Pioneirismo
“Minha mãe, professora Delzuite
Cavalcante, se fosse viva, faria aniversário de 81 anos. Não tive a
oportunidade de vê-la envelhecer. Mamãe morreu aos 56 anos, em 1986. Mas está
presente em mim, na aparência física e em todos os dias da minha vida”.
Alcinéia Cavalcante
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Deuzuite Maria Carvalho Cavalcante -
Professora
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Numa reflexão silenciosa, de mim para
comigo, as lembranças dos homens e mulheres que conheci, próxima ou
remotamente; de suas ações na construção da cidade, presentes um pouco e às
vezes muito intensamente nas atividades e nos fatos que fizeram de Macapá e do
Amapá que tem sido de prosperidade e exemplo, são de causar orgulho a quem é
dado a esse tipo de atitude.
Na busca dessas lembranças me vem a
memoria a nossa querida Macapá antiga, com suas ruas de piçarras, depois
cobertas com a borra de asfalto para eliminar a poeira. A confirmação dessas
lembranças encontro nas crônicas de Milton Sapiranga Barbosa (...). Do velho
Trapiche Eliezer Levy, de muitas histórias, causos e lendas, dos sorvetes,
servido em taça de inox pelo famoso garçom Inácio, no Macapá Hotel.
Assim como dos imponentes prédios
escolares, que davam orgulho em se estudar, criando rivalidades sadias em
disputar quem era o melhor. Escola Barão do Rio Branco, Escola Industrial de
Macapá, Colégio Amapaense, Instituto de Educação do Território do Amapá (IETA),
entre outros.
Imbuídos dessas lembranças vem os
grandes mestres, que aqui chegaram com a garra e o folego de serem os pioneiros
na Educação dos cidadãos brasileiros que estavam habitando uma nova unidade
administrava do Brasil, o recém-fundado Território Federal do Amapá, que tinha
no visionário Capitão Janary Nunes seu primeiro governantes, que antes de aqui
chegar, foi garimpar entres os recém-formados em todos os segmentos
profissionais, para comporem o quadro funcional
do governo territorial.
Um dos mais auspiciosos foi da
Educação, onde a maioria seriam as jovens normalistas paraenses, que aqui
vieram, através de embarcações enfrentando o grande rio mar e a desconhecida
terra Tucuju, que estava com tudo por fazer.
Entre essas jovens mestras têm Deuzuite
Maria Carvalho Cavalcante, nascida em 31.07.1928, em Belém (PA). Filha do comerciante
português Domingos Carvalho e da paraense, Jacinta Carvalho.
Como a maioria das colegas Deuzuite estudou
o ensino normal no Instituto de Educação do Pará (IEP), em Belém, e o Pedagógico,
no Instituto de Educação do Território do Amapá (IETA). Chegou a Macapá, quando
o governador Janary Nunes, foi em busca de contratar jovens técnicos e
professores para trabalharem no Território. Ao chegar, trabalhou primeiramente
dando aula nas escolas do interior, entre os quais: Aporema, Araguary, Campina
Grande.
Registrem-se as prioritária e
essencialmente as adversidades que tiveram de ser vencidas, a aceitação e a
vitória sobre os desafios que enfrentaram com destemor essas grandes mestras. Em
Macapá a Deuzuite Cavalcante trabalhou dando aulas ou como bibliotecária, entre
outro nos colégios Alexandre Vaz Tavares, Coaracy Nunes, José de Anchieta,
Centro Emílio Médici que atuava com o antigo Ensino Supletivo. Depois foi
desenvolver suas atividades na Secretaria de Educação.
Nossa cidade e o nosso Estado tem
hoje nestes homens e mulheres abnegados que deixaram suas Zonas de Conforto e
vieram se doar para a construção de uma nova sociedade e deixaram as
instituições por eles organizadas, e o convívio de todos em clima de
fraternidade que cause alegria de viver aos que hoje a habitam e que devem
conhecer para terem a compreensão de como a têmpera que forjou uma população,
um grupo de pioneiros pode influir ou determinar seu destino, sua grandeza.
AS IRMÃS ALCILENE E ALCINÉIA CAVALCANTE |
Tivemos a honra de contar com a
colaboração e informações da premiada jornalista e filha da homenageada
Alcinéia Cavalcante, que nos relatou (via e-mail) que sua genitora tinha uma
personalidade alegre e extrovertida. “Era inteligente, gostava de música, de
cultura, de reunir amigos e era de grandes amizades”.
“É difícil citar, mas lembrarei de
alguns: Professores Lucimar Del Castilo, Idália Lobato, Regina Valente, Lucimar
Brabo, Elba Cardoso, Nazica e Marcos Rocha, Marieta Guerra, Eudóxia Teles,
Aracy Montalverne, Maria José, Raquel Capiberibe, Ana Alves, Maria Simões, Sol
Elarrat Canto, Raimunda Paulino;
Senhoras Eunice Pacheco, Ivone Souza, Kátia Moro, Zilah Porpino. Dra. Vera Corrêa”, cita Alcineia.
Além de Juvenal Canto, Regina
Valente, Idália Lobato, Paulo Guerra, Kátia Moro, Diva Façanha ( conhecia mamãe
e papai desde Belém), Marly Porpino, Sol Elarrat Canto.
Família
A professora Deuzuite casou em Macapá
no dia 25 de Janeiro de 1954 e já namorava o poeta Alcy Araújo quando veio para
o então Território Federal do Amapá. O poeta, apaixonado, veio também e aqui se
fixaram para a eternidade.
O casal teve quatro filhos, 2 homens,
Alcione e
Alcy Filho, e duas mulheres, Alcinéa e Alcilene.
Alcy Filho |
Alcione Cavalcante |
Desde que casou, até falecer em 1986,
morou na Avenida Almirante Barroso, entre Leopoldo Machado e Hamilton Silva.
Onde era amiga de todos os vizinhos e madrinha de muitos.
A filha Alcinéia Cavalcante “Minha
mãe, professora Deuzuite Cavalcante, se fosse viva, faria aniversário de 81anos
este ano. E seria dia de festa em casa. Final de férias, amigos, comidinhas e
alegrias. Não tive a oportunidade de vê-la envelhecer. Mamãe morreu aos 56
anos, em 1986. Mas está presente em mim, na aparência física e em todos os dias
da minha vida”.
ALCILENE CAVALCANTE |
Alcilene Cavalcante homenageia a
querida mãe
“Minha mãe era tão ativa, alegre e
cheia de vida, que não consigo imaginá-la idosa. Como ela seria? Cabelos
branquinhos? Acho que não. Com certeza pintaria. Fisicamente é difícil. Mas
acho que seria uma idosa bem alegre, pertenceria com certeza a esses grupos da
melhor idade e com eles viajaria muito. Estaria conectada a internet e suas
redes sociais, com toda certeza. Minha mãe era super-moderna e antenada com novas
tecnologias, até por que trabalhava muito, adquiria logo tudo o que facilitava
sua vida”.
Homenagem
O Governo do Estado homenageou a
nossa pioneira, dando seu nome à uma escola no Bairro do Perpétuo Socorro –
E.E. Deuzuite Cavalcante, próximo a Orla e com vista para o Rio Amazonas que
ela tanto amava.
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