Arquipélago
do Bailique
Projeto para
desenvolvimento tem parceria da EMBRAPA
Reinaldo Coelho
O Arquipélago do Bailique – Distrito de Macapá – é
composto por oito ilhas (Bailique, Brigue, Curuá, Faustino, Franco, Igarapé do
Meio, Marinheiro e Parazinho), onde residem cerca de sete mil habitantes
distribuídos em pouco mais de 40 comunidades.
Distante 185 km de Macapá, além da beleza natural o
Arquipélago do Bailique tinha um diferencial, eram dezenas de ribeirinhos em
suas montarias, que os ajudava a se deslocarem de um lugar para o outro na
comunidade, hoje a modernidade está aportando na localidade e dezenas de
rabetas estão substituindo as tradicionais montarias que são remanescentes dos
nativos indígenas.
Mais essa modernidade está chegando também na
economia do arquipélago, através da EMBRAPA/Amapá. Uma equipe técnica da
instituição de pesquisa contribuiu com a realização do Encontrão III – Projeto
de Construção do Protocolo Comunitário do Bailique, evento promovido este ano
pela Rede Grupo de Trabalho Amazônico (GTA).
Protocolo
Comunitário
O projeto do Protocolo Comunitário tem como objetivo
apoiar as comunidades do Bailique nas ações de acesso às políticas públicas de
desenvolvimento sustentável.
A equipe da EMBRAPA faz análise das demandas e do
potencial de cooperação com o GTA e instituições parceiras que atuam no
Bailique, para firmar parcerias técnico-científicas. Várias tecnologias de
melhoria de produção agropecuária serão mapeadas pela EMBRAPA para serem
incluídas nos treinamentos técnicos a serem realizados no Bailique, com
destaque para manejo de camarão, técnicas de cultivo de peixes, manejo de
regeneração do pau mulato, manejo de andirobeiras e cultivo de variedades de
bananas resistentes a doenças.
Parcerias
O projeto de construção do Protocolo Comunitário do
Bailique surgiu a partir da parceria entre o Instituto Estadual de Florestas
(IEF) e o Fundo Vale, que destinou R$ 5 milhões para ações de fortalecimento
das organizações da sociedade civil do Amapá no período de 2014 a 2016.
A participação in
loco da EMBRAPA, no Encontrão III, realizado no Bailique em fevereiro deste
ano, deu continuidade à articulação entre os diretores do GTA e o chefe geral
da Embrapa Amapá, Jorge Yared, quando foram apresentados detalhes do projeto
Protocolo Comunitário do Bailique e os resultados alcançados até aquele
momento, entre eles, a publicação da metodologia de construção do protocolo e
um diagnóstico socioeconômico das 34 comunidades que participam do projeto.
Na oportunidade, o chefe geral da EMBRAPA/Amapá foi
informado sobre a formação de um Conselho Gestor do Protocolo, com
representantes dos quatro Polos representantes das comunidades.
Jorge Yared manifestou o interesse da EMBRAPA/Amapá
em uma colaboração técnico-científica e ressaltou projetos de interesse das
famílias do arquipélago, como o manejo de açaizais nativos, manejo de pescado e
camarão, manejo de andiroba e domesticação do pau-mulato.
Açaizais
Com relação à produção dos açaizeiros do
arquipélago, a contribuição da EMBRAPA/Amapá remete ao período de 2001 a 2003,
quando o centro de pesquisas atuou com as comunidades do Bailique, por meio de
um projeto coordenado pela Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (SETEC),
e parceria do RURAP e do IEPA, financiado pelo PROBEM, do Ministério do Meio
Ambiente. "Por meio deste projeto
fizemos diversas ações de transferência de tecnologias, especialmente de manejo
de açaizais nativos (capacitação de manejo e estabelecimento de unidades
demonstrativas), sistemas agroflorestais para recuperação de áreas alteradas
com açaizeiros e fornecimento de sementes selecionadas de açaizeiros com características
superiores quanto a produção de frutos e época da safra. Estes trabalhos
beneficiaram diretamente cerca de 300 produtores no Bailique", recorda
o pesquisador Silas Mochiutti.
Ele acrescenta que os resultados deste trabalho
podem ser observados atualmente na economia do arquipélago. "O Bailique tornou-se um importante
fornecedor de frutos de açaí para os mercados de Macapá e Belém, com um
substancial aumento da renda daquela população ribeirinha. Quando iniciamos o
trabalho lá, a produção era muito baixa, inclusive em algumas comunidades não
havia produção nem para o abastecimento local em alguns períodos do ano (aí
polpa de açaí de Macapá), devido a intensa exploração do palmito desta espécie",
compara o pesquisador.
Produtores que utilizaram as sementes
disponibilizadas pela EMBRAPA alcançam "excelente rendimento com sua produção, pois as plantas oriundas destas
sementes têm produção na entressafra da produção local, obtendo preços justos
pelo produto", ressaltou Silas Mochiutti.
O Projeto de construção do protocolo comunitário do
Bailique reuniu cerca de 80 representantes, de 22 comunidades do Bailique, além
de lideranças do Conselho Comunitário do Bailique e da Colônia de Pescadores do
Bailique, técnicos do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Amapá (RURAP),
da EMBRAPA, do Ministério do Meio Ambiente, da Companhia Nacional de
Abastecimento, do Ministério Público Federal, da Rede das Associações das
Escolas Famílias do Amapá (RAEFAP), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Fundo
Vale, IEB e Forest Trends.
Durante o evento, o analista de transferência de
tecnologia da EMBRAPA/Amapá, Gustavo Castro, fez uma apresentação sobre a
atuação e estrutura da empresa de pesquisa com ênfase na missão no desenvolvimento
do estuário amazônico.
Em seguida, a pesquisadora Ana Euler fez uma
descrição das pesquisas e tecnologias do Núcleo de Manejo Florestal, com
destaque para o manejo de açaizais nativos, o Projeto Florestam (pau mulato,
andiroba, etnobotânica), REDD+Flota, mapeamento participativo de castanhais e
secador solar, e reafirmou a disposição da EMBRAPA/Amapá no apoio técnico ao
georreferenciamento do uso e ocupação do solo no arquipélago do Bailique.
A pesquisadora Jamile Araújo destacou as pesquisas e
tecnologias do Núcleo de Aquicultura e Pesca, ressaltando o papel da Agência de
Pesca do Estado do Amapá (PESCAP) no processo de transferência de tecnologias
desta área para os produtores.
Os participantes foram divididos em cinco Grupos de
Trabalho (GTs): Conhecimentos Tradicionais, Questão Fundiária, Meio Ambiente,
Agroextrativismo e Produção e Juventude.
A atual fase do projeto (2015-2016) tem como
objetivo organizar as cadeias produtivas consideradas prioritárias e
dinamizá-las, implementando o protocolo como orientação nas relações
comerciais. O projeto conta com uma rede de parceiros e apoiadores, entre eles
o Fundo Vale (principal financiador), Fundação Avina e Ministério do Meio
Ambiente. (Fonte: EMBRAPA/Amapá)
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