Bairros
de Lata
Autor:
José Alberto Tostes
É interessante como a literatura sobre o urbano e as cidades dão sentido ao
conhecimento de uma série de temas e assuntos. Estudar e pesquisar, permite a
descoberta de assuntos diversos que explicam sob a ótica de diversos autores os
fenômenos da cidade, dos sistemas e do ambiente social. Nesta semana, tive a
oportunidade de concluir uma leitura bem oportuna sobre o livro, A cidade: Rumo
a uma nova definição? Os autores, Jean Rémi e Liliane Voyé, tais autores são
professores na Universidade Católica de Lovaina(Bélgica).
Na orelha do livro há uma importante menção sobre a questão
que envolve a discussão sobre a forma da cidade e a vida urbana. Um dos pontos
importantes é o destaque para as questões cotidianas que envolve as distintas
transformações, são novas territorialidades que correspondem a um certa
saturação do próprio cotidiano definida principalmente por mobilidade espacial
difusa e muitas vezes generalizada. Os autores colocam a questão do paradigma
que define a relação cidade e campo ainda envolvidas por questões do controle
coletivo da mobilidade.
Um dos pontos importante deste livro está descrito na página
106 no item d, quando trata dos bairros de lata, o que seria então, os bairros
de lata? Para os autores, este item trata de uma perspectiva que se põe o
problema dos bairros de lata, seriam numerosos nas grandes cidades da maior
parte dos países em vias de desenvolvimento. Os bairros de lata estariam
constituídos de pequenos espaços e amontoados, estariam constituídos de pessoas
que deixam o campo para as cidades, supostamente estariam envolvidas com as
implicações de um novo cenário urbano. Concretamente, os bairros de lata, são
espaços intersticiais entre dois universos – um rural, como o qual se conserva
as ligações, e outro totalmente urbano, onde está presente uma estrutura social
e espacial que nada tem teria haver com a desorganização de centros urbanos
abandonados.
Os bairros de lata, de acordo com os autores o que pareceria momentaneamente
aos olhos exteriores como um lugar de desordem espacial e social, é na prática,
um lugar altamente ordenado segundo regras que, certamente, lhes são próprias,
mas que lhes permitem viver e manter um equilíbrio apesar de sumárias condições
de existência material (Rémy e Voyé,2004). Neste item de análise deveríamos
pensar se a ideia dos bairros de lata se aplicariam a realidade brasileira, tão
diversa e extremada dependendo da região onde se localizam. Pode-se observar na
ideias dos autores Rémy e Voyé que os bairros de lata tem uma identidade maior,
que apesar das condições adversas não perdem a sua maneira de ser, podem viver
de forma harmoniosa no interior dos mesmos.
Sobre o item da harmoniosidade, deve-se considerar que no caso
brasileiro este ponto é conflito quando se trata de dar legitimidade, pois em
vários lugares se conflita os interesses sociais, políticos e econômicos com a
condição de precariedade material de diversas comunidades o que se contrasta
com a concepção inicial defendida pelos autores, até por conta de que no Brasil
tudo que se refere de alguma forma aos termos pejorativos, como lata por
exemplo aplicado as esferas sociais é visto como algo ligado exatamente ao
ambiente desestruturado socialmente.
Porém, na ideia dos autores as populações destes bairros podem, viver
diariamente na proximidade imediata dos bairros mais elitizados, sem que isso
provoque um sentimento de injustiça, visto que conseguem perceber as diferenças
de condições. Sobre este item, pode-se avaliar que seja algo relativo
dependendo de qual contexto da América Latina onde o território urbano é
demarcado principalmente pela segregação espacial e pelos fatores provocados
pela violência urbana. Deve-se se mensurar que no contexto sul americano a
efetiva transformação que ocorreu com as cidade de Medelín e Bogotá na Colômbia
que passaram por grandes transformações urbanas e sociais a partir do
imaginário local e da população.
Seguindo a reflexão dos autores, os bairros de lata
predominam uma grande rede de economia informal, a maioria vive de biscates. No
caso brasileiro, é fato que os ambientes considerados desestruturados de
infraestrutura de acordo com o IBGE predominam os trabalhadores que ganham até
03 salários mínimos de renda familiar, outro perfil, é a completa informalidade
em relação a um conjunto de serviços que também estão relacionados as condições
de formação e instrução de cada um. Todavia, o texto sobre os bairros de lata é
definidor quanto ao afirmar que os bairros de lata são considerados como um mal
e como uma ameaça que não se consegue distinguir.
O debate é interessante do que está posto pelos autores, por conta de que não
importa qual é a nomenclatura dada aos estudos realizados, mas que emanam as
vezes da própria população nomenclaturas de áreas que são socialmente
desestruturadas de infraestrutura e até mesmo de identidade cultural e social,
o que supostamente no caso do bairro de latas seria exatamente o contrário. O texto
do bairro de latas aponta que nós somos capazes de promover a organização
coletiva.
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