sexta-feira, 31 de outubro de 2014

EDITORIAL




O fim da côrte do imperador

A força do povo é incontestável, e triste do político que duvidar dela. Esta pode ser a lição tirada desta eleição onde as massas desde cedo começaram a dizer que o poder tem pouca força frente à vontade popular. Tal força foi reconhecida momentos após o resultado das urnas para consolidar a máxima de que não se governa sem o povo. Quem se arvora a fazê-lo, terá a resposta mais cedo ou mais tarde.
No caso da atual gestão, os erros começaram cedo. Quando se tapa os olhos e os ouvidos para os anseios daqueles que colocaram um representante da vontade popular no “trono” se está fadado ao fracasso. A força é tamanha que nem a mais forte máquina administrativa pode reverter seu caminhar. Esta é outra lição.
Este jornal “profetizou” (assim entre aspas para evitar qualquer analogia religiosa) tal queda quando viu que tipo de gestão estava sendo implantada no Amapá. Quando um dos primeiros passos foi criar uma polícia política ávida a perseguir oponentes políticos e quando jornalistas que destoavam do pensamento da situação passaram a ser processados.
Vimos nesta gestão, tons explícitos de uma ditadura. Coisa abominada por qualquer jornalista, uma vez que dentro de cada profissional de comunicação existe o sentido de não calar frente a covardias. Tivemos o Estado contra nós. Um imenso gigante de inúmeras cabeças soltando fogo pelas ventas e que parecia invencível.
No passar de cada semana, contávamos os dias fazendo o que o jornalismo deve fazer: denunciar. E foi assim durante todo esse tempo de batalha. Vencemos a guerra contra o imenso “dragão” usando canetas e ideias. Enquanto a munição do lado de lá era terrível e temível. Nós éramos “alimentados” pelo povo. A fome do jornalista é por notícias. Ele as devora quando as escreve e elas eram servidas a prato pleno por quem procurava a máquina pública e a encontrava emperrada.
Por quem passava horas e até dias em filas de consulta ou exame médico para no fim receber a informação de que nada seria feito. Tudo isso nos era trazido de uma forma absurdamente indignada. A mãe que teve a filha violentada, o filho assaltado, a casa invadida e não conseguiu registrar ocorrência por falta de papel ou por ter encontrado dois Ciospes fechados.
Por quem aguardou meses a fio o momento de uma cirurgia ortopédica e teve que sentar no asfalto quente em sinal de protesto para ser notado e mesmo assim não foi. E ainda por aqueles que perderam seus entes queridos para o câncer e não encontraram morfina de R$0,25 no estoque das farmácias públicas. Houve ainda os que recorreram à Justiça para tentar salvar uma vida já debilitada e ganharam a causa. Mesmo assim viram o Estado recorrer e preferir ser multado ou ter seu secretário de saúde preso.
Chegou a hora do basta. Um grito preso na garganta de milhares e que foi solto no domingo, 26 de outubro. Uma vitória conseguida com três toques em uma urna eletrônica, que foi a arma do povo, capaz de dar novos rumos a um Estado inteiro, capaz de alterar o rumo da história e nos dar a oportunidade de escrever sobre algo melhor.   


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