sexta-feira, 19 de setembro de 2014

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Pesquisas eleitorais ganham eleições?





         



            Nada é mais assustador para o candidato que busca um mandato eletivo, ou para aquele político que é detentor de cargo e que deseja se manter no poder, quando se confronta com os resultados das pesquisas eleitorais. Considerando a margem de erro e as ressalvas costumeiras, parece que tudo continua como antes. Mas não é bem assim. Devagar com o andor.
            Se as pesquisas fossem irrelevantes para auxiliar – ou influenciar – a decisão do eleitor, faria muito pouco sentido divulgá-las. Se esses números não atraem a atenção de grande parte do eleitorado, por que eles estampam manchetes de jornais e ganham destaque na imprensa e nas redes sociais?
            As pesquisas eleitorais erram pouco e são instrumentos importantes de balizamento de candidatos e eleitores, nada havendo que prove sua influência na decisão do voto e que justifique proibir sua divulgação, mesmo às vésperas de eleições. Pelo contrário, elas são um instrumento importante para orientar o eleitor, na medida em que, explicitamente, refletem a opinião e a imagem que a sociedade tem sobre os candidatos, bem como a aceitação de seus planos de governo ou o julgamento de seus defeitos e suas virtudes.
            É fundamental, porém, deixar bastante claro que a pesquisa é uma espécie de urna fotográfica, uma radiografia do momento, e revela tendências, não resultados. O quadro político é dinâmico, e as preferências do eleitorado podem sofrer alterações radicais ao longo do tempo.
            “Se eu quero comprar peixe, eu vou à peixaria; se eu quero comprar pesquisa, eu vou ao Ibope”. A frase é de autoria do senador Roberto Requião, do estado do Paraná, que, em 2002, quando as sondagens o colocavam fora do segundo turno, e foi citada por ele em três ocasiões. Hoje, quando se fala em pesquisa no meio político, difícil é não lembrar do tal instituto, e todos esperam ansiosamente a liberação da pesquisa.
            Estes institutos não fazem pesquisa somente em época de eleições. Ao contrário do que muitos pensam, eles passam o tempo todo fazendo pesquisas por amostragem para grandes empresas. Se esse método não desse certo, ninguém gastaria dinheiro com elas. A diferença é que no período eleitoral as pessoas ficam sabendo das pesquisas, já que a divulgação de seus resultados interessa a grande parte da população. É justamente nessa época que as empresas que fazem pesquisa não podem cometer falhas, pois haverá uma confrontação dos resultados encontrados com os números divulgados após a apuração dos votos.
            O Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais Eleitorais estão sempre atentos às pesquisas realizadas por esses institutos e a divulgação só é permitida após observarem a metodologia da pesquisa, já que trata-se de uma pesquisa amostral, sendo preciso analisar os números com muito critério e cuidado.
            Há muitas pessoas que se utilizam das pesquisas eleitorais para escolher os candidatos que estão na frente. Não querem perder o voto em candidaturas sem chance de vitória. Isto distorce a qualidade das eleições. Muitas vezes estes eleitores até reconhecem melhores qualidades em outros postulantes aos cargos públicos em disputa, mas acabam optando por nomes já tradicionais e que, conforme apontam as pesquisas, devem vencer as eleições. É o chamado voto útil. Isto torna a eleição desigual, já que a virtude é deixada de lado, e o poder econômico dos candidatos diante da necessidade dos eleitores continua fazendo a diferença.
            As pesquisas deveriam ser percebidas apenas como um indicativo de tendências, um termômetro que mostra a temperatura eleitoral, demonstrando as preferências dominantes num certo contexto (tempo/espaço). A princípio, é esta a intenção dos institutos e órgãos noticiosos responsáveis por estes levantamentos. Mas a forma como se divulgam as pesquisas, apregoadas pelos quatro cantos e por diferentes mídias, a anunciar vitórias e derrotas antes mesmo da realização do voto, mais do que orientar, acabam sugestionando a ação de muitos eleitores, especialmente daqueles considerados massa de manobra, menos esclarecidos ou sem informação.
            Temos que por a mão na consciência! O voto deve ser livre, sempre isento de qualquer influência. Sua vontade e responsabilidade devem prevalecer. Queremos bons candidatos, mas também devemos ser bons eleitores. Acompanhe os debates, a propaganda eleitoral, avalie as promessas de quem quer se eleger e a trajetória política daqueles que tentam a reeleição, pensando sempre no bem-estar da maioria.
            O eleitor deve lembrar que o dinheiro utilizado pelos políticos é do povo e qualquer benefício recebido representa, tão somente, uma forma de administrar o dinheiro público. O dinheiro não é deles! Não se deixe levar por vantagens pessoais, que sempre representam, na verdade, benefícios maiores para quem lhe ofereceu tais ganhos. O voto é um exercício de cidadania que deve ser praticado com sabedoria. Portanto, é preciso compreender a responsabilidade e o compromisso que você, como cidadão, tem pela frente. As eleições definem os rumos das nossas vidas pelos próximos quatro anos, e o tempo não volta jamais.



            Adrimauro Gemaque (adrimaurosg@gmail)















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