sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Pioneirismo

Pioneirismo


“Minha mãe, professora Delzuite Cavalcante, se fosse viva, faria aniversário de 81 anos. Não tive a oportunidade de vê-la envelhecer. Mamãe morreu aos 56 anos, em 1986. Mas está presente em mim, na aparência física e em todos os dias da minha vida”. Alcinéia Cavalcante

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Deuzuite Maria Carvalho Cavalcante - Professora
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Numa reflexão silenciosa, de mim para comigo, as lembranças dos homens e mulheres que conheci, próxima ou remotamente; de suas ações na construção da cidade, presentes um pouco e às vezes muito intensamente nas atividades e nos fatos que fizeram de Macapá e do Amapá que tem sido de prosperidade e exemplo, são de causar orgulho a quem é dado a esse tipo de atitude.

Na busca dessas lembranças me vem a memoria a nossa querida Macapá antiga, com suas ruas de piçarras, depois cobertas com a borra de asfalto para eliminar a poeira. A confirmação dessas lembranças encontro nas crônicas de Milton Sapiranga Barbosa (...). Do velho Trapiche Eliezer Levy, de muitas histórias, causos e lendas, dos sorvetes, servido em taça de inox pelo famoso garçom Inácio, no Macapá Hotel.

Assim como dos imponentes prédios escolares, que davam orgulho em se estudar, criando rivalidades sadias em disputar quem era o melhor. Escola Barão do Rio Branco, Escola Industrial de Macapá, Colégio Amapaense, Instituto de Educação do Território do Amapá (IETA), entre outros.

Imbuídos dessas lembranças vem os grandes mestres, que aqui chegaram com a garra e o folego de serem os pioneiros na Educação dos cidadãos brasileiros que estavam habitando uma nova unidade administrava do Brasil, o recém-fundado Território Federal do Amapá, que tinha no visionário Capitão Janary Nunes seu primeiro governantes, que antes de aqui chegar, foi garimpar entres os recém-formados em todos os segmentos profissionais, para comporem o quadro funcional  do governo territorial.

Um dos mais auspiciosos foi da Educação, onde a maioria seriam as jovens normalistas paraenses, que aqui vieram, através de embarcações enfrentando o grande rio mar e a desconhecida terra Tucuju, que estava com tudo por fazer.

Entre essas jovens mestras têm Deuzuite Maria Carvalho Cavalcante, nascida em 31.07.1928, em Belém (PA). Filha do comerciante português Domingos Carvalho e da paraense, Jacinta Carvalho.

Como a maioria das colegas Deuzuite estudou o ensino normal no Instituto de Educação do Pará (IEP), em Belém, e o Pedagógico, no Instituto de Educação do Território do Amapá (IETA). Chegou a Macapá, quando o governador Janary Nunes, foi em busca de contratar jovens técnicos e professores para trabalharem no Território. Ao chegar, trabalhou primeiramente dando aula nas escolas do interior, entre os quais: Aporema, Araguary, Campina Grande.

Registrem-se as prioritária e essencialmente as adversidades que tiveram de ser vencidas, a aceitação e a vitória sobre os desafios que enfrentaram com destemor essas grandes mestras. Em Macapá a Deuzuite Cavalcante trabalhou dando aulas ou como bibliotecária, entre outro nos colégios Alexandre Vaz Tavares, Coaracy Nunes, José de Anchieta, Centro Emílio Médici que atuava com o antigo Ensino Supletivo. Depois foi desenvolver suas atividades na Secretaria de Educação.

Nossa cidade e o nosso Estado tem hoje nestes homens e mulheres abnegados que deixaram suas Zonas de Conforto e vieram se doar para a construção de uma nova sociedade e deixaram as instituições por eles organizadas, e o convívio de todos em clima de fraternidade que cause alegria de viver aos que hoje a habitam e que devem conhecer para terem a compreensão de como a têmpera que forjou uma população, um grupo de pioneiros pode influir ou determinar seu destino, sua grandeza.

AS IRMÃS ALCILENE E ALCINÉIA CAVALCANTE
Tivemos a honra de contar com a colaboração e informações da premiada jornalista e filha da homenageada Alcinéia Cavalcante, que nos relatou (via e-mail) que sua genitora tinha uma personalidade alegre e extrovertida. “Era inteligente, gostava de música, de cultura, de reunir amigos e era de grandes amizades”.

“É difícil citar, mas lembrarei de alguns: Professores Lucimar Del Castilo, Idália Lobato, Regina Valente, Lucimar Brabo, Elba Cardoso, Nazica e Marcos Rocha, Marieta Guerra, Eudóxia Teles, Aracy Montalverne, Maria José, Raquel Capiberibe, Ana Alves, Maria Simões, Sol Elarrat Canto, Raimunda Paulino;  Senhoras Eunice Pacheco, Ivone Souza, Kátia Moro, Zilah Porpino.  Dra. Vera Corrêa”, cita Alcineia.

Além de Juvenal Canto, Regina Valente, Idália Lobato, Paulo Guerra, Kátia Moro, Diva Façanha ( conhecia mamãe e papai desde Belém), Marly Porpino, Sol Elarrat Canto.


Família
 


A professora Deuzuite casou em Macapá no dia 25 de Janeiro de 1954 e já namorava o poeta Alcy Araújo quando veio para o então Território Federal do Amapá. O poeta, apaixonado, veio também e aqui se fixaram para a eternidade.

O casal teve quatro filhos, 2 homens, Alcione e
Alcy Filho
Alcy Filho, e duas mulheres, Alcinéa e Alcilene.
Alcione Cavalcante 
Desde que casou, até falecer em 1986, morou na Avenida Almirante Barroso, entre Leopoldo Machado e Hamilton Silva. Onde era amiga de todos os vizinhos e madrinha de muitos.

A filha Alcinéia Cavalcante “Minha mãe, professora Deuzuite Cavalcante, se fosse viva, faria aniversário de 81anos este ano. E seria dia de festa em casa. Final de férias, amigos, comidinhas e alegrias. Não tive a oportunidade de vê-la envelhecer. Mamãe morreu aos 56 anos, em 1986. Mas está presente em mim, na aparência física e em todos os dias da minha vida”.

ALCILENE CAVALCANTE
Alcilene Cavalcante homenageia a querida mãe

“Minha mãe era tão ativa, alegre e cheia de vida, que não consigo imaginá-la idosa. Como ela seria? Cabelos branquinhos? Acho que não. Com certeza pintaria. Fisicamente é difícil. Mas acho que seria uma idosa bem alegre, pertenceria com certeza a esses grupos da melhor idade e com eles viajaria muito. Estaria conectada a internet e suas redes sociais, com toda certeza. Minha mãe era super-moderna e antenada com novas tecnologias, até por que trabalhava muito, adquiria logo tudo o que facilitava sua vida”.

Homenagem



O Governo do Estado homenageou a nossa pioneira, dando seu nome à uma escola no Bairro do Perpétuo Socorro – E.E. Deuzuite Cavalcante, próximo a Orla e com vista para o Rio Amazonas que ela tanto amava.

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