“Como legado aos seus descendentes,
deixou o exemplo maior de dignidade, integridade moral e amor ao trabalho”. Erotylde Costa Leite – filha de Antônio Costa –
A editoria do Pioneirismo está fazendo uma
viagem histórica trazendo ao lume do conhecimento dos amapaenses, grandes nomes
que aqui tiveram e deixaram sua marca na nossa historia. Esta semana vamos
conhecer a biografia de um escultor português que percorreu toda a Amazônia e
deixou em cada lugar que desembarcou suas esculturas que remetem a um conto ou
causo.
O nosso
pioneiro ANTÔNIO PEREIRA DA COSTA - Nascido a 17 de fevereiro de 1901, em Valadares, Vila Nova de Gaia,
Porto – Portugal, filho de Joaquim Pereira da Costa e Maria Rosa Costa. Seu pai, integrando um grupo de artistas
imigrantes portugueses e italianos, veio para o Brasil (Rio de Janeiro) por
volta do início da segunda década dos anos 1900, a fim de executar trabalhos da
sua arte, já que era escultor e estucador
nato, aqui se naturalizou brasileiro.
Com a morte de sua
mãe, Antônio Costa deixou sua terra-pátria e veio também para o Brasil, aonde
chegou a 24 de setembro de 1914, então com treze anos e meio de idade, passando
a ajudar seu genitor, a essa altura já em Belém (PA), na execução de ornatos do
Palacete Bolonha, nesta cidade.
Ao perceber que precisava aperfeiçoar a sua arte, foi para o Rio de Janeiro, matriculando-se na Escola de Belas Artes, onde permaneceu de 1917 a 1920, quando, por falta de recursos, teve de abandoná-la e retornar a Belém. Antes, porém, executou trabalhos artísticos no prédio do Rio Cassino, dentro do Passeio Público, ao lado do Palácio Monroe.
Em 1921, viajou para São Luís do Maranhão, aonde
retornou diversas vezes, com a incumbência de esculpir a imagem de Nossa
Senhora da Conceição, no frontal da Catedral da cidade. No mesmo ano,
acompanhando o genitor, foi para Manaus,
onde realizaram trabalhos de restauração na fachada do Teatro Amazonas.
Casamento
Antônio Costa casou-se em 1922 com a pernambucana Lydia Bezerra da
Silva, com quem teve oito filhos: Erotylde, José, Elza, Maria Rosa, Joaquim
Agostinho, Antônio Filho, Mário e Terezinha.
Em 1923, foi chamado novamente a São Luís, para esculpir o busto do
então governador do Maranhão e do Dr. Tarquínio Lopes Filho, proprietário e
diretor da “Folha do Povo” do Maranhão. Foi nesta época em que nasceu a sua
primeira filha, Erotylde, a única maranhense.
Empreendedor
Instalando-se em São Luís, seu pai, Joaquim Costa,
lá montou uma fábrica de artefatos de cimento, como mosaicos e marmorites,
transferindo-a, anos depois, com toda a maquinaria, para Belém do Pará, com o
nome de “Plástica Paraense”, à TRAvESSA Três de Maio, passando a fornecer
mosaicos e outros produtos de melhor qualidade para casas comerciais, igrejas
(Capuchinhos,p.ex.), Colégio Santo Antônio e várias outras construções.
Muito tempo depois, com o falecimento do pai e com
a venda do prédio da fábrica, por motivo de força maior, Antônio removeu as
máquinas para um modesto barracão no quintal de sua residência, à Travessa
Mercedes, no Marco, onde, com o nome de Fábrica “São José”, continuou a
fornecer aqueles artefatos para obras de construção no Estado.
Trazendo a arte para o Amapá
No Amapá, então Território Federal, a primeira
viagem de Antônio Costa deu-se à época da Segunda Guerra Mundial, levado pelos
americanos, com quem havia trabalhado na construção da Base Aérea de Belém,
para participar da construção da Base Aérea do Amapá. Mais tarde, retornou ao
Território, e ali deixou várias obras.
Homenagem
Existe em Macapá uma rua com o nome de Antônio
Pereira da Costa, no bairro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, homenagem da
Câmara àquele que contribuiu com o seu valioso trabalho para o crescimento do
Território Federal do Amapá, depois elevado a Estado.
O artista,
humilde por natureza, pois permaneceu pobre até os últimos dias, faleceu aos 82
anos de idade, em 1983, no mesmo hospital que construíra, em Macapá, exatamente
a 3 de julho, dia em que, por “ironia do destino”, estaria retornando a Belém,
para conviver definitivamente com seus filhos, netos e bisnetos (a esposa já
era falecida). Voltou para Belém, sim, mas para lá ser enterrado.
Como legado aos seus descendentes, deixou o exemplo maior de dignidade,
integridade moral e amor ao trabalho. - extraído
do blog Antonio Pereira da Costa (Velho Costa)
Legados no Amapá
Antônio Pereira da Costa, riscava as plantas
dos prédios e administrava os projetos das edificações em Macapá, entre esses
RESIDÊNCIA GOVERNAMENTAL; HOSPITAL GERAL DE MACAPÁ; MATERNIDADE E PAVILHÃO
INFANTIL DE MACAPÁ; PRÉDIO DO FÓRUM - na
construção civil e detalhes artísticos (escultura de dois leões e colunas);
Pedra do Guindaste - imagem de S. José na Pedra do Guindaste; PRÉDIOS DAS LOJAS
MAÇÔNICAS “Duque de Caxias e Acácia do
Norte” - na construção civil e ornatos; FRIGORÍFICO DE MACAPÁ; FÁBRICA
AMAPAENSE; AS PRIMEIRAS CASAS CONSTRUÍDAS PELO GOVERNO, à Av. Presidente
Vargas, com plantas suas; GRUPO ESCOLAR BARÃO DO RIO BRANCO; PRÉDIO DOS
CORREIOS; PRAÇAS;
O busto de Tiradentes, no pátio do Quartel da
Polícia Militar do Amapá, foi esculpido originariamente, conforme modelo, com
uma corda em volta do pescoço, mas, por decisão superior, foi libertado desse
inconveniente “colar”...
PÁTIO DE ACESSO AO QUARTEL DA POLÍCIA MILITAR
– busto de Tiradentes (1982);
CIDADE DE AMAPÁ , a 250 km da capital –
escultura da estátua do herói Francisco Xavier da Veiga Cabral, o “Cabralzinho”
– monumento esse, colocado no mesmo lugar onde o valoroso brasileiro e seus
caboclos repeliram com bravura a invasão francesa de terras amapaenses;
É de sua autoria o busto do Deputado Coaracy
Nunes, (que foi assentado em frente ao Aeroporto Internacional de Macapá)
primeiro Representante do Amapá na Câmara Federal.
Detalhe histórico:
Os leões do Fórum foram esculpidos pelo lusitano Antônio Pereira da Costa, a partir de uma forma confeccionada pelo Jorge Marceneiro que residia no bairro do Trem, na quadra dos Escoteiros do Mar Marcílio Dias. Um terceiro leão ainda foi esculpido, mediante encomenda do Comerciante Hermano Jucá de Araújo, proprietário da “Estância Leão Azul”. Quando este estabelecimento comercial foi fechado, o leão foi doado ao Clube do Remo, de Belém, e se encontra no Estádio Evandro Almeida, devidamente pintado de azul. Hermano Jucá era torcedor ranzinza do Clube de Periçá.
Os leões do Fórum foram esculpidos pelo lusitano Antônio Pereira da Costa, a partir de uma forma confeccionada pelo Jorge Marceneiro que residia no bairro do Trem, na quadra dos Escoteiros do Mar Marcílio Dias. Um terceiro leão ainda foi esculpido, mediante encomenda do Comerciante Hermano Jucá de Araújo, proprietário da “Estância Leão Azul”. Quando este estabelecimento comercial foi fechado, o leão foi doado ao Clube do Remo, de Belém, e se encontra no Estádio Evandro Almeida, devidamente pintado de azul. Hermano Jucá era torcedor ranzinza do Clube de Periçá.
Este
texto foi originalmente publicado no Portal Porta Retratos
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