Herança icnográfica amapaense
O Legado das
Civilizações Maracá e Cunani
Do silêncio dos sítios e museus, as passarelas da moda.
Reinaldo Coelho
Existia um hiato na cultura amapaense, a
iconografia de seus artesanatos, que sempre eram confundidos com a arte
marajoara do vizinho Estado do Pará. Esse vazio passou a ser preenchidos com as
descobertas arqueológicas realizadas pelos pesquisadores Emílio Goeldi e
Aureliano Pinto Lima Guedes que realizaram a primeira exploração arqueológica
na região da Vila Cunani, em 1895. Nas proximidades do Igarapé do Holanda, a
400 metros do encontro com o Rio Cunani, no pico do Monte Curu, foram
encontrados dois sítios arqueológicos do tipo Cemitério.
Os símbolos Cunani, expressados por meio da arte
daquele povo, era uma forma de representação de sua visão de mundo. Os
elementos da natureza eram transpostos para vasos e urnas, por meio de
composições simbólicas. Muitos representavam a fauna local. A decoração das
peças era complementada por motivos geométricos como virgulares, volutas,
grecas, linhas retas e curvas, xadrez e linhas finas em ziguezague.
Também na época do Império, por volta de 1872,
teve-se o primeiro registro dos sítios arqueológicos da fase Maracá, na região
do Igarapé do Lago. Foram identificados em três sítios arqueológicos urnas
funerárias tubulares, representando o corpo humano, e outras em forma de
jabuti, contendo ossos humanos.
As técnicas utilizadas pelo povo Maracá para
confecção das urnas eram todas em cerâmica, ainda hoje se perpetua no
artesanato indígena. Os símbolos usados na arte Maracá têm sua principal
manifestação nas formas imponentes das urnas funerárias, as quais têm
semelhança com figura humana e com a dos animais. Os motivos decorativos são
mais simples e mostram uma predominância de linhas retas e polígonos definidos.
Iconografia amapaense
Estava ai a identidade iconográfica amapaense, (que
significa descrição de imagens). É uma
das ciências históricas mais recentes. A arte iconográfica atualmente está
vigente no mundo todo e o interesse pelos ícones tem feito ressurgir as antigas
técnicas pelas mãos dos iconógrafos modernos, mostrando imagens dos sítios
arqueológicos, um pouco da história, além dos produtos encontrados como
réplicas de urnas funerárias. Foram na época expostos na Fortaleza de Macapá,
também foram para Brasília, São Paulo e Estados Unidos.
Dos museus as passarelas da moda
Do silencio dos sítios e museus,
as passarelas da moda foi sendo imprimindo
definitivamente uma identidade, uma marca, um legado cultural para o Amapá com
o resgate do legado Maracá e Cunani. A responsabilidade maior desse trabalho
foi feito desde 2002 pelos técnicos do SEBRAE/Amapá que é a instituição
licenciada do uso dos elementos iconográficos.
O Amapá vem consolidando essa sua imagem. E hoje se observa a marca, no
artesanato, bijuterias e confecções de roubas e na arte estampadas nas
camisetas, isso com o orgulho o
sentimento de posse de tão rico patrimônio, dos que confeccionam e os que a
usam surgindo novas oportunidades e sustentabilidade para as próximas gerações.
Artesãos
As comunidades que existem no entorno dos sítios
dessas duas civilizações amapaenses
Cunani e Maracá também estão sendo beneficiadas pela esta marca uma
delas é a Associação dos Artesãos da Cultura Maraca e Cunani , localizada, no
Ramal do Samauma, lote 71 no Município de Mazagão Velho, quetem como objetivo
congregar os artesãos que trabalham com argila do Estado do Amapá a criar peças
que represente a identidade cultural Amapaense usando o grafismo indígena da
cultura Maraca e Cunani .
A entidade vive do artesanato, há uma produção
constante e comercialização contínua em Macapá, na Casa do Artesão, além de
participar de feiras e, ainda, receber turistas no local de produção em
Mazagão, valorizando a cultura Amapaense.
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