Marchas,
panelaços e o 15 de março.
ARLEY COSTA
Neste
domingo, 15 de março, haverá atos contra a presidente Dilma em São Paulo e
várias outras cidades. Motivos para isso não faltam. Corrupção ligada
diretamente ao governo, sendo a conexão com a Petrobras sua face mais evidente.
Estelionato eleitoral, já que Dilma apresentou-se como alternativa ao então
candidato Aécio que, segundo ela, adotaria uma série de medidas econômicas cujos
efeitos prejudicariam principalmente os pobres e trabalhadores. Contudo, antes
mesmo de assumir a nova gestão, grande parte da lista de maldades apontadas em
Aécio foram tomadas pela presidente prejudicando milhões de brasileiros.
Ainda
na lista de motivos, enquanto o número de milionários cresce no Brasil, nesses
20 anos de governos de PSDB e PT aumentam o desemprego, o trabalho precário, o
endividamento familiar, o tempo de serviço para a aposentadoria, a inflação, as
taxas de juros e diminuem os direitos sociais como o acesso a saúde, educação,
seguridade social e os recursos que os asseguram, a partir de corte no
orçamento das áreas sociais. E, como a cereja do bolo, no momento em que as
pessoas fazem esforço para consumir menos eletricidade, as tarifas de energia
alcançaram valores estratosféricos para compensar a perda de lucros das
empresas. Ou seja, economizamos para pagar mais, não é o máximo?
Assim,
dentro do contexto atual, justificam-se manifestações que coloquem em xeque a
política adotada nesses últimos anos. O panelaço do dia 15 será coberto pela
mídia com destaque por ter origem na classe média, cujos interesses, via de
regra, refletem aqueles das classes mais abastadas. Lamentavelmente, as
diversas lutas de classe que vem ocorrendo a partir de operários da construção
civil, montadoras, sem teto, professores e trabalhadores terceirizados como os
das universidades federais e da COMPERJ, entre tantas outras, não recebem o
mesmo tratamento. Muito ao contrário, são criminalizadas e todo o esforço
midiático é apenas para mostrar o quanto essas lutas transtornam o
funcionamento da cidade e a vida das pessoas.
Há,
portanto, duros e permanentes ataques desferidos contra os direitos sociais e
trabalhistas que afetam em especial os menos favorecidos. É necessário que haja
um enfrentamento ao atual governo do PT capitaneado por Dilma, mas não uma
marcha organizada única e exclusivamente com o objetivo de trazer de volta ao
poder o PSDB, partido que, assim como o PT, além do envolvimento em casos de
corrupção, implantou uma política de orientação neoliberal com metas
inflacionárias, foco excessivo em superávit primário, taxa de juros nas alturas
e reformas que sistematicamente reduzem os direitos sociais já conquistados.
Estas, em função de seus efeitos, recebem uma nomenclatura mais adequada quando
chamadas de contrarreformas.
O
enfrentamento à presidente e a atual política deve ocorrer, mas buscando
estabelecer estratégias reais e efetivas de resistir aos ataques perpetrados
contra os trabalhadores e seus direitos em favor do capital. A luta deve ser
contra o processo de exploração, que se torna mais evidente com a ampliação dos
processos de terceirização e flexibilização trabalhista, com vistas a uma
sociedade mais justa e igualitária.
É
uma luta desigual e pesada, pois o inimigo é forte e articulado, inclusive com
a mídia. Muitos serão necessários e bem-vindos para esse enfrentamento. Cabem
nessa luta todos aqueles que desejam um Brasil melhor, independente dos
partidos aos quais tenham simpatia ou concordância. Que venham para a luta
aqueles que sempre militaram politicamente em sindicatos e organizações sociais,
os neoadeptos de junho de 2013, os que estiverem nos atos deste dia 15 e quem
mais desejar. Lutemos todos juntos com marchas, panelaços e o que mais for
necessário, mesmo um impeachment, não apenas para trocar o partido no governo,
mas para conquistar mudanças que assegurem a manutenção e ampliação de direitos
sociais e tornem melhor a vida de todos!
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