sexta-feira, 10 de outubro de 2014

ESPECIAL


Senador João Alberto Capiberibe



Capiberibe deixa claro seu ódio ao Judiciário





 
Sede do Tribunal de Justiça do Amapá




Roberto Gato
Da Superintendência


O senador João Alberto Capiberibe (PSB/AP) deixou claro mais uma vez seu ódio pela Justiça amapaense. Em uma reunião com vigilantes onde representou o candidato à reeleição Camilo Capiberibe, fez várias considerações de desabono ao funcionamento da instituição e ridicularizou decisões de magistrados. A primeira investida do senador foi dizer que no Judiciário “tem gente que tenta parafusar o parafuso ao contrário”. Ele segue afirmando que “Tem juízes aí que dão liminares absurdas que em vez de fazerem justiça, fazem injustiça”. Capiberibe ainda faz uma referência jocosa com a figura que representa a Justiça. “O símbolo da Justiça em nosso país é uma mulher e não se faz diferença do que se julga. A nossa justiça tem um olho fechado e outro bem aberto. O fechado é para proteger os ricos e o aberto é para proteger os pobres”.

Não é de hoje que João Alberto Capiberibe faz ataques ao Poder Judiciário. Quando foi governador do Amapá por dois mandatos chegou a ser processado por dois magistrados, Gilberto de Paula Pinheiro e Onildo Amaral de Melo Castro. Na época, ele se referia aos membros do Tribunal de Justiça como “uma quadrilha”.

No mandato como senador está ficando conhecido não pelas proposituras e ações, mas sim pelas “futricagens” as quais tem se prestado na tribuna do parlamento. Nos últimos anos, principalmente os que afunilaram a eleição disputada pelo filho Camilo, que tenta se reeleger, o “arauto da moralidade”, como vem sendo chamado em tom de ironia desde que foi cassado por compra de votos, o senador tem usado seu espaço de pronunciamentos em Brasília tão somente para atacar adversários.

A primeira vítima do apetite voraz de Capiberibe foi a imprensa amapaense de oposição a quem ele atribuiu a culpa pela rejeição gigantesca de Camilo, que beirou 80% em um passado bem recente e fez com que o senador tomasse a frente de uma estratégia de ataques sistemáticos que não passaram de tiros no pé e trapalhadas conturbadas. 

Conturbações na verdade fazem parte da vida de João Alberto Capiberibe que enquanto governador do Amapá, além de atrasar o Estado com a utopia do Plano de Desenvolvimento Sustentável – PDSA) base de sua gestão, não fez outra coisa a não ser travar embates desnecessários com os poderes. Sua gestão também foi marcada por situações escusas como o fechamento do Banco do Estado do Amapá (Banap), extinção da Senava (Secretaria de Navegação) e desvio de recursos milionários da Amapá Previdência. 

Em 2001 criou um factoide em nível nacional plantando a informação de que o Amapá tinha fortes ligações com o narcotráfico internacional. O então governador do PDSA chegou a montar uma relação de supostos “chefões da droga” que envolvia deputados, membros do Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas e empresários.

A então recém-criada CPI do Narcotráfico veio ao Amapá por duas vezes com base no factoide de Capiberibe. O resultado foi o fiasco das investigações que não resultaram em nada pela total falta de provas. 

Nas eleições de 2006, depois de uma lista de eventos que viraram anedotas populares, João Capiberibe foi derrotado no primeiro turno por Waldez Góes para logo depois enfrentar o fato que o rotularia para sempre na vida política o fazendo entrar para a História como o primeiro senador do Brasil cassado por compra de votos. Levou à tira colo a esposa Janete Capiberibe e tem hoje o filho investigado devido a 35 contas bancárias descobertas pela Polícia Federal na Operação Mãos Limpas. Ano passado teve que explicar a nebulosa compra de uma casa supostamente com verba pública do Sistema Único de Saúde (SUS). A seu estilo, falou pouco sobre o assunto, apresentou documentos imprecisos e processou quem continuou a falar sobre o caso. Neste diapasão move centenas de representações contra jornalistas do Amapá por motivos que causariam vergonha no próprio Fidel Castro e Hugo Chávez, seus ídolos declarados. 

Nos primeiros meses de 2013 teve o nome envolvido em mais um escândalo nacional quando Fran Júnior, ex-deputado e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá durante o período em que Capiberibe foi governador, trouxe à tona o pagamento de um “mensalinho” para alguns parlamentares. O objetivo da verba ilícita era garantir o apoio a ele dentro do Legislativo. À denúncia foram juntados recibos e áudios atribuídos ao senador e deputados, onde valores eram negociados.   

Nos anos que acumula em Brasília agraciado pelo julgamento da Lei da Ficha Limpa que só passou a valer a partir de 2010 e o fez voltar ao Senado não apresentou nenhum projeto significativo. O último que defendeu proibia servir bebida alcoólica em aniversário de criança. Foi mais uma vez motivo de chacota. Mais uma a se juntar no grosso repertório de sua vida pública que já renderia um bom repertório para qualquer comediante em começo de carreira.     
  


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