sexta-feira, 6 de março de 2015

Pioneirismo






Newton Cardoso, o militante cultural esquecido.

Por Renato Flecha (Publicado no jornal “Correio do Amapá” (domingo, 03.10.10)

Existe em todo lugar, algumas injustiças históricas. Dizem que o brasileiro não tem memória. Concordo. No Amapá não é diferente, o pioneiro do antigo Território Federal do Amapá e militante da cultura local, Newton Cardoso, é um destes casos.

Natural de Uruçuí (PI), o militar piauiense, herói da Segunda Guerra Mundial, veio para Macapá em 1946, a convite de seu amigo e então governador do antigo Território Federal do Amapá, Janary Gentil Nunes. Cardoso se estabeleceu na capital e por aqui constituiu família.
 
No mesmo ano, na capital amapaense, Newton, que entendia de cultura em várias vertentes, deu grandes contribuições para nossa Macapá. Foi o fundador da Biblioteca Pública de Macapá, hoje Biblioteca Elcy Lacerda.
Em 1950, foi instalada e um prédio construído especificamente para esse fim, em frente à antiga Escola Normal de Macapá (IETA). Biblioteca Pública funcionou em vários pontos da cidade, inclusive em um velho casarão, que foi Palácio do Governo do Amapá.

Com o aumento considerável do acervo e havendo necessidade de outro prédio, em 1971 o governo do general Ivanhoé Martins decidiu construir o atual prédio da biblioteca na Rua São José, esquina com a Av.Mendonça Furtado.No mesmo local onde havia um casarão que serviu de sede para o Palácio do Governo (foto) a Biblioteca Pública de Macapá funcionou de 1945 a 1949.
Em 1992, a Biblioteca passou por reformas e adaptações, sendo reinaugurada em 10 de junho de 1994. Nesses dois anos ela funcionou no prédio da COBAL (hoje SEBRAE) e através da Lei nº0269 de 12 de Junho de
Museu arqueologia
Em 1948, foi fundador e diretor do Museu Territorial, que funcionava dentro da Fortaleza de São José. No ano seguinte, Newton foi pioneiro em expedições arqueológicas no Amapá, onde acompanhou arqueólogos americanos em escavações pelo Rio Maracá, Rio Vila Nova, Rio Araguari e município de Amapá.

Daí não parou mais, se especializou em Arqueologia, explorou e mapeou sítios arqueológicos nas regiões de Cassiporé, Cunany e Calçoene, além de territórios indígenas. Versátil, também trabalhou com Zoologia e ocupou vários cargos do serviço público local. Em 1963, voltou a trabalhar com cultura, pois foi nomeado diretor do Museu Joaquim Caetano da Silva, em Macapá.

Durante suas aventuras, Newton Cardoso acumulou um grande acervo histórico. Ao deixar o serviço público, em 1963, doou ao Museu Territorial cerca de 4916 peças de Zoologia, 254 de Arqueologia, das antigas civilizações indígenas do Amapá. Entre elas, urnas funerárias antropomorfas e zoomorfa; uma coleção e moeda e cédulas antigas, além de duas coleções do Jornal Pinsônia, primeiro impresso amapaense.

Essas peças estão catalogadas e expostas no Museu Joaquim Caetano da Silva, no centro de Macapá.

O velho militante cultural e pioneiro do Amapá morreu em março de 1987, aos 68 anos, vítima de um infarto fulminante. Segundo seu filho, Enilton José Cardoso, não existe nada com o nome do pai, nenhuma rua ou qualquer outra homenagem a este cidadão que contribuiu, e muito, para as peças deste grande quebra cabeça, chamado história. Uma falha que ainda pode ser corrigida.
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Fundou o Amapá Esporte Clube
Publicado no jornal “Correio do Amapá” de domingo, 03.10.10
O Amapá foi fundado no dia 23 de fevereiro de 1944, em reunião ocorrida em residência situada em frente ao primeiro prédio da Prefeitura Municipal de Macapá, hoje servindo à Secretaria Especial de Defesa Social. É o mais antigo clube de futebol do Amapá.

Foram fundadores do Amapá: Eloy Nunes Monteiro, Francisco Serrano, Pauxy Gentil Nunes, Newton Cardoso, Jose Serafim Coelho, João Vieira de Assis, Glicério de Souza Marques, Raimundo Nonato Araújo Filho, Raimundo de Campos Monteiro e Zoilo Pereira Córdoba. O governador do Estado na época, Janary Gentil, participou da reunião de fundação do clube, mas não assinou a ata de fundação, pois teve que ausentar-se antes do término da reunião.


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