TIRO NO PÉ
Candidatos com baixo
rendimento atacam primeiro colocado tentando reduzir dianteira
Da Redação
Há 15 dias das eleições
e com duas pesquisas divulgadas pelo Ibope, o Amapá já tem o perfil da disputa
de 2014 praticamente traçado. Na dianteira está Waldez Góes (PDT), que de
acordo com a última consulta ao eleitor, tem 37% das eleições de voto. O
percentual é mais de duas vezes o que tem o segundo colocado, Lucas Barreto
(PSD), que ficou com 17%. Em terceira colocação está o atual governador Camilo
Capiberibe (PSB) que busca a reeleição, com 15%. Bruno Mineiro (PT do B) teve
11%, Jorge Amanajás (PPS), 4%; Genival Cruz (PSTU) 2% e Décio Gomes (PCB) não
pontuou.
Na pesquisa anterior
divulgada em agosto pelo Ibope, Waldez Góes tinha 40% das intenções de voto do
eleitor amapaense. De acordo com especialistas, os 37% atuais não são
interpretados como queda. A explicação é dada a partir da margem de erro, que é
de 3 pontos para mais ou para menos, o que coloca o candidato dentro do
previsto na estatística de variação. Lucas, que aparecia com 15% em agosto,
teve dois pontos a mais, mas a distância dele para o primeiro colocado é
imensa. O mesmo vale para os demais candidatos, incluindo o atual governador
que aparece com 15% apesar de ter a máquina administrativa na mão.
O distanciamento
percentual entre Góes e quem vem atrás, acabou despertando um sentimento
negativo usado na estratégia de campanha de rádio e TV, e que tem surtido no
eleitor uma rejeição declarada explicitamente a quem a pratica. Em resumo, o
ouvinte ou telespectador tem desaprovado totalmente as peças publicitárias
levadas ao ar, onde a formulação de propostas e divulgação do plano de governo
é substituído por ataques sequenciados de todos os candidatos com baixo
percentual, em direção a um só, Waldez Góes.
A tática é falha e tem
substituído a possibilidade de conquista de voto, em antipatia. Na linguagem
popular das ruas, o que se ouve é que “quem tá na frente é igual massa de pão,
quanto mais se bate mais cresce” ou “eles deveriam mostrar o que vão fazer.
Parece que não têm nada pra mostrar”. Por outro lado, atacar sistematicamente o
candidato que tem a dianteira nas pesquisas é uma das práticas comuns do
marketing político, que pode funcionar como faca de dois gumes. Na situação em
questão o tiro está saindo pela culatra.
Com o alvo comum
escolhido, o foco também é um só, a “Operação Mãos Limpas”, eleita pelos
marqueteiros dos candidatos de baixo percentual como o suposto “calcanhar de
Aquiles” de Waldez Góes. Mas será que de fato este é o ponto fraco do
candidato? Ao que tudo indica, eles estão bem longe de acertar o tiro que
causaria uma despencada nos números. Os mais furiosos como Lucas Barreto e
Camilo Capiberibe gastam todo o tempo de seus curtos horários políticos para
atacar. São acompanhados por Bruno Mineiro e Jorge Amanajás e seguidos por
Genival e Décio, que sem incomodar atiram para todos os lados.
Esta seria a análise
superficial do cenário, onde a ordem é bater para tentar fazer cair. Nela
também se vê o “todos contra um”. Mas quando se busca aprofundar o que está
acontecendo e contextualizar a situação, logo se percebe a teia que liga os
“pugilistas”.
ENTRELAÇADOS
A análise do cenário
político 2014 no Amapá nos traz a interligação dos demais candidatos e o
isolamento de Waldez Góes, que lidera as pesquisas de intenção de voto e foi
eleito como “saco de pancadas” no horário político eleitoral. Começando por
Lucas Barreto, hoje no PSD, partido recentemente fundado por Gilberto Kassab em
condições duvidosas. Lucas foi derrotado em 2010 quando concorreu ao governo do
Amapá e tinha apoio irrestrito de Randolfe Rodrigues, eleito no mesmo ano como
senador pelo PSOL reciprocamente com o apoio incondicional de Lucas. Sua
simpatia pelos psolistas foi declarada e fotografada em várias ocasiões. Tanto,
que Lucas, agora vereador, chegou a aguardar por Randolfe até o último momento
para concorrer ao governo em 2014.
A simpatia de Barreto pelo
PSOL tem lhe rendido desconfiança por parte dos eleitores considerando uma
outra ligação político-biológica, a do núcleo local do PSOL, Randolfe e Clécio,
com o PSB de Camilo Capiberibe, considerado o candidato mais rejeitado da
história política do Amapá. Os mais radicais dizem que, caso Lucas fosse eleito,
PSOL e PSB teriam trânsito livre e carta branca em seu governo. Ele nega. As
críticas feitas em seu horário político ao candidato do PDT se afinam às da
atual gestão.
Camilo Capiberibe,
candidato à reeleição que mesmo sendo o atual gestor e tendo a máquina na mão
amarga o terceiro lugar nas intenções de voto é o “pugilista” nato contra o
primeiro colocado. Com rejeição estratosférica de todos os setores da
sociedade, parte para os tiros repetitivos sem encontrar efeito. Mas seria a
mola mestra a impulsionar os demais opositores do primeiro colocado para
apoiá-los em um possível segundo turno. Tem interesse em todos sob a
justificativa de derrotar o candidato do PDT a qualquer custo a exemplo das
eleições municipais de 2012.
A
segunda situação é Bruno Mineiro. Recém chegado à política, foi eleito deputado
estadual em 2010. Em 2012 assumiu o cargo de Secretário de Obras da atual
gestão, demonstrando estar afinado com o projeto do atual governador. Ele
voltou para o mandato em abril de 2014 para no mesmo ano declarar ser candidato
ao governo. Durante o período no Setrap fez o dever de casa defendendo
veementemente a gestão da qual fazia parte e rebatendo críticas sobre as
condições precárias das estradas e ramais do interior. Seu programa político de
rádio e tv é um dos mais agressivos chegando ao mesmo nível do atual gestor que
concorre à reeleição.
Jorge
Amanajás tem a pontuação mais inofensiva na briga pelo trono do Setentrião, 4%.
De seu atual partido, o PPS, sigla que abraçou em 2012, ano da disputa municipal
saiu o vice do prefeito psolista. Antes, era filiado ao PSDB. A linha de seu
programa político também passa pela agressão, muito embora de forma mais
branda.
SEGUNDO TURNO
Em
um segundo turno, o cenário atual se assemelharia, segundo especialistas, ao
vivido em 2012. Lá, o “todos contra um” também foi usado ao extremo revelando a
falta de pudor político do PSOL, que se aliou ao DEM em um vale tudo sem
precedentes. O partido também escondeu a aliança com o PSB temendo que a
rejeição do governador prejudicasse a campanha. A revelação de apoio só foi
confirmada oficialmente momentos antes do fim da eleição.
Hoje,
o alvo é Waldez Góes, acompanhado mais de perto sob a mira de Lucas Barreto,
simpatizante do PSOL, partido que se diz de esquerda mas que esteve no mesmo
palanque extrema direita do DEM e que também se ombreou ao rejeitado PSB para
ganhar a prefeitura. No possível segundo turno, até o mais leigo eleitor é
capaz de deduzir que Lucas aceitaria o apoio do PSB/PSOL. Muito embora já tenha
declarado que aceita os votos, mas não o apoio. Nesse caso, é o povo que não
acredita.
Bruno
Mineiro também é um candidato que facilmente se deduz o rumo. Tendo sido
defensor da atual gestão, da qual foi secretário de primeiro escalão, apoiaria
qualquer um que fizesse frente ao candidato que está na dianteira. Nos
bastidores, o que que se comenta é que as farpas jogadas à atual gestão não
passam de jogo de cena.
Jorge
Amanajás teria que rezar na cartilha de seu partido que elegeu o vice do atual
prefeito do PSOL, e que hoje apoia e sobe no palanque do PSB. O apoio a Lucas,
se ele fosse ao segundo turno seria o caminho a seguir.
Resumindo,
o cenário 2014 continua com a tática do “todos contra um e um contra todos”,
temperada com pitadas de desespero, maquiagem e uma cortina escura para não
deixar certos apertos de mão à vista do eleitor.






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