Audiência Pública
Debate a estruturação do SUS no Amapá
Reinaldo
Coelho
A
constante justicialização da Saúde no Estado Amapá, principalmente no que se
trata de fornecimento de medicamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Está
acontecendo uma "justicialização" da saúde? Não seria uma
"justicialização" da cidadania? Ou há exagero no número de vezes em
que advogados são acionados para resolver problemas relativos à saúde?
A
Saúde é um direito de todo cidadão, segundo a Constituição, como acontece no
SUS. Para debater essa e outras
situações foi realizado uma Audiência Pública referente à Ação Civil pública nº
0003431-74.2009.4.01.3100, que trata dos serviços de saúde, assistência
médico-hospitalar e fornecimento de medicamentos pelo Sistema Único de Saúde -
SUS movida pelo Ministério Público Federal e Ministério Público do Estado do
Amapá em desfavor da União e do Estado do Amapá.
O
ato foi presidido pelo juiz federal titular da 2ª Vara Federal, João Bosco
Costa Soares da Silva. As partes foram representadas pelo Procurador da
República Felipe de Moura Palha e Silva pelo Advogado da União Utan
Lisboa Galdino e pelo Procurador do Estado do Amapá, Hélio Rios Ferreira.
Participaram ainda o Secretário Adjunto de Atenção à Saúde do Estado do
Amapá Denilson Ferreira de Magalhães, o Procurador do Município de Macapá Adiel
de Souza Diniz, os prefeitos de Santana Robson Rocha, Serra do Navio José Maria
Amaral Lobato, Tartarugalzinho Almir Rezende e Porto Grande Antônio Pereira,
além de representantes das secretarias de saúde desses municípios e de empresas
fornecedoras de medicamentos.
Os
debates
Os
debates ocorreram em torno de dois eixos principais: a falta de medicamentos na
rede pública de saúde e a apresentação de um plano estruturante para
reorganização do SUS-AP, com vista a otimização dos serviços de saúde
oferecidos à população.
Em relação ao primeiro assunto, o Secretário
Adjunto de Saúde afirmou que "os débitos do Estado foram sanados quase em
sua totalidade e que é preciso que os fornecedores também tenham compromisso
com a saúde pública. Atualmente, ainda há atrasos no fornecimento dos
medicamentos".
Em contrapartida, o representante da Expressa
Distribuidora de Medicamentos Ltda, Murilo Braga Pithon, contestou a afirmação:
"existe um saldo considerável de 2013 ainda a receber". Já o
representante da VIX Comércio de Produtos Farmacêuticos e Hospitalares Ltda
asseverou que "o Estado alega urgência na entrega mesmo na inadimplência.
Houve ainda casos de devolução de medicamentos solicitados como urgentes, com
prazo de validade superior a 50% para o vencimento, o que causou grandes
prejuízos à empresa. Também há pagamentos de 2013 pendentes".
Por
sua vez, o Procurador do Estado do Amapá Hélio Ferreira manifestou que
"muitos títulos de cobrança contra o Estado não têm o atesto na nota
fiscal ou o recebimento por servidor da Secretaria de Saúde, principais fatores
para dificuldade de transição para identificar como e se os medicamentos foram
entregues, conforme afirmam os fornecedores".
Organização
operacional do SUS
Quanto
à organização do SUS, o Secretário Adjunto da SESA-AP apresentou um plano das
ações em curso e dos projetos em fase de implementação pela Secretaria. A
partir daí, as discussões concentraram-se na necessidade de inserção dos
municípios na construção de um plano estruturante para o Sistema Único de
Saúde. Os prefeitos e secretários municipais de saúde presentes também
destacaram a não realização dos repasses constitucionais pelo Governo do
Estado.
Segundo
o Prefeito de Santana Robson Rocha, "trata-se de uma verba que, por menor
que seja, faz muita falta aos municípios". O Dr. João Bosco recomendou a
realização de reuniões entre a SESA/AP e todos os municípios a fim de resolver
as questões referentes aos atrasos nas transferências do Estado para os
municípios, proposta aceita pelos presentes, que designaram as datas de 10 de Setembro
e 10 de Outubro para tal fim.
Decisões
Ao
final da audiência, o juiz federal determinou a remessa de cópias dos autos à
Polícia federal para apuração de eventual crime contra a economia popular e/ou
contra a saúde pública, dados os relatos da Secretaria de Saúde sobre a
inadimplência na entrega de medicamentos. Também designou a realização de nova
audiência no dia 05 de Novembro para dar continuidade às questões suscitadas no
presente ato, ocasião em que a Secretaria de Saúde e o Conselho dos Secretários
Municipais de Saúde deverão apresentar um plano estruturante de otimização do
sistema de saúde pública no Estado, com previsão de ações regionalizadas que
contemplem todos os municípios.
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