sexta-feira, 20 de março de 2015

PIONEIRISMO



R. Peixe
Patrimônio cultural e imaterial do Amapá

Um pioneiro do samba e das artes plásticas
11 anos sem R. Peixe.





R. PEIXE
Raimundo Braga de Almeida, mais conhecido como R. Peixe, nasceu em São Caetano de Odivelas, região do Salgado (PA), em 10 de junho de 1931, e se vivo fosse estaria completando, 84 anos de idade. Professor de artes, artista plástico e carnavalesco. Um dos maiores artistas plásticos, o mais popular e eclético artista amapaense.

Peixe era filho de Manoel Ferreira de Almeida e Eufrazina Braga de Almeida. Possuía o ensino médio. Parou no quarto ano da Escola Nacional de Belas Artes, da Universidade do Rio de Janeiro. Desde cedo pendendo para as artes plásticas, em 1940, aos nove anos de idade, participou de um concurso na escola de sua cidade e obteve o primeiro lugar, ao pintar a lápis, o retrato de Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Cabral.

Chegou a Macapá em 1953, estimulado por amigos e conterrâneos para jogar futebol. Admitido na Olaria Territorial, que pertencia ao Governo do Amapá, pintava motivos marajoaras em ladrilhos, vasos e outras peças. Com o reposicionamento do funcionalismo público territorial, ganhou estabilidade no quadro permanente de pessoal.

Ele se revelou brilhante artista impressionista e abstracionista. Retratou paisagens de Macapá e de pessoas ilustres. Cursou a Escola Nacional de Belas Artes até o quarto ano e sempre dizia que não se arrependia de não ter concluído o curso.


Escola de Artes Candido
Para difundir seus conhecimentos, fundou a Escola de Artes Candido Portinari, atuando como diretor e professor. Ele mantinha a escola, inicialmente, contando com uma pequena ajuda do Governo do Território do Amapá. Depois, a escola foi encampada pelo Governo do Estado e permanece rendendo bons frutos.

Entre 1979 e 1980 realizou o curso de atualização de teatro e educação artística, pelo Departamento de Recursos Humanos da Secretaria de Educação do Amapá. Liderou um grupo de artistas locais, levando-os a fundar o Movimento Artístico Popular, Moap. Graças a R. Peixe, quem vai a Macapá por via aérea pode ver um painel fantástico retratando a Doca da Fortaleza, que se encontra no Aeroporto Internacional de Macapá.

O Carnaval amapaense recebeu um grande legado de R. Peixe. Desde 1953, ele participou do período momesco convivendo com Falconeri, Cadico e Pereirinha, amigos forjados nas festas de Macapá. Já estava lá quando foram fundadas as escolas de samba Boêmios do Laguinho e Maracatu da Favela. À época, usavam-se caixas de madeira cobertas com couro de cobra, gato e veado. R. Peixe introduziu tambores de metal na escola que fundou, e como foi novidade fez a bateria despontar como a melhor de Macapá. Também é de sua iniciativa a introdução da ala das baianas e das alegorias. Juntamente com Cadico e Pereirinha, fundou os Embaixadores do Ritmo e nele permaneceu até o momento em que outros brincantes acharam que ele estava "mandando demais".

Foi convidado pelo baterista Zé Maria Boca Preta, Zé Velha, Jeconias Araújo e Hermenegildo Brito a fundar outra escola de samba. Às 5 horas da tarde de 17 de fevereiro de 1962, surgiu a Piratas da Batucada, cujos ensaios passaram a ser feitos na sede do Atlético Latitude Zero, graças à intervenção do Cristiano. R. Peixe também fundou a Embaixada de Samba Cidade de Macapá, a 14 de agosto de 1963, contando com o apoio de seus familiares e as participações da Alice Gorda, do Raimundo Barros e Dona Lulu. A nova escola foi vice-campeã em 1966 e 1967. Em 1997, depois de estar ausente do carnaval havia 16 anos, R. Peixe voltou a desfilar pela Embaixada de Samba Cidade de Macapá. R. Peixe faleceu em Natal (RN), em 1º de março de 2004. (Fonte: Edgar Rodrigues).



Exposições

Muitas de suas obras ainda estão dependuradas em importantes repartições públicas do Governo Estadual e da Prefeitura Municipal, além de edifícios federais e nas paredes de casas particulares, cujos donos sabiam da importância de seus trabalhos e os colecionavam. Nas exposições realizadas nas décadas de 60, 70 e 80, sempre com o apoio governamental, seus quadros já saíam praticamente todos vendidos ou reservados, pois nesse período se valorizava muito as paisagens amazônicas, uma temática comum utilizada por ele. R. Peixe também produziu centenas de paisagens urbanas, nas quais os aspectos da fortaleza de São José eram evidenciados, bem como a velha igreja, a doca, a dança do marabaixo e retratos de personalidades locais.


Em seu blog Fernando Canto, cujo texto acima foi por ele escrito, com o titulo o Mestre esquecido destaca que “Soube agora que suas obras começam a desaparecer das repartições públicas. Falta um inventário das obras compradas pelos poderes públicos, para não deixar acontecer como as coisas (farol, canhões, etc.) que roubaram da fortaleza de São José”.

Ele continua destacando que quem
Quem chegava a Macapá por avião logo via um imponente painel no aeroporto internacional retratando a cidade, vista sob o ângulo principal do forte, e o admiravam, como se fosse um convite para conhecer o belo monumento militar construído pelos portugueses no século XVIII. O Palácio do Governo possui um painel semelhante. O Tribunal de Contas do Estado é todo decorado com obras interessantes desse artista. Infelizmente não há como saber a quantidade de obras porque muitas foram roubadas por administradores inescrupulosos. Talvez com a implantação do Museu da Imagem e do Som que o Governo pretende montar em breve seja feito um levantamento das obras artísticas compradas por ele. [...]



O que vejo também como importante na vida de R. Peixe foi a sua contribuição às atuais artes plásticas do Amapá, pois foi o idealizador e fundador da Escola de Arte Cândido Portinari, que hoje revela o talento de jovens artistas de nossa terra.

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