quinta-feira, 2 de outubro de 2014

PIONEIRISMO




      



      “Como legado aos seus descendentes, deixou o exemplo maior de dignidade, integridade moral e amor ao trabalho”. Erotylde Costa Leite – filha de Antônio Costa –

DA EDITORIA

A  editoria do Pioneirismo está fazendo uma viagem histórica trazendo ao lume do conhecimento dos amapaenses, grandes nomes que aqui tiveram e deixaram sua marca na nossa historia. Esta semana vamos conhecer a biografia de um escultor português que percorreu toda a Amazônia e deixou em cada lugar que desembarcou suas esculturas que remetem a um conto ou causo.

O nosso pioneiro ANTÔNIO PEREIRA DA COSTA - Nascido a 17 de fevereiro de 1901, em Valadares, Vila Nova de Gaia, Porto – Portugal, filho de Joaquim Pereira da Costa e Maria Rosa Costa.   Seu pai, integrando um grupo de artistas imigrantes portugueses e italianos, veio para o Brasil (Rio de Janeiro) por volta do início da segunda década dos anos 1900, a fim de executar trabalhos da sua arte, já que era escultor e estucador nato, aqui se naturalizou brasileiro.

Com a morte de sua mãe, Antônio Costa deixou sua terra-pátria e veio também para o Brasil, aonde chegou a 24 de setembro de 1914, então com treze anos e meio de idade, passando a ajudar seu genitor, a essa altura já em Belém (PA), na execução de ornatos do Palacete Bolonha, nesta cidade.

Ao perceber que precisava aperfeiçoar a sua arte, foi para o Rio de Janeiro, matriculando-se na Escola de Belas Artes, onde permaneceu de 1917 a 1920, quando, por falta de recursos, teve de abandoná-la e retornar a Belém. Antes, porém, executou trabalhos artísticos no prédio do Rio Cassino, dentro do Passeio Público, ao lado do Palácio Monroe.

Em 1921, viajou para São Luís do Maranhão, aonde retornou diversas vezes, com a incumbência de esculpir a imagem de Nossa Senhora da Conceição, no frontal da Catedral da cidade. No mesmo ano, acompanhando o genitor,  foi para Manaus, onde realizaram trabalhos de restauração na fachada do Teatro Amazonas.

Casamento

Antônio Costa casou-se em 1922 com a pernambucana Lydia Bezerra da Silva, com quem teve oito filhos: Erotylde, José, Elza, Maria Rosa, Joaquim Agostinho, Antônio Filho, Mário e Terezinha.
            Em 1923, foi chamado novamente a São Luís, para esculpir o busto do então governador do Maranhão e do Dr. Tarquínio Lopes Filho, proprietário e diretor da “Folha do Povo” do Maranhão. Foi nesta época em que nasceu a sua primeira filha, Erotylde, a única maranhense.

Empreendedor

Instalando-se em São Luís, seu pai, Joaquim Costa, lá montou uma fábrica de artefatos de cimento, como mosaicos e marmorites, transferindo-a, anos depois, com toda a maquinaria, para Belém do Pará, com o nome de “Plástica Paraense”, à TRAvESSA Três de Maio, passando a fornecer mosaicos e outros produtos de melhor qualidade para casas comerciais, igrejas (Capuchinhos,p.ex.), Colégio Santo Antônio e várias outras construções.

Muito tempo depois, com o falecimento do pai e com a venda do prédio da fábrica, por motivo de força maior, Antônio removeu as máquinas para um modesto barracão no quintal de sua residência, à Travessa Mercedes, no Marco, onde, com o nome de Fábrica “São José”, continuou a fornecer aqueles artefatos para obras de construção no Estado.

Trazendo a arte para o Amapá 

No Amapá, então Território Federal, a primeira viagem de Antônio Costa deu-se à época da Segunda Guerra Mundial, levado pelos americanos, com quem havia trabalhado na construção da Base Aérea de Belém, para participar da construção da Base Aérea do Amapá. Mais tarde, retornou ao Território, e ali deixou várias obras. 

Homenagem

Existe em Macapá uma rua com o nome de Antônio Pereira da Costa, no bairro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, homenagem da Câmara àquele que contribuiu com o seu valioso trabalho para o crescimento do Território Federal do Amapá, depois elevado a Estado.

 O artista, humilde por natureza, pois permaneceu pobre até os últimos dias, faleceu aos 82 anos de idade, em 1983, no mesmo hospital que construíra, em Macapá, exatamente a 3 de julho, dia em que, por “ironia do destino”, estaria retornando a Belém, para conviver definitivamente com seus filhos, netos e bisnetos (a esposa já era falecida). Voltou para Belém, sim, mas para lá ser enterrado.
            Como legado aos seus descendentes, deixou o exemplo maior de dignidade, integridade moral e amor ao trabalho. - extraído do blog Antonio Pereira da Costa (Velho Costa)
 


Legados no Amapá
 Antônio Pereira da Costa, riscava as plantas dos prédios e administrava os projetos das edificações em Macapá, entre esses RESIDÊNCIA GOVERNAMENTAL; HOSPITAL GERAL DE MACAPÁ; MATERNIDADE E PAVILHÃO INFANTIL DE MACAPÁ;  PRÉDIO DO FÓRUM - na construção civil e detalhes artísticos (escultura de dois leões e colunas); Pedra do Guindaste - imagem de S. José na Pedra do Guindaste; PRÉDIOS DAS LOJAS MAÇÔNICAS  “Duque de Caxias e Acácia do Norte” - na construção civil e ornatos; FRIGORÍFICO DE MACAPÁ; FÁBRICA AMAPAENSE; AS PRIMEIRAS CASAS CONSTRUÍDAS PELO GOVERNO, à Av. Presidente Vargas, com plantas suas; GRUPO ESCOLAR BARÃO DO RIO BRANCO; PRÉDIO DOS CORREIOS; PRAÇAS;

O busto de Tiradentes, no pátio do Quartel da Polícia Militar do Amapá, foi esculpido originariamente, conforme modelo, com uma corda em volta do pescoço, mas, por decisão superior, foi libertado desse inconveniente “colar”...

PÁTIO DE ACESSO AO QUARTEL DA POLÍCIA MILITAR – busto de Tiradentes (1982); 



CIDADE DE AMAPÁ , a 250 km da capital – escultura da estátua do herói Francisco Xavier da Veiga Cabral, o “Cabralzinho” – monumento esse, colocado no mesmo lugar onde o valoroso brasileiro e seus caboclos repeliram com bravura a invasão francesa de terras amapaenses;

...e outras tantas obras executadas no período de 1945 a 1960.
1958 Macapá Aeroporto

É de sua autoria o busto do Deputado Coaracy Nunes, (que foi assentado em frente ao Aeroporto Internacional de Macapá) primeiro Representante do Amapá na Câmara Federal.

Detalhe histórico:
Os leões do Fórum foram esculpidos pelo lusitano Antônio Pereira da Costa, a partir de uma forma confeccionada pelo Jorge Marceneiro que residia no bairro do Trem, na quadra dos Escoteiros do Mar Marcílio Dias. Um terceiro leão ainda foi esculpido, mediante encomenda do Comerciante Hermano Jucá de Araújo, proprietário da “Estância Leão Azul”. Quando este estabelecimento comercial foi fechado, o leão foi doado ao Clube do Remo, de Belém, e se encontra no Estádio Evandro Almeida, devidamente pintado de azul. Hermano Jucá era torcedor ranzinza do Clube de Periçá.

Este texto foi originalmente publicado no Portal Porta Retratos



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