Orçamento
do Amapá
E a Saúde vai mal, obrigado!
São mais de meio bilhão mal
aplicado.
Reinaldo Coelho
Você está vendo as imagens acima?
A cena choca. A cena revolta. A cena faz você pensar. A cena não acha
respostas. A cena provoca inúmeras perguntas.
Como permitimos que a Saúde
chegasse ao limbo?
Segundo relatório do TCU, depois
de visitarem 116 hospitais gerais e prontos-socorros em todos os estados e no
Distrito Federal, chegou-se a conclusão de que 81% das unidades têm déficit de
médicos e enfermeiros e que, em 56% delas, faltam remédios e ataduras em razão
de falhas nas licitações.
E de que adianta esses relatórios
produzidos pelo Tribunal de Contas da União (TCU) senão o de atestar o que todo
mundo já sabe?
No Amapá falta de
médicos, superlotação, greve dos maqueiros e escassez de material hospitalar,
são algumas das reclamações de acompanhantes e pacientes no Hospital de
Emergências (HE), no bairro Central. De
acordo com familiares, alguns pacientes esperaram por mais de cinco horas para
serem atendidos. Segundo relatos, somente um médico estava atendendo a urgência
e emergência. A falta de escalpes e a redução de maqueiros paralisou o
atendimento.
O problema é até estranho, pois
há dinheiro, isso é óbvio o Orçamento para Saúde que está previsto para 2015 é
de R$ 617.426.014,00 em 2014 foi de R$
537,2 milhões. Se há dinheiro para propaganda institucional no montante de R$
28 milhões, R$ 2 milhões para o Carnaval, e por ai vai, é importante para o
lazer do povo? É mais tem de haver dinheiro para a Saúde. O que não há é
vontade política. Senão qual outra explicação? A burocracia das licitações? O
que dizer das inúmeras obras começadas e esquecidas, das obras prometidas, dos
aparelhos de tomografia e de ressonância magnéticos comprados e parados sem uso
porque faltou um maldito documento ser assinado ou faltou uma guia?
Que administração é essa? Põe o
aparelho para atender a população e depois resolve essa questão. Os pacientes
podem não ter esse tempo para esperar.
A foto acima é do Hospital de
Emergência de Macapá, onde a paciente aguarda atendimento deitada no chão da
enfermaria. Mas ela poderia ter sido tirada em Santana ou em quaisquer outros
municípios em situações piores. A única diferença seria o endereço. Mais nada.
Absolutamente mais nada. O descaso, a falta de respeito à vida e ao ser humano
são os mesmos.
O dinheiro até existe, mas ao
mesmo tempo é como se não houvesse um tostão nos cofres públicos, pelo menos a
parte do dinheiro que seria destinada ao povo e ao seu bem estar.
As reformas e adaptações nos
hospitais construídos na gestão do governo Janary Nunes, vem sendo mantida, as
obras são realizadas com o funcionamento e atendimento das clínicas, causando
transtorno aos pacientes. Isso se observa no Hospital das Clinicas Alberto
Lima, Hospital de Atendimento Infantil. O investimento na construção de novas
unidades hospitalares descentralizadas não acontece.
Aplicação
financeira
O Amapá
gasta R$ 2,03 por dia em saúde
A Emenda Constitucional 29, em
vigor desde 13 de setembro de 2000, já define que os estados devem gastar 12%
de suas receitas em Saúde, enquanto os municípios devem aplicar 15%. A União
deve aplicar o chamado piso nacional de Saúde: que é o orçamento do ano
anterior mais a variação do PIB nominal (inflação mais o crescimento da
economia). A proposta em discussão na Câmara mantém esses índices, mas torna a
contabilidade mais rigorosa.
Gasto per
capita
Levantamento do Conselho Federal
de Medicina que avalia gasto per capita
em saúde pública das metrópoles do país, mostra que o Amapá tem um gasto de R$
2,03 por dia em saúde. Este é o valor que foi aplicado no Sistema Único de
Saúde (SUS), por pessoa, com os recursos próprios do governo do Amapá e os transferidos
pela União em 2013. O dado coloca o estado em quinto lugar no ranking de gasto
público per capita em saúde, segundo um levantamento do Conselho Federal de
Medicina (CFM).
Ao todo, cada amapaense custa, em média, R$ 730,90 ao ano para os cofres
públicos. O valor representa apenas 33% do que os beneficiários de plano de
saúde gastam por ano para ter acesso à assistência suplementar.
A análise do CFM considerou as despesas apresentadas pelos gestores à
Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda, por meio de
Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária (RREO). O montante agrega todas
as despesas na chamada “função saúde”, destinada à cobertura das ações de
aperfeiçoamento do SUS. Boa parte desse dinheiro é usada para o pagamento de funcionários,
dentre outras despesas de custeio da máquina pública.
A comparação mostra que em geral os valores são insuficientes para
melhorar indicadores de saúde em nível local. Neste estudo, as despesas em
saúde foram cruzadas com Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), oferta de
leitos para cada grupo de 800 habitantes, taxas de incidência de tuberculose e
dengue, além da cobertura populacional de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e
Equipes de Saúde da Família (ESF).
Apesar das taxas de incidência de algumas doenças e demais indicadores
de saúde local do Amapá não estarem entre os piores, o estado tem um baixo
índice (1,20) de Leitos SUS por 800 habitantes. O IDH do Amapá (0,71) também é
mais baixo do que a média nacional (0,73), segundo pesquisa divulgada pelo
Programa das Nações Unidas (PNUD), que mede o desenvolvimento econômico e a
qualidade de vida oferecida pela população. Ao longo de 2013, o Amapá destinou
efetivamente à saúde da população cerca de R$ 537,2 milhões.
Para a “administração geral”, que compreende as ações de caráter
administrativo, exercidas continuamente e que garantem o apoio necessário à
execução de planos e programas de governo, foram destinados R$ 391 milhões, o
equivalente a 72% dos recursos. O restante foi distribuído entre as ações
voltadas para a Assistência Hospitalar e Ambulatorial (R$ 131 milhões),
Vigilância Epidemiológica (R$ 3,7 milhões), Planejamento e Orçamento (3,5
milhões), Atenção Básica (R$ 3,2 milhões), dentre outras.
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Saúde não é prioridade Para o 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital,
os indicadores de saúde e as condições de trabalho para os médicos nos
municípios revelam como os valores gastos estão abaixo do ideal. “Como podemos
ter uma saúde de qualidade para nossos pacientes e melhor infraestrutura de
trabalho para os profissionais do setor com tão pouco recurso? O pior de tudo
isso é que, enquanto Estados e Municípios se esforçam para aplicar o mínimo
previsto em lei, a União deixa de gastar, por dia, R$ 22 milhões que deveriam
ser destinados à saúde pública”, criticou o presidente ao relembrar um estudo
do CFM, no qual aponta que, entre 2001 e 2012, o Ministério da Saúde deixou de
aplicar quase R$ 94 bilhões de seu orçamento previsto.
Além da má qualidade da gestão dos recursos, que tem impacto direto na
assistência da população e na atuação dos profissionais, os representantes dos
médicos acreditam que a saúde pública no Brasil não é uma prioridade de
governo. Entre as capitais, a média do gasto em saúde por pessoa foi de R$
542,82 ao ano. Macapá foi a única capital onde não foi possível encontrar os
valores aplicados na saúde no ano de 2013. Nem mesmo o Portal da Transparência
do Município disponibilizava os dados durante o levantamento.
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