terça-feira, 31 de março de 2015

Desgastado, Clécio apressa o passo para tentar a reeleição.

Desgastado, Clécio apressa o passo para tentar a reeleição.



Gestão municipal é considerada fraca e distante pela população. Rejeição do prefeito é agravante.

Da Redação


O prefeito de Macapá, Clécio Luís vai ter muito trabalho se quiser sentar na cadeira de gestor do município por mais quatro anos. A pouco mais de um ano das eleições, o psolista ainda não mostrou a que veio e a cada dia demonstra estar mais perdido. Atos emergenciais ou de desespero político dão conta de que tudo foi deixado para a última hora e o que resta agora é correr. Tal pensamento é próprio de políticos que costumam dizer que o povo tem memória curta e só lembra do que é feito às vésperas de uma eleição.

A verdade é que nos primeiros anos de mandato, Clécio preferiu uma ação que pode ser classificada de morna para fria. O marketing resumiu-se no tão propalado “governo dos cem dias”, onde tudo que era emergencial seria resolvido dentro deste prazo. Não deu certo e a ação não passou de um mutirão para limpar canais tomados pelo mato e a formação de equipes tapa buracos. A grande enxurrada de trabalho prometida na campanha começava a dar provas de que não passou somente de promessas.

“Para um político dito de esquerda e que construiu o nome apoiando movimentos de minorias, Clécio Luís ao chegar à Prefeitura de Macapá tornou-se apático e passou a fazer tudo que criticava na época em que era vereador”. Isso dito por lideranças sindicais, entre elas os guardas municipais que mostraram de imediato o descontentamento diante de um termo criado pelo prefeito, a “despromoção”. O neologismo permitiu ao gestor do Partido Socialismo e Liberdade rebaixar quem já havia conseguido galgar uma posição melhor dentro da guarda, benefício concedido pelo antecessor de Clécio, o pedetista Roberto Góes. Para o atual prefeito, as promoções não poderiam ter ocorrido. O contrassenso tornou-se claro uma vez que Clécio Luís defendia a promoção desta mesma categoria quando era vereador e encorajava os protestos que esbravejavam pedindo o benefício.

O resultado das “despromoções” pode vir em 2016 nas urnas. Mas o coro de insatisfação não está somente na guarda municipal. Ele chega à grande parte da população, principalmente a que mora na periferia e acreditou nas promessas de campanha que falavam em priorizar a estruturação destes bairros. Nada foi feito, com exceção das operações tapa buracos que têm se mostrado praticamente inúteis por conta da má qualidade do asfalto utilizado. A verdade é que a chamada malha viária da cidade está comprometida sem que uma ação eficaz seja colocada em prática. 

Os tapa buracos



Ruim para motoristas, bom para os donos de oficinas mecânicas. O faturamento chega a dobrar durante a época de chuvas com a reposição de peças de suspensão. A gestão de Clécio asfaltou muito pouco a cidade. A rua Hildemar Maia e outras poucas que receberam reparos não somam nem de longe as promessas feitas no horário político veiculado em 2012, quando uma das peças afirmava que o asfaltamento não ocorria por preguiça ou corrupção. Nas ruas o povo pergunta qual será a opção agora.

A gestão vem mergulhada em crise desde o começo sem ações efetivas. De acordo com analistas políticos, tudo de fato está sendo guardado para ser feito nas vésperas do pleito do ano que vem, quando Clécio Luís vai tentar a reeleição. O fantasma do fracasso desta tentativa tem sido a sombra do psolista que hoje tem um nível alto de rejeição junto aos eleitores. Clécio teve um exemplo recente do que tal rejeição pode causar quando viu o candidato que apoiava ao governo e também à reeleição, ter uma derrota humilhante. Camilo Capiberibe, assim como o prefeito, teve o poder da “máquina” nas mãos e R$ 28 milhões para gastar com propaganda. Foi derrotado por Waldez Góes, do PDT que estava sem mandato desde 2010. Capiberibe obteve 39,4% dos votos contra 60,58% de Góes. Em números, 220.256 a 143.311, diferença de 76.945 votos.


O contexto de 2014 assemelha-se muito ao de hoje. Clécio com alta rejeição e visto pela população como um político desinteressado vivendo em um mundo paralelo onde tudo parece estar bem. Já o dia a dia do povo é bem diferente, seja nos postos de saúde ou nas escolas municipais. De um lado a falta de medicações básicas fazem com que o Hospital de Emergências receba uma demanda além da média. Já nas escolas, programas que garantiam aos alunos alimentação, material escolar e até uniforme foram cortados por Clécio Luís. Mais um ponto negativo na escala decrescente do atual prefeito que dizem, está cada dia mais parecido com o ex-governador derrotado na maneira de governar. A semelhança também estaria presente no relacionamento com a população. Clécio é considerado um gestor sem carisma que não consegue se aproximar do povo. A imagem do primeiro prefeito eleito pelo PSOL está cheia de “arranhões” e ele parece sofrer da mesma miopia política que dificultou a visão de Capiberibe. O raio de alcance chega somente até o umbigo.
 

Corrida contra o tempo

Clécio tenta correr de todas as formas para recuperar o tempo que perdeu e faz isso de forma atropelada. A estratégia, pelo que já se pode ver vai ser a mesma usada por Camilo, encher a cidade de placas para dar a impressão de trabalho e procurar executar em meses o que não se fez em quatro anos. O primeiro exemplo foi o anúncio da construção de uma creche no bairro Usina de Asfalto. Lá, uma grande placa colocada no canteiro da Avenida 13 de Setembro chama a atenção de quem passa. O marketing chegou ao ponto de fazer uma cerimônia para inaugurar o aterramento do terreno. Logo em frente está um projeto residencial popular pensado e capitalizado pelo ex-prefeito Roberto Góes com verbas federais. Não precisa falar que a obra vai ser usada como trampolim eleitoral. Resta saber se a estratégia vai funcionar ou gerar efeito contrário como ocorreu com Camilo Capiberibe e o Macapaba, que teve sua primeira etapa feita a toque de caixa por conta das eleições.
Na conjuntura atual não se descarta tal possibilidade considerando o descrédito do prefeito tido dentro e fora do Estado como um gestor fraco eleito à custa de uma coalisão com partidos de direita abominada pelas lideranças nacionais do PSOL e orquestrada aqui por nomes como do senador Randolfe Rodrigues, um “camaleão político” eleito graças a uma operação da Polícia Federal, que até hoje não provou nada contra ninguém, mas mudou os rumos da política em 2010.

CIDADE PEDE SOCORRO

Há uma semana, vários bairros da cidade e centenas de famílias experimentaram o rigor do período chuvoso anunciado pela meteorologia desde o começo do ano. Tradicionalmente, março é o mês que mais chove na região. Em locais como Nova Esperança na periferia da zona Sul de Macapá, o aumento do volume de água nas ressacas fez com que muita gente perdesse moveis e eletrodomésticos.
A chuva torrencial invadiu as residências de forma rápida surpreendendo os moradores que tentaram salvar o pouco que puderam às pressas. Muitas famílias foram atendidas em centros comunitários, mas reclamaram que o apoio dado pela prefeitura foi praticamente nenhum. Nos pontos de inundação, mais uma vez foram detectadas obstruções em bueiros, mesmo motivo que traz o problema há anos. A demora na chegada das equipes do município fez com que moradores tomassem iniciativa própria de abrir frentes de capina para retirada do matagal que, segundo eles, também impede o escoamento da água. “Eles demoram a chegar e quando chegam não fazem nada além da limpeza. Essa tubulação é estreita e precisa ser trocada”, reclamaram. Os alagamentos foram sentidos em maioria das ressacas da cidade. “Onde está o prefeito quando a população precisa. Queremos ser ajudados”, disseram os moradores.


Distante de Macapá, o Arquipélago do Bailique também sofreu a ação da natureza. Lá, a erosão derrubou casas e a unidade de saúde de Vila Progresso. A ação da prefeitura foi decretar situação de emergência para as oito ilhas que formam a comunidade. 38 casas foram detectadas como estando em risco de desabar, de acordo com a Defesa Civil. Sem planejamento antecipado coube ao prefeito Clécio Luís considerar o óbvio, as obras são caras, demoradas e a prefeitura não tem recursos para executar nada. Ele também declarou que a PMM hoje tem extrema dificuldade para a captação de verbas federais. No Bailique a população não conta com apoio permanente para casos como este. A viagem até a localidade fica em torno de 12 horas, mas a solução para as famílias que tiveram as casas atingidas vai demorar muito mais tempo. A população sofre as consequências da falta de antecipação e vontade política para lidar com problemas de conhecimento da gestão municipal. Tanto no Bailique quanto em Macapá, que também teve seu centro da cidade alagado, o que se vê é o engessamento de quem venceu a eleição à custa de promessas e belas histórias.   

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