terça-feira, 31 de março de 2015

Bairros de Lata Autor: José Alberto Tostes




Bairros de Lata

Autor: José Alberto Tostes

          É interessante como a literatura sobre o urbano e as cidades dão sentido ao conhecimento de uma série de temas e assuntos. Estudar e pesquisar, permite a descoberta de assuntos diversos que explicam sob a ótica de diversos autores os fenômenos da cidade, dos sistemas e do ambiente social. Nesta semana, tive a oportunidade de concluir uma leitura bem oportuna sobre o livro, A cidade: Rumo a uma nova definição? Os autores, Jean Rémi e Liliane Voyé, tais autores são professores na Universidade Católica de Lovaina(Bélgica).

          Na orelha do livro há uma importante menção sobre a questão que envolve a discussão sobre a forma da cidade e a vida urbana. Um dos pontos importantes é o destaque para as questões cotidianas que envolve as distintas transformações, são novas territorialidades que correspondem a um certa saturação do próprio cotidiano definida principalmente por mobilidade espacial difusa e muitas vezes generalizada. Os autores colocam a questão do paradigma que define a relação cidade e campo ainda envolvidas por questões do controle coletivo da mobilidade.

          Um dos pontos importante deste livro está descrito na página 106 no item d, quando trata dos bairros de lata, o que seria então, os bairros de lata? Para os autores, este item trata de uma perspectiva que se põe o problema dos bairros de lata, seriam numerosos nas grandes cidades da maior parte dos países em vias de desenvolvimento. Os bairros de lata estariam constituídos de pequenos espaços e amontoados, estariam constituídos de pessoas que deixam o campo para as cidades, supostamente estariam envolvidas com as implicações de um novo cenário urbano. Concretamente, os bairros de lata, são espaços intersticiais entre dois universos – um rural, como o qual se conserva as ligações, e outro totalmente urbano, onde está presente uma estrutura social e espacial que nada tem teria haver com a desorganização de centros urbanos abandonados.

            Os bairros de lata, de acordo com os autores o que pareceria momentaneamente aos olhos exteriores como um lugar de desordem espacial e social, é na prática, um lugar altamente ordenado segundo regras que, certamente, lhes são próprias, mas que lhes permitem viver e manter um equilíbrio apesar de sumárias condições de existência material (Rémy e Voyé,2004). Neste item de análise deveríamos pensar se a ideia dos bairros de lata se aplicariam a realidade brasileira, tão diversa e extremada dependendo da região onde se localizam. Pode-se observar na ideias dos autores Rémy e Voyé que os bairros de lata tem uma identidade maior, que apesar das condições adversas não perdem a sua maneira de ser, podem viver de forma harmoniosa no interior dos mesmos.

             Sobre o item da harmoniosidade, deve-se considerar que no caso brasileiro este ponto é conflito quando se trata de dar legitimidade, pois em vários lugares se conflita os interesses sociais, políticos e econômicos com a condição de precariedade material de diversas comunidades o que se contrasta com a concepção inicial defendida pelos autores, até por conta de que no Brasil tudo que se refere de alguma forma aos termos pejorativos, como lata por exemplo aplicado as esferas sociais é visto como algo ligado exatamente ao ambiente desestruturado socialmente.
             Porém, na ideia dos autores as populações destes bairros podem, viver diariamente na proximidade imediata dos bairros mais elitizados, sem que isso provoque um sentimento de injustiça, visto que conseguem perceber as diferenças de condições. Sobre este item, pode-se avaliar que seja algo relativo dependendo de qual contexto da América Latina onde o território urbano é demarcado principalmente pela segregação espacial e pelos fatores provocados pela violência urbana. Deve-se se mensurar que no contexto sul americano a efetiva transformação que ocorreu com as cidade de Medelín e Bogotá na Colômbia que passaram por grandes transformações urbanas e sociais a partir do imaginário local e da população.

            Seguindo a reflexão dos autores, os bairros de lata predominam uma grande rede de economia informal, a maioria vive de biscates. No caso brasileiro, é fato que os ambientes considerados desestruturados de infraestrutura de acordo com o IBGE predominam os trabalhadores que ganham até 03 salários mínimos de renda familiar, outro perfil, é a completa informalidade em relação a um conjunto de serviços que também estão relacionados as condições de formação e instrução de cada um. Todavia, o texto sobre os bairros de lata é definidor quanto ao afirmar que os bairros de lata são considerados como um mal e como uma ameaça que não se consegue distinguir.

             O debate é interessante do que está posto pelos autores, por conta de que não importa qual é a nomenclatura dada aos estudos realizados, mas que emanam as vezes da própria população nomenclaturas de áreas que são socialmente desestruturadas de infraestrutura e até mesmo de identidade cultural e social, o que supostamente no caso do bairro de latas seria exatamente o contrário. O texto do bairro de latas aponta que nós somos capazes de promover a organização coletiva.


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