Os palhaços e a política
As eleições se
avizinham e a campanha eleitoral já vai tomando tons de despedida. Durante
algumas semanas pôde-se ver e ouvir de tudo. Gente que sorria, outros mais
sisudos, alguns que falavam rápido, outros mais lentamente. Propostas mais do
mesmo e outras mirabolantes. Mas o que o eleitor gosta mesmo com toda certeza é
de candidato caricata, aqueles que se travestem de um personagem para tornar a
coisa mais descontraída e audível.
Engana-se, no entanto,
quem pensa que aquilo é só graça. A estratégia deu muito certo nas eleições
passadas como ficou provado com o então candidato Francisco Everardo Oliveira
Silva. Muita gente ainda não deve associar o nome à pessoa, mas quando se fala
em Tiririca, aí sim, todos sabem quem é. Este senhor teve nada menos que 1,35
milhão de votos. O quantitativo lhe rendeu o rótulo de o deputado federal mais
votado do País em 2010. Foi tanto voto que ele “arrastou” mais dois nomes com
ele.
Tiririca foi um sucesso
de marketing para o PR. Ele custa nada menos que R$ 805 mil, mas rende a
bagatela de R$ 15 milhões em verbas partidárias. Nada mal para uma sigla nanica
que tem no humorista sua “galinha dos ovos de ouro”.
Por outro lado há quem
torça o nariz para os chamados “palhaços da política” e essa é uma rejeição
nacional. A corrente defende que humor e política não se misturam e que
discurso bom é aquele sisudo mesmo assistido por um público desatento e
bocejante. A verdade é que Tiririca não fez graça quando o assunto foi obter
voto e atrás dele formou-se uma fila de seguidores que até tentaram, mas não
conseguiram embarcar rumo à Brasília ou ter um mandato em seus Estados.
Mas existe algo
intrigante nisso tudo. Qual a razão do povo ter aceitado tão receptivamente
alguém que até então somente sabia contar piadas a ponto de transformá-lo em um
fenômeno de votos? O que haverá por trás de tudo isso? O povo de repente se viu
representado em um palhaço? (sem qualquer pejoração literal) A sociologia
política com certeza ainda tenta até hoje bolar teorias mirabolantes sobre o
ocorrido. Haveria uma mensagem subliminar do eleitor querendo classificar o
Congresso Nacional como um circo ou picadeiro? Certos intelectuais classificam
o fenômeno simplesmente como ato de burrice. Será??? Mas, e se de repente o
povo descobriu de fato que o poder emana deste próprio e que para ser
representado, tal tarefa tem que ser exercida por quem venha de seu meio? As
perguntas são bem mais que as respostas. O que se sabe é que a fila de palhaços
no horário político está maior (entendam como quiserem) e de repente em um
futuro não muito distante pode-se ter na Capital Federal, uma bancada deles,
mas de profissão, não de improviso.
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