quinta-feira, 2 de outubro de 2014

DE TUDO UM POUCO

Juracy Freitas

           
            RESGATE NECESSÁRIO.


O título retro é da lavra de Modesto Carvalhosa, publicado na Folha de São Paulo em 06 de dezembro de 2013. Torno-o público ao POVO AMAPAENSE porque diz respeito ao contexto atual e está impregnado de sobejas razões esclarecedoras, vez que, Domingo, 5, dia consagrado às Eleições Gerais, estaremos TODOS frente à frente com a urna eletrônica para fazer nossa escolha entre os candidatos postulantes aos cargos de Presidente da República, Senador, Governador, Deputados Federais e Deputados Estaduais.
Eis o texto : “ Honra? Onde se pronuncia ou se escuta essa palavra? O sentimento foi banido. O vocábulo está em pleno desuso. Como se poderia supor hoje o sacrifício extremo, pela honra,  como ocorreu com Getúlio Vargas em 1954? Onde está a exigência pela sociedade civil do exercício honrado da Presidência, como sucedeu em 1992, levando ao impeachment de Fernando Collor?
            Foi esse princípio substituído pelo vocábulo liturgia. O poder deve ser exercido com o máximo de liturgia, não mais com dignidade.
            Outra palavra abandonada foi o  decoro, lembrado apenas pelo Legislativo para negá-lo, em explícita afronta aos  cânones da República.
            O mau uso das prerrogativas institucionais nos abala a esperança de formação de uma sociedade fundada em governantes que se  legitimem na prevalência do fato moral.
            Também  esse fundamento desapareceu da vida pública brasileira. Não basta a punição daqueles corruptos que, por acaso, são  apontados e alguns até processados e condenados. A sociedade não pode se aperfeiçoar assistindo ao ininterrupto desfile de deliquentes do setor público, sucessivamente pilhados.
            O imperativo moral, a honra, a dignidade e o decoro não mais informam a conduta dos governantes.Perdeu-se a noção de que a legitimidade de um governo não advém apenas da vitória eleitoral, mas, sobretudo, do exercício do poder voltado para a missão civilizatória.
            Sem cumprir esse desiderato de aperfeiçoamento contínuo da cidadania que advém do comportamento ético no exercício do poder, a legitimidade desaparece, refletindo-se no não-governo que, embora onipresente, perde a autoridade no meio social como valor. O poder funda sua legitimidade quando se mantém como referência de ética pública.
            Se não podemos mais atribuir nenhum valor moral aos governantes, tudo será permitido no seio da sociedade. Confunde-se o sentido do bem e do mal. Rompe-se a solidariedade social. Nada mais se respeita. Não haverá mais um povo, apenas a massa consumidora.
            A febre de poder como um fim em si mesmo, própria dos homens medíocres, traz uma questão de consciência que se coloca em função de uma lei que nunca foi escrita, aquela da probidade inconteste e presumida. A honra torna-se uma exigência que é, ao mesmo tempo, um limite à desmesura dos poderosos e uma referência da cidadania.
            O exercício do poder sem o primado do fato moral leva à formação de uma sociedade cínica e reprodutora do vácuo de valores políticos.
            Daí resulta que as novas gerações não mais se acreditam vocacionadas a refazer o mundo. O bem e o mal passam a ser identificados conforme as conveniências de cada um, o que leva infalivelmente à absoluta confusão entre justiça e injustiça.
            Há que se mobilizar a cidadania para que se restabeleça a honra – expressão suprema da consciência  humana – na parte de governar.
            Deve a cidadania ter segurança de que o poder não é sempre empolgado por uma malta de salteadores, mas por governantes em quem se possa confiar por estarem submetidos ao imperativo moral.Que o debate eleitoral que se avizinha possa girar em torno desses fundamentos e que o povo possa, assim, distinguir o bem do mal político “. ( Modesto Carvalhosa, 81, é jurista e autor de “ Livro Negro da Corrupção “, vencedor do prêmio Jabuti na categoria literatura jornalística ).

            É importante ressaltar que esse texto trata, especificamente, de uma qualidade intrínsica do ser humano – a HONRA, que é foro de dignidade, apesar de sua subjetividade aflorar em todo julgamento que se faz necessário, em relação direta com o fato social cometido ou exercido pelo agente público imbuído da responsabilidade de governar ou dirigir uma sociedade.
            Precisamos, TODOS, dia 5, votar com a consciência plena da responsabilidade que vai ser assumida em nome de TODOS, pois cada voto de escolha é uma procuração pública que terá fé durante o mandato.
Para reflexão semanal : Clamo ao POVO AMAPAENSE que faça sua escolha pessoal pensando nos destinos da SOCIEDADE AMAPAENSE.
  
           

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...