sexta-feira, 19 de setembro de 2014

especial



TIRO NO PÉ


Candidatos com baixo rendimento atacam primeiro colocado tentando reduzir dianteira


Da Redação





Há 15 dias das eleições e com duas pesquisas divulgadas pelo Ibope, o Amapá já tem o perfil da disputa de 2014 praticamente traçado. Na dianteira está Waldez Góes (PDT), que de acordo com a última consulta ao eleitor, tem 37% das eleições de voto. O percentual é mais de duas vezes o que tem o segundo colocado, Lucas Barreto (PSD), que ficou com 17%. Em terceira colocação está o atual governador Camilo Capiberibe (PSB) que busca a reeleição, com 15%. Bruno Mineiro (PT do B) teve 11%, Jorge Amanajás (PPS), 4%; Genival Cruz (PSTU) 2% e Décio Gomes (PCB) não pontuou.
Na pesquisa anterior divulgada em agosto pelo Ibope, Waldez Góes tinha 40% das intenções de voto do eleitor amapaense. De acordo com especialistas, os 37% atuais não são interpretados como queda. A explicação é dada a partir da margem de erro, que é de 3 pontos para mais ou para menos, o que coloca o candidato dentro do previsto na estatística de variação. Lucas, que aparecia com 15% em agosto, teve dois pontos a mais, mas a distância dele para o primeiro colocado é imensa. O mesmo vale para os demais candidatos, incluindo o atual governador que aparece com 15% apesar de ter a máquina administrativa na mão. 

O distanciamento percentual entre Góes e quem vem atrás, acabou despertando um sentimento negativo usado na estratégia de campanha de rádio e TV, e que tem surtido no eleitor uma rejeição declarada explicitamente a quem a pratica. Em resumo, o ouvinte ou telespectador tem desaprovado totalmente as peças publicitárias levadas ao ar, onde a formulação de propostas e divulgação do plano de governo é substituído por ataques sequenciados de todos os candidatos com baixo percentual, em direção a um só, Waldez Góes.   

A tática é falha e tem substituído a possibilidade de conquista de voto, em antipatia. Na linguagem popular das ruas, o que se ouve é que “quem tá na frente é igual massa de pão, quanto mais se bate mais cresce” ou “eles deveriam mostrar o que vão fazer. Parece que não têm nada pra mostrar”. Por outro lado, atacar sistematicamente o candidato que tem a dianteira nas pesquisas é uma das práticas comuns do marketing político, que pode funcionar como faca de dois gumes. Na situação em questão o tiro está saindo pela culatra. 


Com o alvo comum escolhido, o foco também é um só, a “Operação Mãos Limpas”, eleita pelos marqueteiros dos candidatos de baixo percentual como o suposto “calcanhar de Aquiles” de Waldez Góes. Mas será que de fato este é o ponto fraco do candidato? Ao que tudo indica, eles estão bem longe de acertar o tiro que causaria uma despencada nos números. Os mais furiosos como Lucas Barreto e Camilo Capiberibe gastam todo o tempo de seus curtos horários políticos para atacar. São acompanhados por Bruno Mineiro e Jorge Amanajás e seguidos por Genival e Décio, que sem incomodar atiram para todos os lados. 

Esta seria a análise superficial do cenário, onde a ordem é bater para tentar fazer cair. Nela também se vê o “todos contra um”. Mas quando se busca aprofundar o que está acontecendo e contextualizar a situação, logo se percebe a teia que liga os “pugilistas”.


ENTRELAÇADOS

A análise do cenário político 2014 no Amapá nos traz a interligação dos demais candidatos e o isolamento de Waldez Góes, que lidera as pesquisas de intenção de voto e foi eleito como “saco de pancadas” no horário político eleitoral. Começando por Lucas Barreto, hoje no PSD, partido recentemente fundado por Gilberto Kassab em condições duvidosas. Lucas foi derrotado em 2010 quando concorreu ao governo do Amapá e tinha apoio irrestrito de Randolfe Rodrigues, eleito no mesmo ano como senador pelo PSOL reciprocamente com o apoio incondicional de Lucas. Sua simpatia pelos psolistas foi declarada e fotografada em várias ocasiões. Tanto, que Lucas, agora vereador, chegou a aguardar por Randolfe até o último momento para concorrer ao governo em 2014. 

A simpatia de Barreto pelo PSOL tem lhe rendido desconfiança por parte dos eleitores considerando uma outra ligação político-biológica, a do núcleo local do PSOL, Randolfe e Clécio, com o PSB de Camilo Capiberibe, considerado o candidato mais rejeitado da história política do Amapá. Os mais radicais dizem que, caso Lucas fosse eleito, PSOL e PSB teriam trânsito livre e carta branca em seu governo. Ele nega. As críticas feitas em seu horário político ao candidato do PDT se afinam às da atual gestão.  


Camilo Capiberibe, candidato à reeleição que mesmo sendo o atual gestor e tendo a máquina na mão amarga o terceiro lugar nas intenções de voto é o “pugilista” nato contra o primeiro colocado. Com rejeição estratosférica de todos os setores da sociedade, parte para os tiros repetitivos sem encontrar efeito. Mas seria a mola mestra a impulsionar os demais opositores do primeiro colocado para apoiá-los em um possível segundo turno. Tem interesse em todos sob a justificativa de derrotar o candidato do PDT a qualquer custo a exemplo das eleições municipais de 2012. 


A segunda situação é Bruno Mineiro. Recém chegado à política, foi eleito deputado estadual em 2010. Em 2012 assumiu o cargo de Secretário de Obras da atual gestão, demonstrando estar afinado com o projeto do atual governador. Ele voltou para o mandato em abril de 2014 para no mesmo ano declarar ser candidato ao governo. Durante o período no Setrap fez o dever de casa defendendo veementemente a gestão da qual fazia parte e rebatendo críticas sobre as condições precárias das estradas e ramais do interior. Seu programa político de rádio e tv é um dos mais agressivos chegando ao mesmo nível do atual gestor que concorre à reeleição. 

Jorge Amanajás tem a pontuação mais inofensiva na briga pelo trono do Setentrião, 4%. De seu atual partido, o PPS, sigla que abraçou em 2012, ano da disputa municipal saiu o vice do prefeito psolista. Antes, era filiado ao PSDB. A linha de seu programa político também passa pela agressão, muito embora de forma mais branda. 



SEGUNDO TURNO


Em um segundo turno, o cenário atual se assemelharia, segundo especialistas, ao vivido em 2012. Lá, o “todos contra um” também foi usado ao extremo revelando a falta de pudor político do PSOL, que se aliou ao DEM em um vale tudo sem precedentes. O partido também escondeu a aliança com o PSB temendo que a rejeição do governador prejudicasse a campanha. A revelação de apoio só foi confirmada oficialmente momentos antes do fim da eleição. 

Hoje, o alvo é Waldez Góes, acompanhado mais de perto sob a mira de Lucas Barreto, simpatizante do PSOL, partido que se diz de esquerda mas que esteve no mesmo palanque extrema direita do DEM e que também se ombreou ao rejeitado PSB para ganhar a prefeitura. No possível segundo turno, até o mais leigo eleitor é capaz de deduzir que Lucas aceitaria o apoio do PSB/PSOL. Muito embora já tenha declarado que aceita os votos, mas não o apoio. Nesse caso, é o povo que não acredita.

Bruno Mineiro também é um candidato que facilmente se deduz o rumo. Tendo sido defensor da atual gestão, da qual foi secretário de primeiro escalão, apoiaria qualquer um que fizesse frente ao candidato que está na dianteira. Nos bastidores, o que que se comenta é que as farpas jogadas à atual gestão não passam de jogo de cena. 

Jorge Amanajás teria que rezar na cartilha de seu partido que elegeu o vice do atual prefeito do PSOL, e que hoje apoia e sobe no palanque do PSB. O apoio a Lucas, se ele fosse ao segundo turno seria o caminho a seguir.  

Resumindo, o cenário 2014 continua com a tática do “todos contra um e um contra todos”, temperada com pitadas de desespero, maquiagem e uma cortina escura para não deixar certos apertos de mão à vista do eleitor.     

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