Uma aventura no rio Jari
Autor: José Alberto Tostes
Um dos lugares onde tive a
oportunidade de realizar inúmeras viagens foi para cidade de Laranjal do Jari,
o lugar ficou famoso por conta do Projeto Jari. Laranjal do Jari já foi muito
estudado, são inúmeras as dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre o
município ou a cidade. As expedições para Laranjal, quase sempre ocorriam nos
finais de semana, saiamos da UNIFAP pela manhã cedo, no período de verão a
viagem durava em torno de 05 horas, no inverno chegava a quase 8 horas.
Na primeira expedição havia muita
curiosidade dos participantes em conhecer alguns lugares como: Cachoeira de
Santo Antônio, Monte Dourado e Vitória do Jari. Em agosto de 2005, organizou-se
um grupo de pessoas para ir até a Cachoeira de Santo Antônio, com a
participação da Prefeitura local, foi possível organizar dois grupos em barcos
diferentes, naquela oportunidade seria identificado os potenciais de uso deste
lugar.
O trecho é feito em torno de
1 e 30 minutos ou em até menos tempo, ao chegar ao lugar o cenário era de uma
beleza espetacular, a surpresa com tamanho cenário se contrastava com o fato de
como um lugar como aquele não tinha nenhum desenvolvimento turístico, nesta
época ainda se cogitava pouco a possibilidade de transformar a área em um
Hidrelétrica, o que resultaria em finalizar qualquer possibilidade de algum
projeto turístico.
Ao longo da paisagem do rio
Jari era possível ver um bom número de casas de moradores, a maioria de
pescadores ou extrativistas, as aguas da Cachoeira era pura energia, é como se
você se renovasse diante de tamanha força das águas, muitos registros foram
realizados naquele momento que durou cerca de 2 ou 3 horas, a beleza cênica do
lugar foi que garantiu que toda área fosse concebida no Plano Diretor como Zona
Turística Especial. Sobre o Plano Diretor, cabe uma ressalva especial, tudo o
que aconteceu durante o período de elaboração do Plano, entre Julho de 2005 a
maio de 2007, foi muito intenso.
A participação das
instituições, do público, havia uma convergência para que a ideia do Plano
vingasse, em uma região culturalmente acostumada com a adversidade. O
sentimento era pró-plano naquele momento. As expedições no município de
Laranjal do Jari através do rio Jari foram muitas, proporcionaram inclusive a
aprovação de recursos por parte do Ministério da Educação em conjunto com o
Ministério das Cidades para se promover um Curso para Agentes ribeirinhos, uma
experiência bem sucedida com a inscrição
de mais de 200 candidatos.
Com este curso também foi
possível visitar diversas comunidades ao longo do rio, de verificar as
peculiaridades de Vitória do Jari através da cidade de Monte Dourado. A
contradição entre Monte Dourado e Laranjal do Jari e Vitória é dada logo pela
diferença de relevo e topografia. Monte Dourado uma Vila planejada nos anos 60,
com um caráter peculiar, dividia com Laranjal do Jari uma linha imaginária do
Ir e Vir, todos os dias, não dava naquele momento para pensar ambas as cidades
sem a presença das catraias.
Os registros sobre a aventura
sobre o rio Jari foram contadas em vários documentos oficiais e no livro
denominado de Planos Diretores no estado do Amapá: a experiência de Laranjal do
Jari, o aprendizado às margens do rio, era algo incrível, vivia-se o limite
entre a beleza do rio à noite quando se mirava de Monte Dourado em direção ao
Laranjal do Jari, por outro lado, ficava a agonia de perceber milhares de
resíduos sólidos e lixo em amontoado em baixo das palafitas.
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