Remy
do Rêgo Barros
Esta semana estaremos
retratando a vida do pioneiro das comunicações no Amapá. O destino traçou a
vida deste pioneiro Remy do Rêgo Barros dentro da linha de difusão, pois órfão
aos dez anos já vendia jornal impressos nas ruas belenense ajudando sua
genitora a criar seus irmãos.
REMY DO RÊGO BARROS, nasceu
em Belém do Pará em 06 de novembro de 1933, filho de Raimundo Severo do Rêgo
Barros e Nair Araújo Nascimento.
Iniciou seus estudos na Escola Augusto Olímpio (onde concluiu
o primário), na mesma cidade onde nasceu. Não frequentou nenhuma outra escola
do ensino regular, sua formação escolar foi até a 5ª série.
Por ter ficado órfão muito pequeno (com 2 anos de idade),
começou a trabalhar ainda muito jovem (com 10 anos de idade) vendendo jornal
pelas ruas de Belém no bairro de São Brás, a fim de contribuir com a renda
familiar para o sustento da sua casa. Então, naquela época, por não ser
proibido o trabalho infantil, meu pai dividia-se entre a escola e o
trabalho.Trabalhou no Curtume Santo Antônio, quando conheceu a Leatrice Nazaré
Vasconcelos Barros, com a qual se casou.
Inicio no Rádio
Mas tarde, sentiu uma paixão muito grande por rádio e a
curiosidade foi aumentada ao ponto de sozinho aprender a consertar aqueles
pequenos aparelhos de rádios. Sentindo que essa seria sua profissão, começou a
estudar por correspondência, através do Instituto Universal, onde fez o curso
de Radiotécnico, concluiu e obteve o diploma da profissional, essa foi sua
primeira realização pessoal e que lhe abriu as portas no mercado.
Casamento
Casou-se em 1954 com Leatrice Nazaré Vasconcelos Barros e
devido as dificuldades, aceitou um convite para trabalhar no Loyd Aéreo
Brasileiro no Rio de Janeiro em 1955, mas esse emprego durou apenas 01 ano e 3
meses, ele pediu demissão por não ter conseguido levar a esposa para ficar ao
lado dele e o salário ser baixo.
De volta a Belém e desempregado (formal) começou a
trabalhar na informalidade consertando aparelhos eletroeletrônicos. Minha avó
materna (D. Nila) através de um conhecido, conseguiu lhe arranjar um emprego
na Radional, que na época funcionava no bairro da Estrada Nova /Belém.
Vindo para Macapá
Em 1958, ele recebeu o convite para trabalhar na Radional em
Macapá, onde seria o gerente da área técnica. Esse é o começo da história no
Amapá.
“Em Macapá, meu pai trabalhou na Radional, ao lado do
Lourenço (gerente comercial), Sebastião Balieiro, Elcir (são os nomes que
lembro), até que a Radional foi tomada pelo governo depois do golpe militar.
Inclusive meu pai foi preso nessa época, pois pensavam que ele era da
"esquerda", mas essa história ele nunca nos contou com detalhes, mas
segundo o papai, o grande responsável por sua liberdade foi o Jarbas Passarinho
e o Coronel Alacid Nunes juntamente com o D. Aristides Piróvano (bispo de
Macapá) que conseguiram provar que ele era uma pessoa honesta e trabalhadora”.
Sandra conta que depois
que a Radional foi tomada pelo governo, seu papai ficou outra vez desempregado,
então ele conseguiu montar uma oficina de consertos de eletroeletrônicos, foi
um sucesso, e ele fazia bicos na Rádio Difusora, como rádio técnico, prestava
serviços na ICOMI, trabalhou na Rádio Equatorial e mais tarde na Rádio
Educadora e essa história tu conheces. “Quando começaram os trabalhos para a
criação da Rádio Educadora, ele saia de casa pela manhã e não tinha hora pra
voltar, até que os trabalhos estivessem concluídos, eu via o papai feliz,
porque fazia o que mais amava e trabalhou de sol a sol até que a Rádio entrou
no ar”.
Mas mesmo assim não deixava os amigos e seu hobby “Nas horas
de folga, ele costumava se reunir com alguns amigos, na varanda de casa, onde
jogavam dominó até altas horas e nos dias de domingo ele reunia os filhos numa lambreta e íamos
tomar banho no Pacoval. Era muito divertido”.
Morávamos no bairro do Laguinho na rua Eliezer Levy, onde
passei minha infância. “Meu pai costumava dizer que ele era formado pela
"escola da vida" onde aprendeu sozinho as grandes lições e optou por
ser honesto e trabalhador e sempre acreditou que a educação seria capaz de
mudar o mundo”.
Retorno ao Pará
“Pelo fato de minha mãe não gostar de Macapá, saímos da
cidade em janeiro de 1970 retornando a Belém onde ele foi trabalhar a
Cotelpa, que virou Telepará e hoje privatizada Telemar, onde teve um grande
destaque dentro de suas funções até se aposentar. Em 1973, foi transferido de
Belém para Capanema/PA, a fim de coordenar toda a zona bragantina onde a
Telepará expandiria o sistema de telecomunicações. Mais tarde estudou e
conseguiu através do DESU o diploma de ensino técnico. Morou em Capanema até o
fim de sua vida”.
A família
Formamos uma grande família (literalmente); da união do Remy
com a Leatrice nasceram 13 filhos, dos quais apenas doze estão vivos, alías
essa é parte triste de nossa história, perdemos um irmão muito jovem e de
repente, e esse fato deixou o papai tão abalado que dois anos depois ele partiu
sem despedir-se de nós.
Os filhos: Eu, Sandra Barros, casada, pedagoga (Ufpa), servidora pública estadual, mãe de seis filhos dos quais 2 com formação superior e 4 ainda na universidade; Lucival Barros, casado Economista (UFPA), servidor público federal (CGU), pai de três filhos (2 com formação superior e 1 superior incompleto; Maria Santivanêz, casada, técnica em contabilidade (nível médio) tem 1 filho universitário de Biologia; Maria de Fátima, técnica em contabilidade (nível médio), mãe de 2 filhos 1 de formação superior e outro em formação; Maria de Nazaré (gêmea da Fátima) casada, professora (magistério) tem 3 filhos, todos casados; Luciano Barros, casado, Engenheiro Elétrico (UFPA), trabalha na Infraero, tem dois filhos ainda menores; Lucivaldo Barros, casado, Bibliotecário, Advogado e Doutor em Desenvolvimento Sustentável (UNB), servidor público federal (Ministério Público Federal) pai de dois filhos ambos universitários; Roselene Barros, casada, Engenheira Civil (UFPA) servidora pública federal (TRT) tem três filhos ainda menores; Rita de Cássia Barros, casada, Pedagoga (UFPA) servidora pública estadual e proprietária de uma escola de ensino fundamental, tem um filho, ainda menor; Lucindo Barros, casado, Analista de Sistema (Unama) servidor público federal, trabalha no IBAMA, tem dois filhos; Sandro Barros (in memória) era casado, deixou 3 filhos, também era servidor do MPU; Sávio Barros (era gêmeo do Sandro), casado, Advogado (UNAMA), tem um filhinha e sua esposa espera o segundo bebê; Sandrea Barros, casada, Fisioterapeuta (UEPA), tem uma filhinha e está gravida do segundo.
O papai dizia que não havia ficado rico (financeiramente) tinha uma situação estável e que sua maior riqueza era esse time que ele conseguiu formar e isso ninguém tiraria dele a não ser Deus.
Ele era torcedor apaixonado pelo Clube do Remo, coitado! se
ainda estivesse vivo com certeza estaria decepcionado com o clube de coração.
Nosso pai nos deu a maior riqueza: A EDUCAÇÃO e nos ensinou
que ser HONESTO e TRABALHADOR não prejudica ninguém. Mas ao perder seu filho
Sandro na flor da idade, se deixou abater pela tristeza e numa manhã de
sexta-feira fomos surpreendidos com a notícia de que ele havia falecido, sem
nos ter dado ao menos a chance de nos despedir.
Ele foi e será pra sempre um grande homem, cheio de defeitos
e infinitas qualidades, era solidário e justo, amigo e companheiro de todas as
horas.
Hoje estamos sem a presença física dele, mas com ele em nosso
coração.
Minha mãe ainda é viva graças a Deus e mora em Capanema.
Papai faleceu no dia 17 de
junho de 2005, causa da morte: parada cardíaca (foi fulminante); está enterrado
no Cemitério de São Francisco de Assis na cidade de Capanema/PA. (Sandra
Barros – 09/06/2011)
(Fotos e texto são contribuição de Sandra Barros -
filha do técnico em comunicações Remy do Rego Barros)
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