OS QUELÔNIOS DO ASFALTO.
Você já deve ter presenciado a
soltura de filhotes de quelônios pelo IBAMA, nas praias da costa amapaense. No
momento em que se abrem as gaiolas, as tartaruguinhas saem numa carreira
desenfreada, atropelando-se mutuamente, na busca de chegar ao mar e sobreviver.
Sob este inusitado título, faço um desvio rápido dos assuntos políticos
para denunciar a gravíssima situação do trânsito nos seguintes trechos da Rodovia Duca Serra.
A primeira, é no sentido
Leste/Oeste, insto é, saindo de Macapá com destino à Santana e localidades
sediadas nesse trecho. O nó górdio está dado no entroncamento iniciado no
bairro Alvorada, onde cruzam-se a Av.
Julio Maria, uma transversal para o Santa Rita, outra pra dentro do Alvorada e,
para fechar a tampa, há, ali, um posto de combustível. Esse calvário só tem
início a partir das 18:00 h. Aí a coisa pega. Ninguém obedece a Lei da
Urbanidade ( se é que existe ), porque todos os ciclistas, motociclistas,
motoristas de qualquer veículo automotor, de menor ou maior porte ( aqueles
porrudos, como cegonheira, baú,
caminhões, caçambas, carretas, carro-tanque de combustível, etc...). Nesse
carnaval de pressa, desobediência, imprudência, imperícia, impaciência e, mais
que tudo isso junto, a falta de policiamento do trânsito, sendo esta a maior
causa desse festival de aberrações. Essa via crucis prolonga-se até as 20:30,
mais ou menos. Aí sua opção é : sair antes das 18:00 h ou após as 20:30 H.
A segunda, é em sentido contrário,
isto é, o destino é Macapá. O trânsito flui tranquilamente até o cruzamento
entre a Duca Serra e a que vai para o Goiabal/Marabaixo I ( depois do IAPEN ).
Ali há uma sinaleira e uma inscrição dizendo “ obedeça a sinalização “.
Como todos têm a mesma pressa de
chegar ao seu destino, esses dois instrumentos de ordenamento do trânsito e
de obediência pelos motoristas e
assemelhados, são deixados de lado, pois os olhos não vêm o sinal vermelho e a inscrição ao lado. Há, nesse
sentido da rodovia, somente uma faixa, mas “ os apressados “ ( aqueles já
citados acima ), fazem do acostamento, do canteiro, da faixa de pedestre, e
jardineiras, faixa auxiliares para transitarem com seus veículos, e ai,
prevalece o de maior tamanho. Assemelha-se a uma praia de soltura de quelônios,
onde alguns até invadem a área do posto de combustível, contornando qualquer
obstáculo que se interponha à sua frente. O que vale é chegar à Macapá o mais
rápido possível. Essa é a Lei do EU. Que vá para a ponte que partiu a
urbanidade, o Código de Trânsito, DETRAN, BPTRAN, CTMAC, PRA/PM ( Polícia
Rodoviária Estadual ).
Um capítulo á parte nesta
história. O Batalhão da Polícia Rodoviária do
Estado do Amapá está localizado no Conjunto Cabralzinho, bem na entrada.
Logo, numa análise virtual, seu campo de ação inclui a Rodovia Duca Serra, e
paradoxalmente, os “ quelônios do trânsito “ estão soltos nessa praia. Basta
que uma viatura fique estacionada na saída de Macapá, no início do Alvorada e
outra no cruzamento do Marabaixo com a que vai para o Goiabal. Tenho certeza
que ao verem a viatura, a obediência à Lei será obedecida de pronto.
Agora imaginem a situação, como a de hoje, 8 de outubro, quando ocorreram dois acidentes (?) de trânsito. Um
nos limites do Alvorada e outro nos limites da faculdade FAMA. Ai, mano, o
Diabo deixou o inferno e se estabeleceu nessa praia. Fez-se um businaço
estridente, denunciando os “ furões “;
vez por outra vi uns “ cotocos “ feitos por pessoas nervosas. O sinal
vermelho mudou para verde e o amarelo sumiu ( do semáforo ). Faixa de pedestre
nem pensar.
Agora entra minha parte nessa história. São momentos vividos que servem
de tema, como o deste artigo. Pois bem. Sai do ramal e cheguei á Rodovia às
8:00 h. O trânsito fluía tranquilamente e encheu minha paciência de alegria,
dizendo pra mim mesmo – vou chegar na hora dos meus compromissos. Ledo engano.
Cheguei ao entroncamento Duca Serra/Goiabal as 8:15 h e já avistava o início da
“soltura “. Cautelosamente desviei para a área do posto de combustível e
estacionei para ver se dava uma melhorada no trânsito. Fiquei ali estacionado
das 8:15 às 9:45 h. Vi de tudo. Eram
tartarugazinhas motorizada de todo tamanho, buscando e abrindo caminho
possíveis para chegar a sua praia ( destino ). Quando o trânsito deu sinal de
melhora, tranquilidade e segurança, parti para Macapá e, pasmem, de onde estava
parado até o Alvorada gastei mais 30 ( trinta ) minutos, num perímetro de mais
ou menos cinco quilômetros, e sempre com um olhar nos retrovisores como precaução,
vez de que há sempre aquele ( motorista ) que sente-se o rei da cocada preta
dentro de uma 4x4.
Afinal, este rosário é rezado de segunda a sexta feira, sempre e
repetidamente nos mesmo horários. Esta não é uma razão óbvia de atuação da
Polícia Rodoviária do Amapá?
Para encerrar confesso que fiquei entre a cruz e a espada. Explico.
Sou, por formação um respeitador das Leis que regem o comportamento humano em
qualquer situação em que se encontre. Mas hoje, perguntei a mim mesmo. Vale a
pena ser assim, um violador contumaz? Não tive dúvidas. Violei a Lei. Parti
para o ataque, mas com prudência e dedo polegar esquerdo levantado pedindo
entrada na fila.
Para reflexão semanal : Vamos todos os
usuários da Duca Serra, em oração uníssona, rogar a Deus para que o Batalhão da
Policia Rodoviária Estadual venha em nosso socorro. Amém.
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