Esporte Radical
Surfe na pororoca é retratado em livro
REINALDO COELHO
Tudo na Amazônia é grandioso,
é diferente, fascinante e enganador, sempre estimulando e desafiando o
imaginário do homem com grandes mistérios
inquietantes...
A pororoca que
significa estrondar e entende-se com o fenômeno do encontro das ondas do mar
com as águas da foz de um rio. Em nosso caso o Rio Amazonas e isso sempre teve
um que de medo para os índios e ribeirinhos que residem no litoral amapaense. O
estrondo causando pelo choque do encontro das aguas caudalosas do Amazonas com
as do Oceano Atlântico criam ondas com mais de seis metros de alturas e que vai
destruindo tudo que encontram pela frente.
Porém, esse fenômeno amazônico, tão cheio de
lances empolgantes, por muitos anos já foi desafio à argúcia dos que tentaram
explicá-lo e chegou encontrar que quisesse desafiá-lo e nada mais do que os
praticantes de um dos esportes mais radicais do mundo “o surfe” para que esse
enfretamento acontecesse.
Os surfistas afirmam
que a onda da pororoca forma um tubo perfeito, mas, para se arriscar nessas
águas, devem pedir licença para os três pretinhos , chamando-os pelos seus
nomes. Outra lenda afirma que quem beber três goles da água da pororoca acabará
enfeitiçado e para lá retornará sempre.
As ondas da pororoca
atingem uma altura de 3 a 6 metros. O espetáculo tem duração de 40 minutos,
percorrendo, a seguir, 30 km por um período de uma hora e meia.
A pororoca é, com
certeza, um dos mais fascinantes atrativos turísticos da natureza. É temida,
mas também admirada.
Isso tudo que está resumindo nesse texto você
poderá amplia-lo lendo as histórias de surfe na Pororoca que estão retratadas
no livro 'Auêra-Auara', do pioneiro surfista amapaense Noélio Sobrinho.
O lançamento no Amapá
aconteceu no ultimo sábado (20) no Monumento Marco Zero do Equador durante a
programação do Equinócio da Primavera de 2014.
O livro acompanha a
trajetória dos surfistas no dorso das grandes ondas nos rios Araguari (AP),
Amazonas e Capim (PA), Mearim e Pindaré (MA) e a caçada internacional às
pororocas da França, China e Indonésia.
O autor da obra, Noélio
Sobrinho que é presidente da Associação Brasileira de Surf na
Pororoca (Abraspo) e um dos pioneiros no esporte, que se tornou expert no assunto
com 150 pororocas já surfadas, conta que a obra retrata as experiências vividas
por ele em 15 anos de pororoca ocorridas no Brasil, França, Inglaterra e China.
São mais de cem páginas e fotos sobre histórias de surfistas, ribeirinhos e
imprensa internacional, que já cobriu o fenômeno no Amapá.
“Nesses 15 anos a
pororoca me proporcionou tanta coisa, como experiência, novas amizades e amor
pelo meu estado, e isso não poderia ficar só para mim. Então eu passo através
de um livro a mesma emoção que eu sinto com esse fenômeno incrível”
Em passagens do livro,
são contadas histórias de surfe com jacarés e como os ribeirinhos receberam os
primeiros surfistas na região do Araguari, onde a onda é mais intensa, próximo
ao município de Cutias - a 163 quilômetros
de Macapá.
A obra, produzida pela
Associação Brasileira de Surf na Pororoca (Abraspo), com apoio da Secretaria de
Estado do Turismo e parceiros, é resultado de um projeto que durou cerca de
dois anos e reúne em 200 páginas histórias do surf na pororoca desde que
iniciou no Amapá, em 1997, além de informações científicas sobre o fenômeno.
O presidente Noélio Sobrinho, destacou que o
projeto já foi premiado pelo Ministério do Turismo e visa fortalecer a
modalidade no Estado, contribuindo para que a região possa sediar uma etapa do
circuito mundial de surf na pororoca nos próximos anos.
O presidente da Federação de Surf na Pororoca e
Esportes Radicais do Amapá, Stanley Gomes, ressaltou que o lançamento do livro
representa mais uma projeção positiva do Amapá para o mundo e um incentivo para
que mais pessoas se interessem pelo turismo na região.
“Hawaii das Pororocas”
A onda do
Araguari é considerada o “Hawaii das Pororocas”, conta o surfista Serginho Laus, um dos maiores
especialistas em ondas de rio da atualidade, duas vezes recordista mundial de
permanência surfando a pororoca e diretor do Instituto Pororoca (IPO). “O
relevo do rio Araguari é perfeito, suas dimensões fazem com que a Pororoca
tenha uma formação de sonho. Uma dádiva da mãe natureza”, afirma o professor
Elói Melo, ph.D. em Oceanografia pela Universidade da Califórnia.
Em 2012,
ela assumiu o primeiro lugar do ranking organizado pelo IPO, seguida pela
Silver Dragon, na China, e pela Seven Ghosts, ou Bono, na Indonésia.
“Milhões
de metros cúbicos de água da vazante do rio Amazonas fazem com que outras
toneladas retornem de uma vez só para dentro do Araguari, elevando ondas que já
chegaram a 4 metros de face”, afirma Serginho.
Por essas e outras, o rio Araguari foi
transformado em cenário para o filme “Surf Adventures 2” e chegou a receber a
visita de nomes ilustres do surf mundial, como o australiano Ross Clarke-Jones
e a lenda californiana Gary Linden. Mas, graças ao assoreamento provocado pelos
rebanhos de búfalos, a onda começa a perder força e, este ano, caiu para a
terceira posição no ranking do IPO, atrás das ondas da China (1º) e da
Indonésia (2º).
O surf na pororoca já foi transmitido para mais de 1 bilhão de pessoas, ao vivo, do coração da Floresta Amazônica, pela Estatal Chinesa CCTV, e foi tema de filmes, documentários, reportagens, teses de mestrado e até reality show. Hoje, atrai cada vez mais atletas e turistas dos quatro cantos do mundo.
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