gerado índices de agressão de autoridades, os limites vêm sendo ultrapassados literalmente, quando algo é bom não é considerado noticia de impacto, que gera IBOPE, dá audiência e alimenta raiva, ódio e rancores de todos os tipos de cores.

        No estado do Amapá houve época em que o cidadão não podia colocar uma camisa amarela, vermelha ou azul, estava rotulado e vinculado com algum grupo político, no Amapá, tudo é tão diferente que já houve governo paralelo, em breve, terá algum tipo de governo invisível. Contra tudo, os números comprovam através do IBGE, Ministério das Cidades, Caixa Econômica, PNUD, PNAD, FIRJAN, FIMBRA entre tantos outros, as imensas dificuldades do estado do Amapá. Um estado pobre e dependente dos Fundos de Participação dos Estados, possui municípios paupérrimos, os indicadores de desenvolvimento municipal de nossos municípios são pífios.

           No estado do Amapá, prefeitos eleitos em diversos municípios raramente se encontram no próprio município. Existe um sentimento imenso de descrença institucional contaminante, caso o cidadão não seja forte nas suas convicções. Estudos recentes evidenciam que os níveis de adrenalina existente nas relações conflituosas são extremas e preocupantes. Diante de tal situação, qual seria a alternativa para gradualmente ir modificando comportamentos e atitudes tão extremas.

            Um dos fatores para serem equacionados para o futuro é o fortalecimento na base da educação, investimento em inteligência, melhorar os níveis de representação, não há dúvida de que um dos fatores que irão mudar as relações no Amapá serão os investimentos estruturais e estruturantes possibilitando maiores aportes de recursos da iniciativa privada com instalações de indústrias, enquanto a dependência do setor público não for reduzida, não há dúvida de que as relações serão mais conflituosas.

             O Amapá é hoje um estado fragilizado e com relações frágeis, o resultado visto em vários indicadores, atinge a própria máquina do governo do estado, bem como os municípios sem as mínimas condições de sobrevivência. Quantas obras foram paralisadas no estado do Amapá em décadas? Porto, Aeroporto e Ferrovia. Precisamos ver para crer, o futuro nos mostra que o problema não está resumido a quem é o Salvador Pátria, mas sim, o quer a sociedade.


        Qual a vocação do Amapá? Uma coisa é certa, até hoje, não vislumbramos de forma institucional para onde vamos caminhar. A questão do momento é sobre as pesquisas sobre o Petróleo na costa do Amapá, enquanto os políticos do estado do Amapá ficam brigando de forma doméstica, os demais estados da federação levam vantagens quanto aos interesses de cada um no futuro. E você? Sabe qual a vocação do Amapá? Por enquanto, sempre conhecemos os conflitos.

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