Campo Minado
Recentemente,
ouvindo várias pessoas em Brasília, destaquei um depoimento que considero
expressivo diante do momento em que estamos vivenciando, dialogando com um
deputado, tive a oportunidade de trocar algumas ideias. De acordo com este
deputado, destacou a seguinte frase: Estamos em um “Campo Minado”, tal frase,
teria uma abrangência de caráter amplo, porém, convém salientar, a denominação
de “Campo Minado”, faz alusão ao período de guerras, onde, ambos os lados
opostos armavam para o inimigo, verdadeiras armadilhas, colocando minas em
diversas áreas, ao menor toque, imediatamente, ocorriam grandes explosões, com
grandes efeitos devastadores, uma das regiões que mais sofreu com isso foi à
África, mas precisamente, Angola, as minas quando não tiravam vidas de milhares
de soldados e civis, deixavam um depósito de mutilados, sem pernas, braços e
outros membros, algo devastador para o futuro de qualquer um.
Voltando
a afirmação do deputado, o nosso “Campo Minado?”, trata-se de um jogo de
bastidores, envolve interesses pessoais e coletivos. Segundo o deputado, não é
fácil ser um parlamentar no Brasil, seja no Estado de origem ou em Brasília,
todos os mecanismos relacionados às questões éticas e morais estão abalados. Se
você adota uma postura honesta e idônea, não falta rapidamente criticas para
tal comportamento, então, o que leva um individuo acreditar que tudo na vida é
só levar vantagem? Conseguir dinheiro fácil está envolvido em esquemas de
corrupção, desvios e lavagem de recursos públicos. É fácil constatar, o
“alimento” da mídia todos os dias, diz respeito somente às coisas ruins, há uma
exploração deste assunto ao máximo, em detrimento de coisas boas, não se cria
um equilíbrio entre o que é bom ou ruim?
A
frase dita pelo deputado está impregnada na sociedade brasileira, está
entranhada no seio da sociedade brasileira, a ideia de se dar bem a qualquer
preço, é muito forte e intensa isso tem um preço, não é somente o
empobrecimento material, mas todos os condicionantes éticos, morais e sociais.
As relações estabelecidas na sociedade, muitas delas estão comprometidas, são
múltiplos exemplos que poderiam ser citados, mas vamos evidenciar alguns:
professor que não dá aulas, mas exige tudo da instituição onde trabalha; alunos
que burlam qualquer tipo de sistema para se dar bem, não frequentam aulas e
colocam o aprendizado em segundo plano; políticos que não cumprem promessa de
campanha, após eleitos, praticam todo tipo de estelionato eleitoral; advogados que
rompem a barreira ética com seus clientes; arquitetos e engenheiros que burlam
a legislação e não realizam bons projetos e obras; médicos que não cumprem
escalas de plantão, e para finalizar o próprio cidadão comum, que joga lixo no
entorno, fura qualquer tipo de fila e prática pequenos delitos, contribuindo
assim para a má formação dos seus filhos.
Este
contexto vai indo além do citado pelo deputado, também é um “Campo Minado”, é
um quadro doentio, repercute em toda a sociedade, os efeitos sociais são devastadores,
gera violência, postura caótica no trânsito, ambientes desestruturados, pessoas
que fingem trabalhar, mas no final do mês exigem o salário completo e mais
benefícios. De fato, vivemos em um “Campo Minado”, diferentes das minas
colocadas para pegar o inimigo, produz efeitos, ainda maiores, gera atraso
moral e retarda o desenvolvimento de uma Nação, isola pessoas, destrói
famílias, e o pior, deixa toda uma sociedade refém, enfraquecida e fragilizada.
É
bem possível, que, para alcançarmos a regeneração social, seja preciso chegar
ao fundo de alguma coisa, para muitos, se tem como referência um “poço”,
evoluir é preciso, neste momento, a própria sociedade, parece não ter as forças
suficientes para reagir e ter uma postura mais proativa mostra o tamanho do
“Campo Minado” em que estamos metidos. Então, como diz o deputado, ter uma
postura decente, hoje em dia no meio político é considerado um defeito e não
uma qualidade perde-se os princípios que estão contidos na ideia de Democracia.
É preciso mentir para se dar bem, é como se o produto da mentira gerasse
resultados produtivos, é um engano, à vida real não é um filme de ficção, mas é
como se fosse um enredo de uma ”Vida Bandida”, vai assumindo contornos
dramáticos em todos os lugares, nas ruas, nas casas e nos ambientes de
trabalho.
Segundo
este deputado, estamos vivendo uma mentira, o pior, é que os atingidos são
meros expectadores deste espetáculo. A política feita pelos políticos não tem
nenhuma qualidade, está carente de valores éticos, morais e filosóficos, as
relações são construídas com base no ódio, na indiferença e nos enganos dos
cidadãos. Na prática, configura-se uma dialética diabólica, onde mentir é
condição básica de sobrevivência. O próprio cidadão que mora em ambientes mais
humildes e simples, crê que o melhor político é aquele que visita o lugar,
aperta mão de todos, dá cesta básica, mas só aparece em época de eleição.
O
Brasil tem as cores do verde, azul, amarelo e branco na sua bandeira, simboliza
parte de nossa diversidade e riqueza, bem como a esperança, mas neste momento,
a cor que se faz mais presente, é cinza. Para romper com este “Campo Minado”,
será um trajeto longo, árduo e complexo, porque, por enquanto, as sequelas são
extremas, temos a certeza de que o futuro está comprometido, não temos nenhuma
convicção sobre a nossa condição de que: “A Esperança é a última que morre”. É
certa, aquela afirmação feita pelo deputado, possibilitou esta reflexão mais
ampliada, de que é preciso mudar, todavia, encontrar as estratégias para o
próximo passo, é o que está em xeque neste momento.
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