sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Esporte Radical



Esporte Radical

 

Surfe na pororoca é retratado em livro

 

 

REINALDO COELHO


Tudo na Amazônia é  grandioso,  é diferente, fascinante e enganador, sempre estimulando e desafiando o imaginário do homem com  grandes mistérios inquietantes...

A pororoca que significa estrondar e entende-se com o fenômeno do encontro das ondas do mar com as águas da foz de um rio. Em nosso caso o Rio Amazonas e isso sempre teve um que de medo para os índios e ribeirinhos que residem no litoral amapaense. O estrondo causando pelo choque do encontro das aguas caudalosas do Amazonas com as do Oceano Atlântico criam ondas com mais de seis metros de alturas e que vai destruindo tudo que encontram pela frente. 


 Porém, esse fenômeno amazônico, tão cheio de lances empolgantes, por muitos anos já foi desafio à argúcia dos que tentaram explicá-lo e chegou encontrar que quisesse desafiá-lo e nada mais do que os praticantes de um dos esportes mais radicais do mundo “o surfe” para que esse enfretamento acontecesse.

Os surfistas afirmam que a onda da pororoca forma um tubo perfeito, mas, para se arriscar nessas águas, devem pedir licença para os três pretinhos , chamando-os pelos seus nomes. Outra lenda afirma que quem beber três goles da água da pororoca acabará enfeitiçado e para lá retornará sempre.



As ondas da pororoca atingem uma altura de 3 a 6 metros. O espetáculo tem duração de 40 minutos, percorrendo, a seguir, 30 km por um período de uma hora e meia.

A pororoca é, com certeza, um dos mais fascinantes atrativos turísticos da natureza. É temida, mas também admirada.

 Isso tudo que está resumindo nesse texto você poderá amplia-lo lendo as histórias de surfe na Pororoca que estão retratadas no livro 'Auêra-Auara', do pioneiro surfista amapaense  Noélio Sobrinho. 

O lançamento no Amapá aconteceu no ultimo sábado (20) no Monumento Marco Zero do Equador durante a programação do Equinócio da Primavera de 2014.

O livro acompanha a trajetória dos surfistas no dorso das grandes ondas nos rios Araguari (AP), Amazonas e Capim (PA), Mearim e Pindaré (MA) e a caçada internacional às pororocas da França, China e Indonésia.

O autor da obra, Noélio Sobrinho  que é  presidente da Associação Brasileira de Surf na Pororoca (Abraspo) e um dos pioneiros no esporte, que se tornou expert no assunto com 150 pororocas já surfadas, conta que a obra retrata as experiências vividas por ele em 15 anos de pororoca ocorridas no Brasil, França, Inglaterra e China. São mais de cem páginas e fotos sobre histórias de surfistas, ribeirinhos e imprensa internacional, que já cobriu o fenômeno no Amapá.
“Nesses 15 anos a pororoca me proporcionou tanta coisa, como experiência, novas amizades e amor pelo meu estado, e isso não poderia ficar só para mim. Então eu passo através de um livro a mesma emoção que eu sinto com esse fenômeno incrível”
 
Em passagens do livro, são contadas histórias de surfe com jacarés e como os ribeirinhos receberam os primeiros surfistas na região do Araguari, onde a onda é mais intensa, próximo ao município de Cutias  - a 163 quilômetros de Macapá. 

A obra, produzida pela Associação Brasileira de Surf na Pororoca (Abraspo), com apoio da Secretaria de Estado do Turismo e parceiros, é resultado de um projeto que durou cerca de dois anos e reúne em 200 páginas histórias do surf na pororoca desde que iniciou no Amapá, em 1997, além de informações científicas sobre o fenômeno.

O presidente Noélio Sobrinho, destacou que o projeto já foi premiado pelo Ministério do Turismo e visa fortalecer a modalidade no Estado, contribuindo para que a região possa sediar uma etapa do circuito mundial de surf na pororoca nos próximos anos.
O presidente da Federação de Surf na Pororoca e Esportes Radicais do Amapá, Stanley Gomes, ressaltou que o lançamento do livro representa mais uma projeção positiva do Amapá para o mundo e um incentivo para que mais pessoas se interessem pelo turismo na região.



“Hawaii das Pororocas”
A onda do Araguari é considerada o “Hawaii das Pororocas”, conta o  surfista Serginho Laus, um dos maiores especialistas em ondas de rio da atualidade, duas vezes recordista mundial de permanência surfando a pororoca e diretor do Instituto Pororoca (IPO). “O relevo do rio Araguari é perfeito, suas dimensões fazem com que a Pororoca tenha uma formação de sonho. Uma dádiva da mãe natureza”, afirma o professor Elói Melo, ph.D. em Oceanografia pela Universidade da Califórnia.

Em 2012, ela assumiu o primeiro lugar do ranking organizado pelo IPO, seguida pela Silver Dragon, na China, e pela Seven Ghosts, ou Bono, na Indonésia.

“Milhões de metros cúbicos de água da vazante do rio Amazonas fazem com que outras toneladas retornem de uma vez só para dentro do Araguari, elevando ondas que já chegaram a 4 metros de face”, afirma Serginho.

 Por essas e outras, o rio Araguari foi transformado em cenário para o filme “Surf Adventures 2” e chegou a receber a visita de nomes ilustres do surf mundial, como o australiano Ross Clarke-Jones e a lenda californiana Gary Linden. Mas, graças ao assoreamento provocado pelos rebanhos de búfalos, a onda começa a perder força e, este ano, caiu para a terceira posição no ranking do IPO, atrás das ondas da China (1º) e da Indonésia (2º).


O surf na pororoca já foi transmitido para mais de 1 bilhão de pessoas, ao vivo, do coração da Floresta Amazônica, pela Estatal Chinesa CCTV, e foi tema de filmes, documentários, reportagens, teses de mestrado e até reality show. Hoje, atrai cada vez mais atletas e turistas dos quatro cantos do mundo.



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