segunda-feira, 18 de maio de 2015

ARTIGO DO TOSTES


Campo Minado

Recentemente, ouvindo várias pessoas em Brasília, destaquei um depoimento que considero expressivo diante do momento em que estamos vivenciando, dialogando com um deputado, tive a oportunidade de trocar algumas ideias. De acordo com este deputado, destacou a seguinte frase: Estamos em um “Campo Minado”, tal frase, teria uma abrangência de caráter amplo, porém, convém salientar, a denominação de “Campo Minado”, faz alusão ao período de guerras, onde, ambos os lados opostos armavam para o inimigo, verdadeiras armadilhas, colocando minas em diversas áreas, ao menor toque, imediatamente, ocorriam grandes explosões, com grandes efeitos devastadores, uma das regiões que mais sofreu com isso foi à África, mas precisamente, Angola, as minas quando não tiravam vidas de milhares de soldados e civis, deixavam um depósito de mutilados, sem pernas, braços e outros membros, algo devastador para o futuro de qualquer um.

Voltando a afirmação do deputado, o nosso “Campo Minado?”, trata-se de um jogo de bastidores, envolve interesses pessoais e coletivos. Segundo o deputado, não é fácil ser um parlamentar no Brasil, seja no Estado de origem ou em Brasília, todos os mecanismos relacionados às questões éticas e morais estão abalados. Se você adota uma postura honesta e idônea, não falta rapidamente criticas para tal comportamento, então, o que leva um individuo acreditar que tudo na vida é só levar vantagem? Conseguir dinheiro fácil está envolvido em esquemas de corrupção, desvios e lavagem de recursos públicos. É fácil constatar, o “alimento” da mídia todos os dias, diz respeito somente às coisas ruins, há uma exploração deste assunto ao máximo, em detrimento de coisas boas, não se cria um equilíbrio entre o que é bom ou ruim?

A frase dita pelo deputado está impregnada na sociedade brasileira, está entranhada no seio da sociedade brasileira, a ideia de se dar bem a qualquer preço, é muito forte e intensa isso tem um preço, não é somente o empobrecimento material, mas todos os condicionantes éticos, morais e sociais. As relações estabelecidas na sociedade, muitas delas estão comprometidas, são múltiplos exemplos que poderiam ser citados, mas vamos evidenciar alguns: professor que não dá aulas, mas exige tudo da instituição onde trabalha; alunos que burlam qualquer tipo de sistema para se dar bem, não frequentam aulas e colocam o aprendizado em segundo plano; políticos que não cumprem promessa de campanha, após eleitos, praticam todo tipo de estelionato eleitoral; advogados que rompem a barreira ética com seus clientes; arquitetos e engenheiros que burlam a legislação e não realizam bons projetos e obras; médicos que não cumprem escalas de plantão, e para finalizar o próprio cidadão comum, que joga lixo no entorno, fura qualquer tipo de fila e prática pequenos delitos, contribuindo assim para a má formação dos seus filhos.

Este contexto vai indo além do citado pelo deputado, também é um “Campo Minado”, é um quadro doentio, repercute em toda a sociedade, os efeitos sociais são devastadores, gera violência, postura caótica no trânsito, ambientes desestruturados, pessoas que fingem trabalhar, mas no final do mês exigem o salário completo e mais benefícios. De fato, vivemos em um “Campo Minado”, diferentes das minas colocadas para pegar o inimigo, produz efeitos, ainda maiores, gera atraso moral e retarda o desenvolvimento de uma Nação, isola pessoas, destrói famílias, e o pior, deixa toda uma sociedade refém, enfraquecida e fragilizada.
É bem possível, que, para alcançarmos a regeneração social, seja preciso chegar ao fundo de alguma coisa, para muitos, se tem como referência um “poço”, evoluir é preciso, neste momento, a própria sociedade, parece não ter as forças suficientes para reagir e ter uma postura mais proativa mostra o tamanho do “Campo Minado” em que estamos metidos. Então, como diz o deputado, ter uma postura decente, hoje em dia no meio político é considerado um defeito e não uma qualidade perde-se os princípios que estão contidos na ideia de Democracia. É preciso mentir para se dar bem, é como se o produto da mentira gerasse resultados produtivos, é um engano, à vida real não é um filme de ficção, mas é como se fosse um enredo de uma ”Vida Bandida”, vai assumindo contornos dramáticos em todos os lugares, nas ruas, nas casas e nos ambientes de trabalho.

Segundo este deputado, estamos vivendo uma mentira, o pior, é que os atingidos são meros expectadores deste espetáculo. A política feita pelos políticos não tem nenhuma qualidade, está carente de valores éticos, morais e filosóficos, as relações são construídas com base no ódio, na indiferença e nos enganos dos cidadãos. Na prática, configura-se uma dialética diabólica, onde mentir é condição básica de sobrevivência. O próprio cidadão que mora em ambientes mais humildes e simples, crê que o melhor político é aquele que visita o lugar, aperta mão de todos, dá cesta básica, mas só aparece em época de eleição.


O Brasil tem as cores do verde, azul, amarelo e branco na sua bandeira, simboliza parte de nossa diversidade e riqueza, bem como a esperança, mas neste momento, a cor que se faz mais presente, é cinza. Para romper com este “Campo Minado”, será um trajeto longo, árduo e complexo, porque, por enquanto, as sequelas são extremas, temos a certeza de que o futuro está comprometido, não temos nenhuma convicção sobre a nossa condição de que: “A Esperança é a última que morre”. É certa, aquela afirmação feita pelo deputado, possibilitou esta reflexão mais ampliada, de que é preciso mudar, todavia, encontrar as estratégias para o próximo passo, é o que está em xeque neste momento.

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