“Eu tenho uma lembrança muito nítida
dessa arte, a musica estava dentro de
mim e essa sensibilidade musical se confirmou quando aos cinco anos de idade eu
assistir a Ângela Maria, cantando na RDM a musica Lábios de Mel e eu na hora me
arrepiei e foi sinal de que a musica estava dentro de mim, fazia parte do meu
ser”. Manoel Sobral – Professor e intérprete musical do
Amapá
REINALDO COELHO
O nosso pioneiro da semana é um dos grandes nomes do
magistério e da boêmia amapaense.
Antigamente quem era boêmio era estigmatizado, digamos "muito
responsáveis". Pessoas sem regras ou disciplina, incapazes de parar em
qualquer emprego ou de constituir e sustentar uma família. Mas nem todos os
boêmios dedicam-se o tempo todo a noitadas alegres, regadas a álcool. É o caso
de Manoel Sobral de Souza, 68 anos, professor aposentado e um dos grandes
intérpretes da MPA e MPB. “Desde os dezoito anos frequentei a noite macapaense,
mais foi só aos 20 anos que comecei e curtir uma ‘gelada’”.
Manoel Sobral nasceu em 1945 e veio do município ribeirinho de
Santana, mais precisamente nas margens do Rio Matapi, na localidade de Poção
onde seu pai tinha um sitio. Filho dos agricultores familiar Raimundo de Souza
Filho e Maria Nazaré Sobral de Souza. “Não tive oportunidade de conhecer a
conviver com meu pai, pois eles se separaram quando eu tinha 1 ano 8 meses e
minha genitora veio para Macapá e passamos a residir no hoje Bairro do Trem.
Éramos cinco irmãos, dois já são falecidos”.
Sobral ressalta que sua mãe veio gravida do irmão Raimundo
Tiago Sobral de Souza e mais as duas irmãs, teve como acompanhante o tio Tomé
Augusto Sobral quando chegou e passaram residir na Avenida Pedreira n° 1, atrás
onde seria a então sede do Trem Desportivo Clube. “Minha mãe passou a lavar
roupa para fora e com esse serviço nos criou. Eu lembro que o Amapá tinha sido recém-transformado
em Território Federal, eu vi o Bairro do Trem crescer. Eu me lembro do inicio
da escavação do alicerce da sede do Trem e a Igreja de Nossa Senhora da
Conceição, ficava em frente à sede. Vi ser construído o Banheiro Público, que
fica localizado na Feliciano Coelho. Acompanhei a construção da EE Alexandre
Vaz Tavares onde comecei a dar meu primeiro passos rumo a educação, profissão
que abracei como meu ofício”.
Dos 9 aos 14 anos de idade foi estudar no Seminário dos
Padres do PIME, o Orfanato São José, na Ilha de Santana. “Lá aprendemos
diversos ofícios profissionais e um deles foi cantar no coral do seminário que
me levou a música com que convivo até hoje”.
Aos 14 anos, ele começou a trabalhar como carregador de
tijolos na antiga Olaria Territorial. Estou na Escola Industrial de Macapá onde
conclui o ginasial e foi fazer o científico no Colégio Amapaense que era um
preparatório para a Universidade. “Tive de interromper esse curso e fui para o
Colégio Comercial do Amapá, que tinha curso técnico e me formei em Ciências
Contábeis. O motivo casamento”.
Juventude
Como todo o jovem macapaense e morador do Bairro do Trem que
sempre respirou futebol, tanto é que as maiorias dos clubes amapaenses nasceram
em seu entorno. Sobral e a molecada da época praticavam as peladas no Campo dos
Escoteiros do Mar, que era comandada pelo Chefe Biroba e as artimanhas de
adolescentes.
Família
Com 23 anos de idade no Colégio Amapaense, conheceu a primeira
esposa Maria Tavares de Araújo, houve um período de namoro e Tavares foi
estudar em São Paulo e Sobral foi antecipar a conclusão dos estudos. Em 1968
houve o enlace e dessa união nasceram seis filhos e duraram 13 anos de
casamento.
Do segundo casamento com a jovem Elisabete Silva dos Passos,
que durou oito anos, nasceu mais uma filha que reside em Fortaleza (CE); houve
um período de relacionamentos sem compromissos e mais uma vez uma união desta
vez com Cléia Oliveira Sobral de Souza que já perdura oito anos, ou seja,
Manoel Sobral gerou oito filhos.
Carnaval e boêmia
As noites regadas a geladas, mulheres, poetas, músicos e a
música foi constante na vida de Manoel Sobral, o encanto pela interpretação
aconteceu na fase de pré-adolescente, quando escutou a voz de Ângela Maria, que
se apresentava na Radio Difusora de Macapá.
“Eu tenho uma lembrança muito nítida dessa arte, a musica estava dentro de mim e essa
sensibilidade musical se confirmou quando aos cinco anos de idade eu assistir a
Ângela Maria, cantando na RDM a musica Lábios de Mel e eu na hora me arrepiei e
foi sinal de que a musica estava dentro de mim, fazia parte do meu ser.
Lembro-me da minha primeira apresentação musical foi quando eu tinha 15 anos e
foi na sede do Atlético Latitude Zero, no Bairro do Trem”.
Manoel Sobral 50 Anos de Música e Emoções
Manoel Sobral, que é referência em músicas de bailes de salão
e fez muito sucesso no Amapá principalmente com o grupo Café com Leite.
O grupo “Café com Leite” levava samba e música romântica nas
vozes de Zenaide, Sobral e Maria Tavares, acompanhados por Chico Cara de
Cachorro, Zé Crioulo, Jaci, Ricardo, Fifita e Pelé. O grupo fazia muito sucesso
e sempre estava lá às sextas-feiras à noite e nas tardes de domingo. (Fernando
Canto)
O cantor Manoel Sobral, que este ano faz 53 anos de música,
vai comemorar a data em grande estilo. Está selecionando o repertório para a
gravação de um novo CD, depois do sucesso do seu “Boa Noite, Macapá”, de alguns
anos atrás.
Depoimento
Fernando Canto em seu blog homenageia Sobral com um belo
depoimento “Conheci Sobral há exatos quarenta anos, quando o acompanhei na
música “Maria”, um samba de Hernani Victor Guedes, no III Festival Amapaense da
Canção, no ginásio coberto Avertino Ramos. A música ficou em 2º lugar. Ele
também cantou, juntamente com a Maria Tavares, uma música do Sílvio Leopoldo
que ficou em terceiro. Antes mesmo desses festivais o cantor já fazia serenatas
nas ruas da cidade, acompanhando o DR. Edson Correia, um incorrigível amigo e
boêmio”.
Sobral é inesquecível como “puxador de samba” de Maracatu da
Favela nos antigos carnavais. Participou de festivais da canção e com amigos
criou o conjunto “Café com Leite” para tocar e cantar samba da melhor
qualidade.
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