O futuro das cidades
Autor: José Alberto Tostes
O futuro das cidades é a obra de autoria do autor português da Universidade do
Minho, José Mendes. O livro possibilita uma ampla reflexão sobre o futuro das
cidades no mundo, porém, após fazer esta leitura, pensei sobre o estágio atual
das cidades. O que vamos fazer? Esperar que aconteça o pior, depois tomar as
providências, longe de uma visão apocalíptica sobre o que será uma cidade daqui
a 20 ou 30 anos, há coisas que precisam de tomadas de decisão urgente, isso é
para ontem.
O livro sobre o futuro das cidades abre uma perspectiva segundo autor sobre a
discussão das mega-tendências globais, os desafios que se colocam às cidades e,
a partir daí, trabalhar o conceito inovador: a cidade incubadora. Esta
afirmação dita pelo autor atiçou-me a curiosidade a respeito do tema, o que
seria a cidade incubadora? Na prática, Mendes coloca cinco dimensões
importantes para efetivar a ideia de cidade incubadora: a cidade intelectual, a
cidade inovadora, a cidade sustentável, a cidade autêntica e cidade conectada.
Efetivamente pensar a cidade sob este prisma, resulta em verificar a capacidade
de aguçar o nosso olhar sobre as transformações globais e locais que vem
ocorrendo pelo mundo afora. O próprio autor deixa claro que a obra não é um tratado
urbanístico e nem um exercício de desenho futurista. Dedica-se, simplesmente, à
tarefa de propor um conceito de futuro para as cidades do presente.
Segundo Mendes (2011, p. 66 e 67), “a cidade intelectual é a geração, atração e
retenção daquele que é provavelmente o mais indispensável e crítico dos seus
ativos: o talento. Este desígnio é tanto mais conseguido quanto melhor for o
sistema de educação que lhe é infraestrutural e, na perspectiva dos resultados,
quanto mais relevante e criativo for o conhecimento gerado na cidade. Na cidade
intelectual é um dado adquirido que todos cumprem a escolaridade secundária,
quase todos completam graduação superior e muitos avançam para a pós-graduação.
Os requisitos de qualidade centram-se nos atributos do ensino”.
A cidade inovadora, à primeira vista, existe a concentração de
talento, conhecimento e mercado, faz da cidade um espaço de inovação único.
Todavia, a transformação deste potencial em valor não é um processo simples,
nem de sucesso garantido. Mesmo à escala das megaconcentrações de talento, é
possível encontrar cidades onde a organização para a inovação teima em não
alcançar os níveis de eficácia que se esperaria. (MENDES, 2011, p.72)
A cidade conectada é uma cidade-ilha, fechada na sua identidade,
nos seus valores e no seu mercado, não sobrevive às exigências decorrentes das
tendências globais. Não é competitiva, nem mesmo viável. Pelo contrário, a
cidade do futuro, aquela que incuba o sucesso, é, por definição, conectada e
permeável. A facilidade, qualidade e intensidade da interação dentro da cidade
e desta com o mundo exterior são fatores críticos de sucesso incontornáveis. A
dimensão da conectividade se expressa de maneira local e globalmente, sendo que
ambas as escalas se complementam. (MENDES, 2011, p.80).
A cidade sustentável, o conceito é aplicado
praticamente em todos os contextos, o que significa que o seu emprego carece de
alguma precisão. Na sua versão mais popular, se refere à sustentabilidade
humana no planeta Terra, deu origem a mais citada das definições de
desenvolvimento sustentável, expressa pela Comissão Brundtland em 1987:
“desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades”. Sendo
um pouco mais especifico e tomando três esferas de relevância – econômica
social e ambiental- podem-se definir determinados cruzamentos que configuram
diferentes opções de desenvolvimento.
Na cidade autêntica as características são únicas de um
lugar, a mais segura origem da sua vantagem competitiva. A cidade que assume e
explora as suas particularidades, sobretudo as que são irrepetíveis, adquire o
estatuto de autêntica e posiciona-se no grupo das candidatas a atrair pessoas
criativas e talentosas. Não é fácil estabelecer um quadro comparativo, quando
se fala da autenticidade. (MENDES, 2011, p. 93).
A
cidade hipotética é reconhecida como uma referência internacional na criação do
conhecimento e inovação em setores de base tecnológica adota e pratica uma
cultura de portas abertas para aqueles que veem o empreendedorismo como uma
opção de vida. A cidade promove a prosperidade de seus cidadãos e é tributária
do desenvolvimento global do País, proporcionando simultaneamente um ambiente
onde é bom viver, aprender, trabalhar e fazer negócios. (MENDES, 2011, p.105).
Como o próprio autor sugere, o livro cidades do futuro é uma proposta de
discussão conceitual e, portanto não pretende ilustrar o desenho urbano ou uma
caracterização ideológica ou política do que seja cidade, mas pensar as
diferentes interfaces que envolvem o desenvolvimento do presente com
implicações escalonadas no futuro, sendo assim, a ideia de futuro é algo relacionado
a uma visão sistêmica, construída a partir da nossa formação individual e
coletiva, quanto maior o grau de conhecimento e esclarecimento sobre as nossas
potencialidades, maior será a possibilidade de êxito no futuro.
Não há formulas para dizer o que vai acontecer no futuro, porém, é certo que a
forma de pensar e idealizar a organização e o planejamento de uma cidade passa
necessariamente pela provocação de Mendes. Os preceitos sobre as dimensões
descritas no livro vão desde a base da importância da formação educacional até
os princípios da inserção de criatividade e inovação será de fato algo a ser
aplicado, não no futuro, mas certamente com muita convicção no presente. É
muito comum termos expectativas de que as teorias, ideias e outros postulados
possam explicar e orientar os fenômenos que ocorrem com as cidades, entretanto,
pouco se vislumbra a possibilidade de interagir com as múltiplas interfaces que
estão à disposição para o desenvolvimento das cidades a partir das questões globais
e locais, vale a pena ler o livro.

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