sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

SAÚDE EM FOCO

                      






ANTROPOSOFIA: SABEDORIA HUMANA APLICADA À MEDICINA
         A formação médica se ressente dos conhecimentos de Filosofia e Sociologias existentes nos currículos de ciências humanas (Direito, Psicologia, Pedagogia). A Teologia, então, nem pensar. No entanto essas disciplinas eram estudadas pelos grandes pensadores e humanistas em épocas passadas. Em minha formação, paralelo à fase acadêmica, teve contato com essas matérias, pois estudei alguns doutores católicos como o teólogo Santo Agostinho ( 354-430), tendo, portanto, noções de Teologia e Sagrada Escritura. Estudei alguns autores, como David Émile Durkheim (1858-1917), sociólogo, psicólogo social e filósofo francês ( criador da Sociologia Educacional) e Jean-Paul Sartre (1905-1980), filósofo e escritor francês, celebridade do existencialismo e com obras de reflexão dialética.
        Devido a desinformação, muitos médicos apresentam dificuldades em temas de  filosofia, espiritualidade e antropologia, disciplinas essas que comporão as reflexões deste artigo, que  enfoca a Antroposofia aplicada à Medicina, cujos princípios e postulados foram criados pelo cientista e filósofo austríaco Rudolph Steiner (1861-1925), baseado nas obras do poeta-cientista Wolfgang Von Goethe( séc. XVIII). A Antroposofia Médica é, portanto, a aplicação da sabedoria humana na pratica clínica da Medicina, tema deste artigo.
         A Antroposofia Médica não é uma corrente alternativa de saúde, mas é a própria Medicina encarando os conhecimentos e a sabedoria humana como uma atitude de vida, uma maneira de ver as coisas de maneira dinâmica, mais prática e mais profunda, não aceitando como absoluto o conhecimento científico, mas enriquecendo-o com conceitos mais subjetivos,  espiritualistas e cósmicos .  Alguns diriam que estes são papeis da Religião e da Psicologia. Poucos ramos da Medicina abordam temas dessa natureza, exceção da Medicina Psicossomática e da Psicologia Médica. A “Medicina Antroposófica” busca conhecer o homem em sua essência, como pessoa integral, em contato com meio-ambiente e o Universo, sofrendo influência destes e neles interferindo de maneira sadia e auto-sustentável.
       Com essa visão, a Medicina como um todo, deveria buscar e sentir a natureza intrínseca de um ser ou de uma questão, sabendo lidar com a essência de sua individualidade, interpretando a interferência do corpo, da alma e do espírito nas doenças, na saúde e no bem estar coletivo, sempre relacionando esses fatores com o ambiente que o envolve. Com o excesso de tecnicismo e positivismo na educação e formação médica, prevaleceu o materialismo e o biologicismo, relegando ou omitindo-se desses fatores integrantes da natureza humana ( a alma(corpo astral), o espírito (eu), corpo etérico (orgânico-vital).  
       A Antroposofia está centrada no Homem, na Pessoa, reconhecendo nele três diferentes níveis simultâneos: o nível A: Cósmico-Espiritual(A individualidade), nível B: Psíquico-Emocional (A personalidade) e o nível C:  Orgânico- Vital ( A figura humana corpórea). Reconhece o homem como parte de um quarto reino, além do mineral, vegetal e animal, pois somente o homem é portador de um Eu, um Espírito (nível A), que sabe o que esta pensando; que sente e sabe o que esta sentindo; deseja e sabe o que está desejando.
Na patologia antroposófica todas as doenças físicas ou psíquicas que atingem o ser humano são resultantes da transmutação e transformação (metamorfose) de dois tipos básicos, chamadas Arqui-doenças: Penetração Excessiva de Homem-Superior e Penetração Insuficiente de Homem Superior. Na primeira haveria excesso de Catabolismo-Consciência e na segunda prevaleceria Anabolismo-Inconsciência.  As funções de consciência, sensibilidade, emoções, percepções, nervosismos, presentes no Homem Superior, quando em excesso geram catabolismo e desvitalizam. As funções de nutrição, absorção, circulação, vida inconsciente, que estão presentes no Homem- Inferior, são anabolizantes e revitalizantes.  O simples fato de estarmos em estado de vigília, acordados, já está nos desgastando, nos envelhecendo, criando toxinas que circulam em nosso sangue. Ao contrário, quando relaxamos, meditamos ou dormimos, prevalece o Homem-Inferior e estamos em vida vegetativa, carregando as energias, renovando os desgastes e revigorando o organismo. Essas atividades deveriam estar harmonizadas em perfeita homeostase.
 Mas não é o que acontece na maioria das vezes. As interpretações, analises e procedimentos médicos convencionais se fixam demasiadamente ou supervalorizam o corpo etéreo (biológico-físico), cujas terapias levam a um excesso de catabolismo, estimulando demasiadamente o Homem Superior (composto pelo corpo astral (alma) e o cósmico-espiritual), com medicamentos ou substâncias estimulantes, em detrimento do Homem Inferior (corpo físico e corpo etéreo ou vegetativo), que deprimido abre caminho para inflamações, infecções e baixa imunidade.  A Medicina clássica e convencional e a ciência não enxergam assim. Alem de ignorar esse processo dinâmico e harmônico, ainda trata as doenças e distúrbios de maneira unilateral, sem considerar que o homem é um ser indivisível.
Todas as doenças, sejam de quaisquer origens, infecciosas, inflamatórias, parasitárias, auto-imunes, degenerativas, neoplásicas, psicopatológicas, são transmutações, variações das duas Arqui-doenças antes citadas. Essa é a contribuição da Antroposofia para o desempenho da função médica, para o raciocínio clínico e para a interpretação do processo saúde-doença, levando a Medicina a ter uma visão mais abrangente e transformadora, capaz de cuidar, prevenir, suprimir, superar um processo, amenizar e até curar, quando passar a adotar os princípios da Sabedoria Humana.
Sobre essa busca incessante do homem pela cura, pelo corpo sadio, por um comportamento equilibrado, por uma sociedade justa e por uma convivência pacífica, Rudolf Steiner assim escreveu sobre a conduta do médico: “...só se recuperará tal saber quando o médico reconhecer que na Medicina não só é importante o entendimento intelectual, mas também a atitude interna de vida; quando souber que tem de se tornar um homem totalmente diferente. Somente quando ele tiver mudado o seu temperamento, seu caráter, e toda a situação de sua alma, é que poderá desenvolver perante as forças do cosmos aquela visão e conhecimento que harmonizam o homem”. ( Fonte: MORAES, W.A in GONÇALVES, P.E., 1996) .  JARBAS DE ATAÍDE. Macapá-AP, 09.01.2015.
                 
                 RUDOLF STEINER (1861-1925 ). FUNDADOR DA ANTROPOSOFIA
                                        

          CONSTITUIÇÃO DINÂMICA DO HOMEM SEGUNDO A ANTROPOSOSFIA

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