sexta-feira, 10 de outubro de 2014

EDITORIAL





O eleitor e seu momento com a urna

A primeira etapa das eleições 2014 já terminou. O número impressionante de candidatos que visitaram lares seja pela televisão no horário político gratuito ou pessoalmente foi reduzido a dois. O rumo das escolhas do eleitor deu novo rumo aos dois parlamentos, o estadual e o municipal. Na Assembleia Legislativa a renovação foi considerável. Deputados que pareciam ter mandato cativo ficaram fora e para o lugar deles chegou gente que vai estrear e que batalhou muito para conseguir os votos necessários para uma cadeira. 

Na esfera federal não foi diferente. Do total de oito parlamentares apenas dois irão voltar. A renovação foi de quase 100%. O povo, muito embora em doses homeopáticas parece estar começando a mandar recados de que tem a força e somente ele, necessária para mudar as coisas. 

No Estado, nem a força da máquina que todos dizem ter um poder arrasador foi capaz de colocar o candidato da situação em primeiro lugar. Isto apesar da mídia milionária do qual ele sempre dispôs e que é até bem superior a verbas como da segurança pública por exemplo. 

Apesar de toda essa publicidade o humilde “zé do povo” transferiu para as urnas o que enfrenta no dia a dia. Com toda certeza teve aquele momento de reflexão que só quem é humilhado tem marcado na alma. Deve ter lembrado da falta de atendimento nos hospitais, das filas imensas para marcar consulta ou exame, do destrato. Ou ainda da falta de medicação que o fez voltar para casa com o mesmo problema. 

Dona “maria da baixada” também fez a mesma reflexão ao lembrar do marido desempregado pelo engessamento da construção civil que um dia já empregou muitos pais de família. Se indignou mais uma vez naqueles poucos momentos suficientes para reviver na memória a narrativa apavorada do filho que foi assaltado na vinda da escola ou quem sabe da filha violentada pela falta de segurança em nossas ruas. 

Ela até procurou o Ciosp para registrar queixa, mas o encontrou de portas fechadas. Procurou um segundo Ciosp, este também estava fechado. Foi ao terceiro, lá estava aberto, mas não tinha papel e nem tinta na impressora para imprimir a ocorrência. Por um policial que a chamou em um canto ela foi informada que se mesmo que tivesse o material que faltava, a investigação não poderia acontecer porque falta combustível para as viaturas dos investigadores. 

E ela retruca: E no caso do meu filho, se acontecer de novo? A resposta que obtém é de que a PM está com falta de viaturas porque o aluguel dos carros que fazem a ronda nas ruas não foi pago e o dono está pegando de volta. 

Esta última informação foi suficiente para que a mulher tão sofrida e agora indignada veja naquele ato de apertar alguns botões um efeito gigante de mudar essa realidade. E ela, assim como seu marido zé do povo foram seguidos por inúmeros “zé da silva”, “joanas, “amélias”, “ritas”, joaquinas” e “esmeraldas” que apertaram os tais botõezinhos com uma esperança sem igual e devem repetir o mesmo ato para que seus maridos não sejam mais humilhados e para que ninguém as chame em um canto para avisar que nada vai caminhar devido a tudo ter sido esquecido.

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