Meio Ambiente
Crimes ambientais aumentam
em Macapá
Nas últimas semanas vários casos
de poluição ao meio ambiente vieram à tona, muitos cometidos pela má administração
pública municipal.
Kerllyo
Barbosa
Nas últimas semanas vários casos de crime ambiental
vieram à tona, muitos cometidos pela própria administração pública municipal.
Fatos ocorridos no conjunto Oscar Santos, na Lagoa do Pacoval e Pantanal foram alguns
deles. Não é de hoje também a irresponsabilidade nas ações das políticas
públicas de habitação. Os gestores
aceleram a conclusão das obras para efeito de inauguração, alojando os
moradores em prédios com o sistema de água e esgoto inacabado. Não é de hoje
que sabemos que no Amapá, a proporção de domicílios conectados à rede coletora
de esgoto é de somente 3,2%.
De acordo com o Programa Minha Casa Minha
Gente do Governo Federal, os projetos residenciais devem existir o sistema de água
e esgoto com critérios técnicos aprovados pelos órgãos de fiscalização
ambiental. Na entrega da obra, comprovada a conclusão do sistema sanitário
passará a ser administrado pelo órgão local (Estadual ou Municipal). O que não
aconteceu com os residenciais Macapaba, Mucajá, Oscar Santos que são exemplos
dessas políticas ineficientes. Entregues inacabadas, sem um sistema de esgoto
de qualidade, infraestrutura ou mesmo pontos de paradas cobertas. Necessidades
básicas e que são simples de resolver.
Para sanar
esse gargalo e evitar o crime ambiental a presidente da Companhia de
Água e Esgoto do Amapá (Caesa), Patrícia Brito, reuniu com representantes da
Caixa Econômica Federal para esclarecer questões relacionadas aos sistemas de
água e esgoto dos conjuntos habitacionais Mestre Oscar Santos e Macapaba, ambos
na zona Norte de Macapá. No início de fevereiro, uma equipe técnica da Caesa
visitou o conjunto Mestre Oscar para fazer a avaliação dos sistemas de água e
esgoto do residencial. Após a visita, foram constatadas pendências nos sistemas
que inviabilizaram a Caesa assinar o recebimento dos mesmos.
Na reunião, a
Caixa Econômica esclareceu que, após sanadas as pendências no sistema de água
pela Vex Construtora, a Caesa fará uma nova visita técnica para que, de fato, a
companhia possa vir a ser a responsável provisoriamente pelo sistema de água
tratada. Mediante essas as novas condições do sistema, a companhia poderá
receber em definitivo o sistema do conjunto.
Delegado Sávio Pinto |
A Delegacia de Crimes Contra o Meio Ambiente tem
recebido diversas denúncias que dizem respeito à degradação de áreas de
proteção ambiental e lagoas, principalmente na zone norte de Macapá. Mas
segundo o delegado Sávio Pinto, titular desta Delegacia as denúncias que lideram
as estatísticas ainda são de poluição sonora.
“Sem dúvida a demanda é muito grande. 85% das
ocorrências são de poluição sonora. Veículos, bares, casas de shows, igrejas. E
isso passa pelo filtro da educação familiar e que desagua dentro da polícia. É
muito grande o volume de ocorrências de poluição sonora.” Explica o delegado.
Poluição das
Lagoas e Ressacas
Lagoa do
Pacoval
“Não possível que muitas famílias sofram e paguem
pelo péssimo serviço realizado pela prefeitura de Macapá, ainda que seja por
uma boa causa. De fato a obra vai contribuir com o trânsito aqui da Zona Norte,
mas os responsáveis pelo serviço deveriam ter feito um estudo prévio para
prever e evitar esses transtornos para com a nossa Lagoa. Um lugar tão bonito
sendo degradado pela incompetência da administração pública municipal.” Desabafa
o morador.
Os
engenheiros da prefeitura estiveram no local e constataram que o piche, de
maneira inesperada, realmente desceu para a Lagoa. O delegado Sávio Pinto
também comentou sobre as ocorrências de poluição hídrica.
“Nós
temos também poluição hídrica, uma parte de desmatamento. É bom ressaltar que o
Amapá ainda é o Estado mais preservado do país, é a Unidade da Federação que
menos desmata. E nós estamos reprimindo de forma veemente esse tipo de
delinquência. Nós temos o caso da poluição hídrica do novo horizonte, e também
o suposto caso de poluição dos lagos dos buritis e do pantanal. A gente apura
tudo que se pode imaginar, apuramos até morte de gados.” Afirmou Sávio.
E no
caso da Lagoa do Pacoval, como se trata de material derivado do petróleo, o
piche acaba por ficar na superfície da água. A solução então é bobear esse
material nocivo para fora da Lagoa. Caso não seja feito, os peixes irão começar
a surgir mortos. Nesse caso específico da Lagoa a delegacia já está em processo
de apuração.
“É
importante ressaltar, como eu já falei anteriormente, que a nossa delegacia,
além desse caso específico do qual estamos falando. Nós também investigamos
casos de pesca ilegal de período de defeso, caça predatória, animais silvestres
traficados, desmatamentos e queimadas. Só que esses casos são mais recorrentes
no interior do Estado. Mas falando desse caso ai da zona norte, nós temos além
do Pacoval, a poluição do lago dos Buritis que pode ser proveniente do conjunto
Macapaba, já está sendo investigado. E pode ser que seja de uma ocupação irregular
do entorno do conjunto de pessoas que não são do conjunto.”
É
sabido que a polícia civil não dispõe de pessoal e estrutura suficiente para
atender de maneira eficiente às demandas que vem do interior, a DEMA não tem
uma embarcação que faça o trajeto até as localidades mais afastadas da capital.
O que seria uma ferramenta muito útil nesses casos.
Imap
O
Instituto de Licenciamento e Ordenamento Territorial do Amapá (Imap) nesta
quarta-feira (25) informou que não houve no plano de obras da prefeitura de
Macapá, um pedido para intervenção na área de ressaca onde o Município executa
obras de asfaltamento, no bairro Pantanal, Zona Norte da capital. No dia 8 de
março, moradores da região detectaram uma
contaminação no lago por piche, material usado no asfalto
que estava armazenado próximo ao local, e escorreu para a ressaca após a chuva.
A informação do Imap foi dada em audiência na Comissão de Meio Ambiente da
Assembleia Legislativa do Amapá
(Alap), que convocou, além do instituto, as secretarias municipal e estadual de
Meio Ambiente (Semam) e (Sema). Os representantes das respectivas pastas não
compareceram. Eles alegaram incompatibilidade de agenda.
Lençol freático do Novo Horizonte
Houve
um caso de grande repercussão em 2014, que foi o do bairro Novo Horizonte, as
denúncias davam conta de contaminação por óleo diesel no lençol freático do
bairro. A Delegacia de Crimes Contra o Meio Ambiente investigou e constatou que
era uma empresa privada a responsável pelo ilícito.
“Esse
caso do bairro Novo Horizonte de poluição do lençol freático, que foi muito
óleo diesel dentro da água dos moradores. Eu apurei junto a DEMA e cheguei a
conclusão, indiciei a empresa responsável. E nós temos agora o problema do
Pantanal, a denúncia indica também uma empresa que presta serviço para
prefeitura, que é uma obra que trabalha no melhoramento viário lá. E nós
certamente vamos ouvir as partes e vamos apurar as responsabilidades.”
Fiscalização em todo o Estado
Macapá e Santana lideram as
estatísticas quando se trata de crimes contra o meio ambiente, no entanto, o
interior precisa ser assistido, pois muitos casos deixam de ser apurados por
falta de estrutura na Polícia Civil do Estado do Amapá. Muito tem sido feito,
mas muito ainda pode ser feito com um bom investimento no aparato da polícia. A
realização de um novo concurso já seria uma contribuição, isso inclusive está
na lista de ações do Governo do Estado.
Um dos problemas mais graves e crônicos são as áreas de ressacas, que na
verdade se originou de uma ausência de um planejamento habitacional, e o que
deveria servir como um moderador de clima, hoje é utilizado como um grande
depósito de despejo de todo tipo de lixo. O delegado também comentou essa
situação: “aterram áreas de ressaca, o que já é um erro, e os vizinhos não se
entendem entre si, e o que deveria ser intermediado pelos órgãos administrativos,
acaba sendo absorvido pela DEMA, dessa maneira, uma situação que poderia ser
resolvido pelos meios não judiciais, se transforma em mais um processo jurídico”.
Esclarece Sávio Pinto.
Sabemos das dificuldades encontradas pela atual gestão com referencia a
administração pública da gestão passada. No terceiro mês do novo mandato ainda
estão sendo pagos meses atrasados de trabalhados que prestaram serviço para o
governo nos últimos quatro anos. Desse modo, a Delegacia de Crimes Contra o
Meio Ambiente, pois mesmo com o seu efetivo reduzido e carência de logística,
consegue realizar um ótimo serviço de repressão na capital e interiores do Estado.
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