R.
Peixe
Patrimônio
cultural e imaterial do Amapá
Um pioneiro do
samba e das artes plásticas
11 anos sem R.
Peixe.
R. PEIXE |
Raimundo Braga de Almeida, mais conhecido como R. Peixe,
nasceu em São Caetano de Odivelas, região do Salgado (PA), em 10 de junho de
1931, e se vivo fosse estaria completando, 84 anos de idade. Professor de
artes, artista plástico e carnavalesco. Um dos maiores artistas plásticos, o
mais popular e eclético artista amapaense.
Peixe era filho de Manoel Ferreira de Almeida e Eufrazina
Braga de Almeida. Possuía o ensino médio. Parou no quarto ano da Escola
Nacional de Belas Artes, da Universidade do Rio de Janeiro. Desde cedo pendendo
para as artes plásticas, em 1940, aos nove anos de idade, participou de um
concurso na escola de sua cidade e obteve o primeiro lugar, ao pintar a lápis,
o retrato de Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Cabral.
Chegou a Macapá em 1953, estimulado por amigos e conterrâneos
para jogar futebol. Admitido na Olaria Territorial, que pertencia ao Governo do
Amapá, pintava motivos marajoaras em ladrilhos, vasos e outras peças. Com o
reposicionamento do funcionalismo público territorial, ganhou estabilidade no
quadro permanente de pessoal.
Ele se revelou brilhante artista impressionista e
abstracionista. Retratou paisagens de Macapá e de pessoas ilustres. Cursou a
Escola Nacional de Belas Artes até o quarto ano e sempre dizia que não se
arrependia de não ter concluído o curso.
Escola de Artes Candido |
Entre 1979 e 1980 realizou o curso de atualização de teatro e
educação artística, pelo Departamento de Recursos Humanos da Secretaria de
Educação do Amapá. Liderou um grupo de artistas locais, levando-os a fundar o
Movimento Artístico Popular, Moap. Graças a R. Peixe, quem vai a Macapá por via
aérea pode ver um painel fantástico retratando a Doca da Fortaleza, que se
encontra no Aeroporto Internacional de Macapá.
O Carnaval amapaense recebeu um grande legado de R. Peixe.
Desde 1953, ele participou do período momesco convivendo com Falconeri, Cadico
e Pereirinha, amigos forjados nas festas de Macapá. Já estava lá quando foram
fundadas as escolas de samba Boêmios do Laguinho e Maracatu da Favela. À época,
usavam-se caixas de madeira cobertas com couro de cobra, gato e veado. R. Peixe
introduziu tambores de metal na escola que fundou, e como foi novidade fez a
bateria despontar como a melhor de Macapá. Também é de sua iniciativa a
introdução da ala das baianas e das alegorias. Juntamente com Cadico e
Pereirinha, fundou os Embaixadores do Ritmo e nele permaneceu até o momento em
que outros brincantes acharam que ele estava "mandando demais".
Foi convidado pelo baterista Zé Maria Boca Preta, Zé Velha,
Jeconias Araújo e Hermenegildo Brito a fundar outra escola de samba. Às 5 horas
da tarde de 17 de fevereiro de 1962, surgiu a Piratas da Batucada, cujos
ensaios passaram a ser feitos na sede do Atlético Latitude Zero, graças à
intervenção do Cristiano. R. Peixe também fundou a Embaixada de Samba Cidade de
Macapá, a 14 de agosto de 1963, contando com o apoio de seus familiares e as
participações da Alice Gorda, do Raimundo Barros e Dona Lulu. A nova escola foi
vice-campeã em 1966 e 1967. Em 1997, depois de estar ausente do carnaval havia
16 anos, R. Peixe voltou a desfilar pela Embaixada de Samba Cidade de Macapá.
R. Peixe faleceu em Natal (RN), em 1º de março de 2004. (Fonte: Edgar
Rodrigues).
Exposições
Muitas de suas obras
ainda estão dependuradas em importantes repartições públicas do Governo
Estadual e da Prefeitura Municipal, além de edifícios federais e nas paredes de
casas particulares, cujos donos sabiam da importância de seus trabalhos e os
colecionavam. Nas exposições realizadas nas décadas de 60, 70 e 80, sempre com
o apoio governamental, seus quadros já saíam praticamente todos vendidos ou
reservados, pois nesse período se valorizava muito as paisagens amazônicas, uma
temática comum utilizada por ele. R. Peixe também produziu centenas de
paisagens urbanas, nas quais os aspectos da fortaleza de São José eram
evidenciados, bem como a velha igreja, a doca, a dança do marabaixo e retratos
de personalidades locais.
Em seu blog Fernando Canto, cujo texto acima foi por ele escrito, com o titulo o Mestre esquecido destaca que “Soube agora que suas obras começam a desaparecer das repartições públicas. Falta um inventário das obras compradas pelos poderes públicos, para não deixar acontecer como as coisas (farol, canhões, etc.) que roubaram da fortaleza de São José”.
Ele continua destacando que quem
Quem chegava a Macapá por avião logo via um imponente painel
no aeroporto internacional retratando a cidade, vista sob o ângulo principal do
forte, e o admiravam, como se fosse um convite para conhecer o belo monumento
militar construído pelos portugueses no século XVIII. O Palácio do Governo
possui um painel semelhante. O Tribunal de Contas do Estado é todo decorado com
obras interessantes desse artista. Infelizmente não há como saber a quantidade
de obras porque muitas foram roubadas por administradores inescrupulosos.
Talvez com a implantação do Museu da Imagem e do Som que o Governo pretende
montar em breve seja feito um levantamento das obras artísticas compradas por
ele. [...]
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