“Nosso pai nos deu a
maior riqueza: A EDUCAÇÃO e nos ensinou que ser HONESTO e TRABALHADOR não
prejudica ninguém”. Sandra Barros (filha)
Remy do Rêgo
Barros – Radiotécnico
Reinaldo
Coelho
Mais uma vez
pesquisando os poucos anais da historia dos cidadãos brasileiros que vieram
ajudar este rincão pátrio em seu desenvolvimento, encontramos um pouco da vida
do pioneiro Remy Barros, narrada por sua filha Sandra Barros, especialmente
para o Porta-Retrato uns dos poucos portais que procuram resguardar e recontar
a Historia do Amapá. Este cidadão foi um dos paraenses que aqui chegaram e
trouxeram experiências para implantar no ex-Território Federal recém-criado.
Remy com seus conhecimentos empíricos ajudou a implantar dois segmentos
profissionais no Amapá, o sistema de rádio e a profissão de rádio técnico. No
primeiro atuou na implantação da Radional, depois com rádio técnico nas Rádios Difusora, Equatorial e Educadora, além de exercer a profissão em sua oficina
de consertos de aparelhos eletroeletrônicos. Acompanhe essa historia narrada
pela sua filha Sandra Barros:
REMY DO RÊGO BARROS,
nasceu em Belém do Pará em 06 de novembro de 1933, filho de Raimundo Severo do
Rêgo Barros e Nair Araújo Nascimento.
Estudou na Escola
Augusto Olímpio (onde concluiu o primário), na mesma cidade onde nasceu. Não
frequentou nenhuma outra escola do ensino regular, sua formação escolar foi até
a 5ª série.
Por ter ficado órfão
muito pequeno (com 2 anos de idade), começou a trabalhar ainda muito jovem (com
10 anos de idade) vendendo jornal pelas ruas de Belém no bairro de São Brás, a
fim de contribuir com a renda familiar para o sustento da sua casa. Então,
naquela época, por não ser proibido o trabalho infantil, meu pai dividia-se
entre a escola e o trabalho.
Casamento
Trabalhou no Curtume
Santo Antonio, quando conheceu a Leatrice Nazaré Vasconcelos Barros, com a qual
se casou.
Mas tarde, sentiu uma
paixão muito grande por rádio e a curiosidade foi aumentando ao ponto de sozinho
aprender a consertar aqueles pequenos aparelhos (os rádios). Sentindo que essa
seria sua profissão, começou a estudar por correspondência, através do
Instituto Universal, onde fez o curso de radiotécnico, concluiu e obteve o
diploma de Radiotécnico, essa foi sua primeira realização pessoal e que lhe
abriu as portas no mercado.
De volta a Belém e
desempregado (formal) começou a trabalhar na informalidade consertando
aparelhos eletroeletrônicos. Minha avó materna (D. Nila) através de um
conhecido, conseguiu arranjar um emprego pra ele na Radional, que na época
funcionava no bairro da Estrada Nova /Belém.
Em 1958, ele recebeu o
convite para trabalhar na Radional em Macapá, onde seria o gerente da área
técnica. Esse é o começo da história no Amapá.
Implantação
de rádios
Depois que a Radional
foi tomada pelo governo, papai ficou outra vez desempregado, então ele
conseguiu montar uma oficina de consertos de eletroeletrônicos, foi um sucesso,
fazia bicos na Rádio
RÁDIO DIFUSORA DE MACAPÁ |
Difusora, como rádio técnico, prestava serviços na ICOMI, trabalhou na Rádio

Macapá bucólica
Nas horas de folga, ele
costumava se reunir com alguns amigos, na varanda de casa, onde jogavam dominó
até altas horas e nos dias de domingo
ele reunia os filhos numa lambreta e íamos tomar banho no Pacoval. Era
muito divertido.
Morávamos no bairro do
Laguinho na Rua Eliezer Levy, onde passei minha infância. Meu pai costumava
dizer que ele era formado pela "escola da vida" onde aprendeu sozinho
as grandes lições e optou por ser honesto e trabalhador e sempre acreditou que
a educação seria capaz de mudar o mundo.
Retorno
a Belém
Pelo fato de minha mãe
não gostar de Macapá, saímos da cidade em janeiro de 1970 retornando a Belém
onde ele foi trabalhar a Cotelpa, que virou Telepará e hoje privatizada
Telemar, onde teve um grande destaque dentro de suas funções até se aposentar.
Em 1973, foi transferido de Belém para Capanema/PA, a fim de coordenar toda a
zona bragantina onde a Telepará expandiria o sistema de telecomunicações. Mais
tarde estudou e conseguiu através do DESU o diploma de ensino técnico. Morou em
Capanema até o fim de sua vida.
A
família
Formamos uma grande
família (literalmente); da união do Remy com a Leatrice nasceram 13 filhos, dos
quais apenas doze estão vivos, alías essa é parte triste de nossa história,
perdemos um irmão muito jovem e de repente, e esse fato deixou o papai tão
abalado que dois anos depois ele partiu sem despedir-se de nós.
Os filhos: Eu, Sandra
Barros, casada, pedagoga (Ufpa), servidora pública estadual, mãe de seis filhos
dos quais 2 com formação superior e 4 ainda na universidade; Lucival Barros,
casado Economista (UFPA), servidor público federal (CGU), pai de três filhos (2
com formação superior e 1 superior incompleto; Maria Santivanêz, casada,
técnica em contabilidade (nível médio) tem 1 filho universitário de Biologia;
Maria de Fátima, técnica em contabilidade (nível médio), mãe de 2 filhos 1 de
formação superior e outro em formação; Maria de Nazaré (gêmea da Fátima)
casada, professora (magistério) tem 3 filhos, todos casados; Luciano Barros,
casado, Engenheiro Elétrico (UFPA), trabalha na Infraero, tem dois filhos ainda
menores; Lucivaldo Barros, casado, Bibliotecário, Advogado e Doutor em Desenvolvimento
Sustentável (UNB), servidor público federal (Ministério Público Federal) pai de
dois filhos ambos universitários; Roselene Barros, casada, Engenheira Civil
(UFPA) servidora pública federal (TRT) tem três filhos ainda menores; Rita de
Cássia Barros, casada, Pedagoga (UFPA) servidora pública estadual e
proprietária de uma escola de ensino fundamental, tem um filho, ainda menor;
Lucindo Barros, casado, Analista de Sistema (Unama) servidor público federal,
trabalha no IBAMA, tem dois filhos; Sandro Barros (in memória) era casado,
deixou 3 filhos, também era servidor do MPU; Sávio Barros (era gêmeo do
Sandro), casado, Advogado (UNAMA), tem uma filhinha e sua esposa esperava o
segundo bebê; Sandrea Barros, casada, Fisioterapeuta (UEPA), tem uma filhinha e
está gravida do segundo.
O papai dizia que não
havia ficado rico (financeiramente) tinha uma situação estável e que sua maior
riqueza era esse time que ele conseguiu formar e isso ninguém tiraria dele a
não ser Deus.
Ele era torcedor
apaixonado pelo Clube do Remo, coitado! se ainda estivesse vivo com certeza
estaria decepcionado com o clube de coração.
Agradecimento
Nosso pai nos deu a
maior riqueza: A EDUCAÇÃO e nos ensinou que ser HONESTO e TRABALHADOR não
prejudica ninguém. Mas ao perder seu filho Sandro na flor da idade, se deixou
abater pela tristeza e numa manhã de sexta-feira fomos surpreendidos com a
notícia de que ele havia falecido, sem nos ter dado ao menos a chance de nos
despedir.
Ele foi e será pra
sempre um grande homem, cheio de defeitos e infinitas qualidades, era solidário
e justo, amigo e companheiro de todas as horas.
Hoje estamos sem a
presença física dele, mas com ele em nosso coração. Minha mãe ainda é viva
graças a Deus e mora em Capanema. Papai faleceu no dia 17 de junho de 2005,
causa da morte: parada cardíaca (foi fulminante); está enterrado no Cemitério
de São Francisco de Assis na cidade de Capanema/PA. (Sandra Barros – 09/06/2011)
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