ANTROPOSOFIA: SABEDORIA HUMANA APLICADA À MEDICINA
A formação médica se ressente dos
conhecimentos de Filosofia e Sociologias existentes nos currículos de ciências
humanas (Direito, Psicologia, Pedagogia). A Teologia, então, nem pensar. No
entanto essas disciplinas eram estudadas pelos grandes pensadores e humanistas
em épocas passadas. Em minha formação, paralelo à fase acadêmica, teve contato
com essas matérias, pois estudei alguns doutores católicos como o teólogo Santo
Agostinho ( 354-430), tendo, portanto, noções de Teologia e Sagrada Escritura.
Estudei alguns autores, como David Émile Durkheim (1858-1917), sociólogo,
psicólogo social e filósofo francês ( criador da Sociologia Educacional) e
Jean-Paul Sartre (1905-1980), filósofo e escritor francês, celebridade do
existencialismo e com obras de reflexão dialética.
Devido a desinformação, muitos médicos
apresentam dificuldades em temas de filosofia,
espiritualidade e antropologia, disciplinas essas que comporão as reflexões
deste artigo, que enfoca a Antroposofia
aplicada à Medicina, cujos princípios e postulados foram criados pelo cientista
e filósofo austríaco Rudolph Steiner (1861-1925), baseado nas obras do
poeta-cientista Wolfgang Von Goethe( séc. XVIII). A Antroposofia Médica é,
portanto, a aplicação da sabedoria humana na pratica clínica da Medicina, tema
deste artigo.
A Antroposofia Médica não é uma
corrente alternativa de saúde, mas é a própria Medicina encarando os
conhecimentos e a sabedoria humana como uma atitude de vida, uma maneira de ver
as coisas de maneira dinâmica, mais prática e mais profunda, não aceitando como
absoluto o conhecimento científico, mas enriquecendo-o com conceitos mais
subjetivos, espiritualistas e cósmicos . Alguns diriam que estes são papeis da
Religião e da Psicologia. Poucos ramos da Medicina abordam temas dessa
natureza, exceção da Medicina Psicossomática e da Psicologia Médica. A
“Medicina Antroposófica” busca conhecer o homem em sua essência, como pessoa integral,
em contato com meio-ambiente e o Universo, sofrendo influência destes e neles
interferindo de maneira sadia e auto-sustentável.
Com essa visão, a Medicina como um todo,
deveria buscar e sentir a natureza intrínseca de um ser ou de uma questão, sabendo
lidar com a essência de sua individualidade, interpretando a interferência do
corpo, da alma e do espírito nas doenças, na saúde e no bem estar coletivo,
sempre relacionando esses fatores com o ambiente que o envolve. Com o excesso
de tecnicismo e positivismo na educação e formação médica, prevaleceu o
materialismo e o biologicismo, relegando ou omitindo-se desses fatores
integrantes da natureza humana ( a alma(corpo astral), o espírito (eu), corpo
etérico (orgânico-vital).
A Antroposofia está centrada no Homem,
na Pessoa, reconhecendo nele três diferentes níveis simultâneos: o nível A:
Cósmico-Espiritual(A individualidade), nível B: Psíquico-Emocional (A
personalidade) e o nível C: Orgânico-
Vital ( A figura humana corpórea). Reconhece o homem como parte de um quarto
reino, além do mineral, vegetal e animal, pois somente o homem é portador de um
Eu, um Espírito (nível A), que sabe o que esta pensando; que sente e sabe o que
esta sentindo; deseja e sabe o que está desejando.
Na patologia antroposófica todas as doenças físicas ou
psíquicas que atingem o ser humano são resultantes da transmutação e
transformação (metamorfose) de dois tipos básicos, chamadas Arqui-doenças: Penetração Excessiva de Homem-Superior e
Penetração Insuficiente de Homem Superior. Na primeira haveria excesso de Catabolismo-Consciência e na segunda
prevaleceria Anabolismo-Inconsciência.
As funções de consciência,
sensibilidade, emoções, percepções, nervosismos, presentes no Homem Superior,
quando em excesso geram catabolismo e desvitalizam. As funções de nutrição,
absorção, circulação, vida inconsciente, que estão presentes no Homem- Inferior,
são anabolizantes e revitalizantes. O
simples fato de estarmos em estado de vigília, acordados, já está nos
desgastando, nos envelhecendo, criando toxinas que circulam em nosso sangue. Ao
contrário, quando relaxamos, meditamos ou dormimos, prevalece o Homem-Inferior
e estamos em vida vegetativa, carregando as energias, renovando os desgastes e
revigorando o organismo. Essas atividades deveriam estar harmonizadas em
perfeita homeostase.
Mas não é o que
acontece na maioria das vezes. As interpretações, analises e procedimentos médicos
convencionais se fixam demasiadamente ou supervalorizam o corpo etéreo
(biológico-físico), cujas terapias levam a um excesso de catabolismo,
estimulando demasiadamente o Homem Superior (composto pelo corpo astral (alma)
e o cósmico-espiritual), com medicamentos ou substâncias estimulantes, em
detrimento do Homem Inferior (corpo físico e corpo etéreo ou vegetativo), que
deprimido abre caminho para inflamações, infecções e baixa imunidade. A Medicina clássica e convencional e a
ciência não enxergam assim. Alem de ignorar esse processo dinâmico e harmônico,
ainda trata as doenças e distúrbios de maneira unilateral, sem considerar que o
homem é um ser indivisível.
Todas as doenças, sejam de quaisquer origens, infecciosas,
inflamatórias, parasitárias, auto-imunes, degenerativas, neoplásicas,
psicopatológicas, são transmutações, variações das duas Arqui-doenças antes citadas.
Essa é a contribuição da Antroposofia para o desempenho da função médica, para
o raciocínio clínico e para a interpretação do processo saúde-doença, levando a
Medicina a ter uma visão mais abrangente e transformadora, capaz de cuidar,
prevenir, suprimir, superar um processo, amenizar e até curar, quando passar a
adotar os princípios da Sabedoria Humana.
Sobre essa busca incessante do homem pela cura, pelo corpo
sadio, por um comportamento equilibrado, por uma sociedade justa e por uma
convivência pacífica, Rudolf Steiner assim escreveu sobre a conduta do médico:
“...só se recuperará tal saber quando o médico reconhecer que na Medicina não
só é importante o entendimento intelectual, mas também a atitude interna de
vida; quando souber que tem de se tornar um homem totalmente diferente. Somente
quando ele tiver mudado o seu temperamento, seu caráter, e toda a situação de
sua alma, é que poderá desenvolver perante as forças do cosmos aquela visão e
conhecimento que harmonizam o homem”. ( Fonte: MORAES, W.A in GONÇALVES, P.E.,
1996) . JARBAS DE ATAÍDE. Macapá-AP, 09.01.2015.
RUDOLF STEINER (1861-1925 ). FUNDADOR DA ANTROPOSOFIA
CONSTITUIÇÃO
DINÂMICA DO HOMEM SEGUNDO A ANTROPOSOSFIA
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