quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

ESPECIAL











 TERRA ARRASADA


                     
O AMAPÁ QUE CAMILO DEIXOU




Depois de quatro anos de uma gestão desastrosa e uma vergonhosa derrota nas urnas, os rombos e trapalhadas de Camilo Capiberibe vêm à tona em uma crise sem precedentes documentada em levantamentos da nova gestão. O Estado que ele repassou para o sucessor Waldez Góes apresenta sérios problemas em todas as áreas.



Waldez Góes assumiu um Estado “engessado” que agora começa a dar os primeiros passos para se recuperar do desastre

Da Redação  




O processo de transição do governo derrotado de Camilo Capiberibe, para o eleito Waldez Góes ainda é uma caixa preta. Desde o início, após o resultado das eleições, a equipe do ainda governador tem criado todo tipo de embaraço para dificultar o repasse de informações à nova gestão. A Justiça chegou a ser acionada, mas Camilo ficou conhecido ao longo do mandato por descumprir decisões judiciais sem que nada aconteça. A pergunta é: O que o atual governo com seus dias contados tenta esconder da equipe do novo governador, que busca de todas as formas saber em que situação está o Amapá? Há quem diga que o desespero de Camilo ness,e trágico fim de mandato é exatamente esse, tentar esconder de todas as formas o estrago feito ao longo de quatro anos e agravado acentuadamente no período da campanha em que buscou a reeleição.
Governador usou a cadeira de governador como propriedade sua

Historicamente na política do Amapá é a primeira vez que um governador cria embaraços para informar o sucessor do que ele vai encontrar quando assumir a poltrona do Setentrião. Em um passado não tão distante, que envolve os Capiberibe, Anníbal Barcellos, um dos últimos suspiros da administração militar não fez qualquer restrição ao deixar o mandato e entrega-lo a João Capiberibe, pai de Camilo. Pedro Paulo Dias de Carvalho, que ficou no governo no fim da segunda gestão de Waldez Góes, em 2010, repassou a cadeira (a Camilo Capiberibe) mostrando todo o detalhamento de como estava o Amapá naquela época. Já Camilo, que entra para a história com o decadente título de governador que não conseguiu se reeleger, prefere levar às últimas consequências o ranço que demonstrou ter já nos primeiros meses de governo.

Camilo e Cháves em encontro na posse de Dilma Roussef  e foi amor a primeira olhada
O gestor que sai da vida pública para a condição de homem comum, deixa claro os traços do ultrapassado e combatido pensamento “chavezcastrista” isolado pelo mundo moderno em suas republiquetas particulares onde se declararam deuses-imperadores apesar da resistência de muitos. Nestes mundos fechados, sucessão ou abertura política são termos proibidos, o que existe é a perpetuação do mesmo grupo. Na Venezuela, a morte de Hugo Chavez fez o sucessor Nicolás Maduro e em Cuba, a ditadura de Fidel Castro continua com o irmão dele, Raúl. Já por aqui, o sonho de se manter no poder governando para o próprio umbigo com as mesmas ideias “venezuelocubanas” acabou para Camilo, que parecia viver em um mundo próprio e fictício enquanto o povo enfrentava a realidade de um modelo administrativo perverso e indiferente.

Voltando ao processo de transição emperrado pelo ainda governador, analistas políticos consideram que Camilo Capiberibe hoje vive um inferno astral que se divide em assombrá-lo, hora em sua vaidade pessoal quando ele vislumbra o retorno à condição de cidadão comum tendo perdido todo o aparato que hoje ainda cerca sua suntuosa condição, hora em buscar uma solução para tampar rombos que podem leva-lo a responder judicialmente por crime de responsabilidade.

Caçambeiros fazem churrasco em frente ao Palácio do Governo querem receber o atrasado
O Amapá nos últimos dias de gestão de Camilo Capiberibe está mergulhado em uma total crise que pegou em cheio os ditos “trabalhadores de escalões menores”. Vigilantes, merendeiras, serventes, fornecedores, prestadores de serviço e até empresas de médio porte que já consideram ter levado calote do homem eleito em 2010 com o slogan “dinheiro tem, o que falta é gestão” e que disse na campanha deste ano que estava colocando o Amapá no eixo.

Já nos primeiros meses de 2011, primeiro ano de governo, o povo começou a perceber que havia sido enganado e que Camilo não tinha ideia do que era gestão e muito menos utilizar o dinheiro para resolver os problemas dela. Ele também disse que a arrecadação cresceu volumosamente com um modelo de arrecadação que cobrava impostos dos empresários, antes mesmo da mercadoria chegar às prateleiras para a venda. A antecipação tributária foi e é considerada como a principal razão da falência de inúmeros empreendedores. Por outro lado, o governo comemorou com festa o superávit nos cofres. Só não se sabe diante da atual crise, onde foi parar tanto dinheiro.
Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já mostrava em 2012 que 29,3% das empresas pararam suas atividades. Em 2011, o percentual de empreendimentos que fecharam as portas chegou a 27,3%, maior taxa desde 2008 que ficou em 19,6%. Para os economistas, nada mais que o resultado da antecipação tributária de Camilo. O mesmo levantamento revela que, enquanto 94% dos assalariados estavam colocados nas empresas sobreviventes, 6% nas que começavam e 2,7% nas que saíram do mercado.




A CRISE EM DETALHES

O mapeamento do IBGE fornece dados estatísticos da situação econômica do Amapá no período em que Camilo Capiberibe iniciava sua gestão do “dinheiro tem, falta gestão”. No comércio, o setor reparação de veículos automotores e motocicletas foi a atividade que apresentou maiores taxas de entrada (24,7%). Também foi o setor com as maiores taxas de saída (57,8%).

Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foram atividades com maiores ganhos de pessoal assalariado, todos ligados à entrada de empresas no mercado, em um total de 41%. O levantamento no entanto concluiu que o crescimento foi inferior ao ano de 2011. As entradas no mercado neste período ficaram em 1.552 postos de trabalho a menos. Camilo sempre negou o encolhimento econômico em seu governo defendendo-se com a abertura de grandes investimentos como shopping centers, que por sua vez haviam planejado abrir as portas há praticamente uma década. 

O governador chegou a usar a imagem destas empresas em seu horário político e acabou sendo repreendido pela Justiça Eleitoral e desmentido pelos próprios empreendimentos. Prova da crise gerada por sua gestão foi a debandada do Amapá da fábrica da Coca Cola, que desde os anos 80 funcionava nas proximidades do Rio Matapi. Uma nota foi divulgada pela direção da empresa esclarecendo que o excesso de tributos forçou a saída para um mercado mais atrativo, uma referência ao Pará, Estado para onde o empreendimento mudou-se. Como se não fosse bastante, em 2013, cerca de trezentas micro empresas fecharam as portas retirando centenas de trabalhadores do mercado. A nova gestão deve pegar um Estado enfraquecido em um dos segmentos que mais emprega, depois do próprio governo, que é o comércio.




AFUNDADO EM DÍVIDAS

Além da fragilização da economia e de um comércio afetado, o governador Waldez Góes deve encontrar do lado de dentro do governo, um Amapá no mínimo quebrado para administrar nos próximos quatro anos. Camilo Capiberibe sai com o rótulo de ser um dos nove governadores que vai deixar o Estado bem mais endividado do que encontrou.

As informações são do Tesouro da Fazenda, que fez um levantamento revelando que as 27 unidades da federação deviam, no final de 2013, algo em torno de R$ 500 bilhões. Se chega a este cálculo comparando o endividamento com a receita de corrente líquida. Seria como comparar um cidadão que tem uma renda mensal de R$ 1.000, e paga R$ 300 de dívidas. Têm-se aí, um comprometimento de 30% do salário. No entanto, ele deve mais do que outro que ganha R$ 2.000 e paga R$ 500 mensais, correspondente a 25% dos vencimentos.

Com os estados, a Receita usou como base os dados do balanço final de 2010 e de abril de 2014, período em que Acre, Amapá, Espírito Santo, Pernambuco, Piauí, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins passaram a avançar no comprometimento de seus fundos paralelamente se endividando.






ROMBO NA AMPREV E DESVIO DE RECURSOS
Amprev acumula um rombo que pode chegar aos R$ 500 milhões

Dívidas, de certo assombrarão a futura gestão. Outro exemplo delas é a AMPREV, usada pelo atual governador durante os quatro anos de mandato para atacar o ex-gestor pedetista que reassume em janeiro. Na fala de Camilo, Waldez deixou um rombo imensurável na Amapá Previdência e não repassou as parcelas descontadas dos empréstimos dos servidores para os bancos. Waldez foi processado a absolvido das acusações na esfera criminal.

Já Camilo terá que responder pelo que acusava Waldez, o não repasse dos mesmos recursos. O caso é mais grave e envolve, além de desvios na Amprev, convênios com DNER e BNDES e SUS.  

Mês passado a Assembleia Legislativa anunciou que vai investigar o governador por suspeita de transferir ilegalmente recursos federais das contas de convênios com o Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (DNER), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Sistema Único de Saúde (SUS) para conseguir cobrir as despesas com pessoal, que é a folha de pagamento dos servidores.
Parlamentares amapaense aprovam investigação governador

O requerimento aprovado por unanimidade pelos parlamentares em sessão extraordinária teve como base o relatório apresentado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que assegura que o desvio feito por Camilo Capiberibe caracteriza falta de planejamento, além de descumprir as leis que regem o acordo com o DNER, BNDES e SUS. Pelo demonstrativo apresentado pelo TCE, Camilo Capiberibe desviou das contas do DNER, BNDES e SUS aproximadamente R$ 130 milhões de 2012 a 2014.

Conforme o quadro expositivo feito pelo tribunal, em 2012 o governo transferiu R$ 141.102.778,82, sendo R$ 60,5 milhões do DNER, R$ 73.690.778,82 do BNDES e R$ 6,912 milhões do SUS. No ano seguinte, o governo, mais uma vez, recorreu às contas dos convênios federais: do DNER retirou R$ 48,100 milhões e mais R$ 8 milhões do BNDES. Este ano, Camilo voltou a fazer uso de transferências irregulares da conta do BNDES no valor de R$ 49,350 milhões. O que totaliza R$ 246.552.778,82. Desse total, o governo devolveu apenas R$ 117.173.856,83. Um rombo aos cofres de R$ 129.378.922,00.

O governador também é acusado de cometer crime de improbidade administrativa, por recolher as contribuições previdenciárias retidas da patronal e dos servidores e não repassadas a AMPREV, no exercício 2014, de R$ 117.925.440,39. Somados com o que não foi devolvido aos cofres, o governo desviou aproximadamente R$ 250 milhões, segundo os deputados. 

Conforme o texto da matéria, de autoria do deputado Edinho Duarte (PP), o recurso seria para bancar a folha de pagamento dos servidores. Segundo o paramentar, Camilo – mesmo em ano de eleições – não respeitou a lei eleitoral e provocou o inchaço da folha com a contratação de pessoal. "Esta falta de planejamento e o descontrole por parte do governador para com contratação de pessoal vão resultar no atraso pagamento da folha do servidor, de pelo menos, dois meses, uma vez que o Tribunal de Contas da União irá determinar a imediata devolução dos recursos as suas origens", destacou Edinho.

Segundo o deputado, o excesso na contratação de pessoal comprometeu o orçamento vigente e pode deixar sequelas na dotação orçamentária de 2015. Para Edinho Duarte, ficou claro que o governador Camilo Capiberibe não cumpre o que preceitua a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que limita o ordenamento de despesas com pessoal.
Para agilizar o processo de investigação nas contas públicas, o deputado anexou a documentação comprobatória oriunda do Sistema de Planejamento e Gestão do Governo do Estado, o relatório apresentado pelo Tribunal de Contas do Estado, além da denúncia feita pelo servidor Marlúcio de Almeida Souza sobre a retenção dos recursos recolhidos dos vencidos de funcionários públicos e não repassados à AMPREV.

Todo o material será encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), a Superintendência de Polícia Federal no Amapá, ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério Público Estadual (MPE), para que possam tomar medidas e assim estancar, o que o deputado chamou de sangria que sofre os cofres do Estado.


SAÚDE QUE AGONIZA    
Atendimento de pacientes no Hospital de Emergência sempre fica lotado
          
No apagar das luzes, Camilo Capiberibe procura deixar o maior número de dificuldades para a gestão de Waldez Góes. Depois de quatro anos e faltando duas semanas para deixar o Setentrião ele resolveu chamar os aprovados no concurso público da saúde. O objetivo ainda que camuflado, é inchar a folha de pagamentos do futuro governo.
No mais, a próxima gestão vai enfrentar um caos que se agravou acentuadamente com Camilo. A sangria citada pelos deputados chega até as compras superfaturadas e relatadas pelo Tribunal de Contas do Estado, onde uma medicação que custa no mercado R$ 49 chegou a ser adquirida por R$1.900. Sem nos contratos emergenciais que ignoraram a Lei das Licitações. Ou do pagamento destinado a uma única empresa em um festival de irregularidades.
Com cartazes e palavras de ordem pacientes fizeram manifestação na frente ao Hospital de Emergencia

O governo também tem dívidas com o Hospital São Camilo, que chegou a anunciar a interrupção de atendimentos feitos pelo SUS por falta de repasses que são federais. A SESA fez promessas de emergência de que iria quitar a dívida. A verdade é que a saúde no Amapá nunca passou por um estado tão precário, o que foi dito incansavelmente por profissionais da saúde e pelos próprios pacientes. O atendimento é de péssima qualidade, além da falta de medicações básicas que obrigam os doentes a voltar para casa ou procurar uma farmácia para adquirir o que as unidades não oferecem. A população de baixa renda, que representa maioria da demanda tem chegado a fazer protestos para chamar a atenção das autoridades, mas o efeito esperado não ocorre como deveria. Além da precariedade no atendimento de hospitais, a espera por uma consulta chega a ser de três a quatro meses.

A crise também é administrativa. A atual gestão acumulou escândalos com os gestores que passaram e com os que estão hoje à frente da SESA. Lineu Facundes, um deles, é condenado pelo Tribunal de Contas da União, Edilson Pereira foi indiciado por irregularidades e ainda responde com Lineu e Roberio Monteiro, também ex-secretário, a três ações interpostas pelas Promotorias de Defesa da Saúde, do Patrimônio Público e de Investigações Cíveis, Criminais e Ordem Tributária, sobre descumprimento injustificado de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado em 2011 que determinava o encerramento de contratos emergenciais com prestadores de serviço. Desde 2011, a prática foi adotada substituindo o processo de licitação exigido em lei para a contratação de serviços da administração pública.

Mas a ficha suja de gestores na SESA não para por aí. Olinda Consuelo, a que mais durou na secretaria deixou o cargo com uma condenação no Tribunal de Contas da União por desviar verba do Sistema Único de Saúde para pagar quentinhas. A Secretaria de Controle Externo do TCU detectou irregularidades na aplicação de recursos do SUS. Edilson Afonso Mendes Pereira e Lineu da Silva Facundes também embarcaram na mesma prática e compraram marmitas para vários setores da SESA sem ter em mãos uma planilha de custos e muito menos tabela de preços. A quantidade também era bem acima do que a secretaria necessitava e tudo pago com dinheiro do SUS.
O secretário de Saúde, Jardel Nunes, declarou que o PAI deverá ser entregue  em setembro. Estamos em dezembro

Jardel Nunes, atual secretário da saúde, de acordo com a Lei da Ficha Limpa, nacional e estadual não poderia estar ocupando o cargo por também ser ficha suja. Ele é condenado por má aplicação de dinheiro público. O secretário foi preso duas vezes este ano por descumprir determinações da Justiça na compra de medicações para pacientes que precisavam de tratamento urgente.




SUPERFATURAMENTO E COLAPSO
Tribunal de Contas do Amapá

Ano passado, o Tribunal de Contas da União divulgou relatório onde enumerou uma série de irregularidades dentro da SESA, entre elas a compra de medicações superfaturadas. Uma delas, usada para combater o câncer, chegou a ser comprada por R$ 1.900 enquanto no mercado é vendida por R$ 48,00.

Já o Tribunal de Contas da União, declarou que a saúde no Amapá é um caos absoluto. Em um relatório de 29 páginas o TCU enumerou problemas encontrados nos hospitais do Estado. O documento foi dividido em temas e subtemas que vão de serviços hospitalares à estrutura física mostrando um desfile de deficiências.

O Tribunal ouviu o Conselho Regional de Medicina e o chefe do setor de auditoria interna da Secretaria de Estado da Saúde, assim como também os diretores e funcionários dos hospitais.

No item emergência foi detectada a carência de médicos, insuficiência de leitos, falta de equipamentos básicos e a ausência de uma eficiente gestão. Também foi notada a superlotação e a aglomeração de pessoas nos corredores, além da demora excessiva no atendimento e total deficiência dos serviços prestados. 

O Hospital de emergências, de acordo com o TCU, também não dispõe de um cadastro de pacientes para a realização de cirurgias previamente agendadas. Por conta disso, os pacientes têm que permanecer nos leitos do hospital, maioria improvisados, à espera da cirurgia. Caso o paciente saia da unidade, corre o risco de perder a vez na fila de operações. Isso acarreta uma taxa média de ocupação hospitalar de 381%.  

O Tribunal de Contas da União fez várias referências à vistoria do Conselho de Medicina, que encontrou no Hospital de Emergências, entre outros absurdos, os corredores transformados em enfermarias de camas sem colchões, macas enferrujadas e apenas dois banheiros em condições precárias para serem compartilhados entre pacientes e acompanhantes.

No Hospital da Criança e do Adolescente, a precariedade continua. As infecções hospitalares são praticamente certas pela falta de higienização adequada dos leitos e o não cumprimento das normas da Anvisa que determinam o distanciamento de no mínimo um metro entre berços e camas.

A falta de limpeza, entulhos espalhados pelo hospital, demora nos exames complexos como Tomografia e Ressonância, e até os mais básicos. E ainda faltam medicações e equipamentos. O relatório foi assinado pelo presidente do TCU, José Augusto Ribeiro Nardes, o relator Benjamin Zymler e o procurador geral Paulo Soares Bugarin.



DEPÓSITO DE GENTE

Dentro dessa realidade o Hospital da Criança também está dentro da crise a ponto de médicos terem chamado representantes do Conselho de Medicina para constatar a precariedade. Não existem leitos, banheiros estão quebrados e nos que ainda funcionam não existe a mínima higiene. Sem contar as agressões praticadas contra médicos por pais que perdem o controle diante da situação. Durante a vistoria do CRM, feita há cerca de dois meses, 44 crianças foram encontradas nos corredores e outras 4 haviam sido entubadas em macas improvisadas como leitos. Em alguns casos, existe até dois pacientes dividindo a mesma maca.

Fernando Nascimento, presidente do Sindicato dos Médicos, que esteve no local disse também não ter encontrado máscaras usadas para a nebulização, que amenizam problemas respiratórios.

ESPERA E DESESPERO

A falta de manutenção em equipamentos nos hospitais tem feito com que os pacientes entrem em uma fila de espera onde o atendimento pode demorar de três a quatro meses e em alguns casos muito mais. A quebra do tomógrafo que funciona no Hospital de Especialidades ocorrida em maio fez com que exames fossem marcados para setembro. Um problema a mais para quem sofre de uma enfermidade grave e precisa de urgência. Quando houve a divulgação, a máquina já estava parada há dois meses sem qualquer providência tomada provocando a suspensão dos agendamentos. A fila de espera tinha nada menos que duzentos nomes.

Diferente do Ministério Público do Estado, o Ministério Público Federal tem procurado agir para tentar melhorar o atendimento à população. Esta semana, o MPF pediu à Justiça que uma multa de R$ 10 mil por dia fosse aplicada ao Governo do Estado por descumprir uma liminar que determinava melhorias no Hospital da Mulher Mãe Luzia. O MPF pede também que o governador do estado, secretário estadual de saúde e o diretor do hospital sejam multados em R$ 500 diários. As multas são retroativas a 19 de fevereiro de 2014, que foi o prazo dado para concluir as melhorias no hospital.
Funcionários dizem que estão sobrecarregados

Ano passado, em setembro, foi determinado pela Justiça Federal que o governo tomasse providências que garantiriam o direito e o acesso do cidadão à vida e à saúde, referindo-se a mulheres e crianças pacientes da maternidade. A ação também falava em tornar mais nove leitos disponíveis na Unidade de Terapia Intensiva. Outros 15 leitos seriam para a Unidade de Cuidados Intermediários (UCI). A relação segue com revestimento de portas, consertos no piso, forros e paredes. Os serviços deveriam ter sido concluídos em 19 de fevereiro deste ano.


Na visita feita ao hospital por auditores do Departamento Nacional de Auditoria do SUS foi constatado que praticamente nada foi feito. Das 58 solicitações, somente 10 foram cumpridas. Um conjunto de situações que transformam o dia a dia de quem procura atendimento na rede pública de saúde um verdadeiro pesadelo que começa na fila de espera por uma consulta, passa pelo ambulatório e vai até a marcação de exames.






NO MUNDO DA PROPAGANDA
A saúde de primeiro mundo de Camilo Capiberibe existiu apenas na propaganda milionária que o governo colocou no ar durante o período pré-eleitoral. Seu mundo ilusório, onde tudo funcionava bem, não saiu por menos de R$ 28 milhões, orçamento bem superior ao de certos setores da segurança pública.
Quatro pessoas dividem leito em hospital de Macapá
Os gastos foram parar nas páginas do jornal O Estado de São Paulo, que publicou em sua edição de 9 de fevereiro de 2013, matéria que revelou o aumento de gastos com propaganda institucional e de utilidade pública em vários Estados do País. O governador Camilo Capiberibe apareceu na lista ao lado de Geraldo Alckmin (SP), Marconi Perillo (GO) e Simão Jatene (PA). O detalhe foi que entre 2012 e 2013 o gasto com propaganda do governo do Amapá aumentou 67%, sendo o terceiro maior aumento registrado no País, e tendo representado R$15,3 milhões. Se ampliada a comparação para 2011, o governo do Amapá teve o maior crescimento com propaganda, ficando em 206%. Já em 2014 os custos anunciados com a propagando do governo do Amapá foram de R$ 28 milhões. Parte desse montante foi retirado da Universidade Estadual do Amapá (UEAP).

O Tribunal de Contas do Estado chegou a determinar o fim do contrato por suspeitar de irregularidades em sua execução. Ano passado a Polícia Civil requisitou documentos da Secretaria de Estado da Comunicação para abertura de inquérito. A Secom “empurrou com a barriga” o pedido até que o delegado Leandro Leite pedisse exoneração do cargo sob alegação de não conseguir reunir os documentos, devido a morosidade do governo. Quando era deputado estadual, Camilo criticava duramente Waldez Góes pelos gastos com publicidade. O valor usado pela gestão na época era bem menor. O discurso mudou automaticamente depois que ele assumiu o governo em 2011. Mas apesar de gastar uma fábula com propaganda, Camilo Capiberibe se notabilizou por ser o governador mais rejeitado na história política do Amapá. Chegou a ter uma avaliação negativa de 80% em 2013 e fechou o período eleitoral com mais de 50%.


INSEGURANÇA PÚBLICA






Outra bomba que deve cair no colo da nova gestão é a segurança pública, hoje sucateada. Dos três centros de segurança criados para funcionar nos bairros, apenas um está em operação no bairro Pacoval, zona Norte da cidade. Os que ficam no Novo Horizonte e Congós fecharam as portas por falta de estrutura.
Delegados e agentes de polícia reclamam da falta de manutenção de viaturas e até de gasolina. Sem isso, o processo de investigação para conclusão de inquéritos é prejudicado. Na Polícia Militar não é diferente. As viaturas apresentadas com festa pelo governo não foram compradas, mas sim adquiridas por locação. O atraso no pagamento já fez com que alguns veículos acabassem sendo recolhidos pelo proprietário.
Nos quatro anos do governo de Camilo Capiberibe, o Amapá chegou a uma colocação preocupante no índice nacional da violência. Figurou também em levantamentos internacionais com o 40º lugar mais violento do mundo. O secretário responsável pela proeza juntamente com o governador foi Marcos Roberto, petista e fiel escudeiro do clã Capiberibe. Ele ficou no cargo até as vésperas da eleição. Antes teve o nome envolvido na nebulosa compra de um helicóptero que seria usado pela Polícia Civil.

De acordo com o Ministério Público Federal, o processo licitatório para a compra da aeronave foi fraudulento.  O MPF passou a investigar o andamento do processo depois de receber uma papelada enviada pela Associação de Procuradores do Estado. A Análise dos documentos confirmou fortes suspeitas de fraude com direcionamento do certame e superfaturamento. Outro detalhe foi o pregão, que para a Procuradoria Geral do Estado, deveria ser eletrônico e assim garantir a participação de mais concorrentes, e não presencial como foi.

A instituição também apontou falta de especificidade na descrição das características da aeronave pretendida, e pesquisa de mercado insatisfatória. O pregão ainda ocorreu em uma data curiosa, na virada do ano 2012 para 2013. A homologação foi em tempo recorde, mesmo com a posição contrária do Ministério Público Federal, que determinou o bloqueio de mais de R$ 6 milhões da conta da Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública. O dinheiro seria para pagar pela aeronave. A Justiça Federal também suspendeu a licitação.

Diante da situação sem saída, Marcos Roberto apressou-se em contrapor o MPF e o Banco Central, que apresentou relatório informando que não havia encontrado nenhum valor correspondente ao solicitado. Ele apareceu com um extrato de depósito e correu para a imprensa chapa branca para divulgar sua versão.

Enquanto isso o Estado passou a aparecer em pesquisas nacionais. O Instituto Sangari, do Estado de São Paulo, fez em 2012, um apanhado detalhado sobre a violência no País intitulado “Os novos padrões da violência homicida no Brasil”. O estudo revela um crescimento nos índices de violência no Amapá que ultrapassa até os níveis nacionais em uma proporção de 40 homicídios para cada 100 mil habitantes. Detalhadamente os percentuais da pesquisa confirmaram uma taxa de crescimento anual de 13,1%. Em nível nacional, o número de homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes é de 28,3%.

O estudo foi praticamente ignorado pelo governo do Amapá, mas os números do avanço da violência principalmente na capital deram prova de que a situação estava fora de controle já naquele ano. De lá para cá, o amapaense continuou experimentando um aumento de crimes que podem até aparecer, mas não são divulgados mais em boletins pelo Ciodes, segundo informações, por determinação da Secretaria de Estado da Segurança.

A nova gestão
Camilo Capiberibe recebe o governador eleito Waldez Góes, após protelar esse encontro
irá se deparar logo de início, com o sucateamento de delegacias denunciado pelos próprios delegados e agentes em carta aberta na imprensa e redes sociais. A partir daí tentar reduzir o crescimento da violência no qual o Amapá foi mergulhado. O Estado que Camilo vai entregar para Waldez Góes, ao que tudo indica está engessado e precisará de tempo para se recuperar após o desastre de quatro anos da gestão do PSB  




  








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