sábado, 16 de maio de 2015

PIONEIRISMO




“No anexo do Instituto de Educação, criado para servir de laboratório na formação de professoras, onde as alunas-mestras faziam o estágio curricular, sob a supervisão da professora e diretora Predicanda Amorim Lópes. Ficou nesse estabelecimento durante 15 anos, quando teve a oportunidade de orientar centenas de jovens amapaenses para exercerem o magistério”.


Pioneira do Magistério Amapaense: Raimunda da Silva Virgolino



A Escola Normal do Pará foi criada em 13 de outubro de 1871 como Instituto Paraense de Educação, denominação alterada em 1947 para Instituto de Educação do Pará (IEP), com fim de formar professores para atuarem na instrução primária. Situada em Belém    que era o centro mais urbanizado da região, a Escola Normal estava entre as principais instituições de instrução pública paraense e forneceu inúmeras normalistas para atuarem na educação do Amapá nos primórdios da criação do ex-Território Federal do Amapá. O Amapá tem um elo de gratidão com o IEP, pois o nosso Sistema Educacional teve base nas orientações transmitidas às pioneiras da Educação no Amapá: Graciela Reis de Souza, Deusolina Sales Farias, Ana Alves de Oliveira, Predicanda Amorim Lopes, Ruth Bezerra, Maria Carmelita do Carmo, Raimunda Mendes Coutinho, Esther da Silva Virgolino e Raimunda Virgolino, a Virgó.

É essa a nossa homenageada da semana, uma missionária da profissão de professora, representava em sala de aula as mestras rígidas, que cobrava do educando o aprendizado, era uma das raras mestras que aplicava a “terrível” prova oral. Raimunda Virgolina residiu na Macapá antiga até seu passamento para os céus, Sua residência ficava na esquina da Presidente Vargas e General Rondon, vizinha de seu amado, Instituto de Educação do Território do Amapá – IETA.

Solteira convicta, casada com a educação Virgó criou um casal de sobrinhos e recebia com carinho os amigos, colegas professores e alunos com empréstimos de livros e uma palavra de conforto. Após sua aposentadoria, fazia visitas sociais a todos.

Tive a honra de ser seu aluno, no anexo do IETA, denominado Escola Getúlio Vargas, no antigo – Alfabetização, dividido em inferior e superior, após passávamos para a 1ª Série do Ensino Primário. Ao chegar ao Ensino Ginasial, tive-a como professora de História. Nos dias de provas ela usava um óculo escuro, que nos impossibilitava de perceber para onde olhava e sem poder fazer a “cola”. Porém, ela me incentivou a ler e sempre me emprestava livros e livros. E se hoje tenho o vício da leitura devo a essa grande mestra.


Reinaldo Coelho

A Pioneira Raimunda da Silva Virgolino é natural de Belém do Pará, onde nasceu no dia 30 de agosto de 1929, filha de Joaquim Virgolino Filho e D. Almerinda da Silva Virgolino (Dona Mulata).

Estudou no Externato São José, no Grupo Escolar Coronel Sarmento na vila de Pinheiro (Icoaraci) e na Escola Normal de Belém, diplomando-se professora normalista em 25 de dezembro de 1948 com apenas 19 anos de idade.

Chegou à Macapá, em 30 de janeiro de 1949, passando a residir na casa da professora Maria Carmelita do Carmo. Sua mãe D. Almerinda articulou com D. Anita, tia do Governador do Amapá, e conseguiu empregar sua filha Raimunda Virgolino, no Quadro de Funcionários do Governo a partir de 1º de fevereiro de 1949, lotada na Divisão de Educação na função de professora no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, onde passou a ter por colegas as professoras Raimunda Mendes Coutinho (Guita), Doroty Mendes, Graziela Reis de Souza, Clívia, Iracema Araújo e Maria Lúcia Brasil, diretora do estabelecimento.

Escola Barão do Rio Branco

A Virgó tinha uma prima no Amapá, a Professora Esther da Silva Virgolino, que foi também uma das pioneiras da Educação do Amapá. Esther Virgolina, recém-formada pela Escola Normal do Pará, integrou o primeiro grupo de professoras normalistas, contratadas pelo Governo do então Território Federal do Amapá que aqui chegaram em 1948/1949.

Esther Virgolino trabalhou no Posto de Puericultura Iracema Carvão Nunes (ao lado do Barão do Rio Branco), na Escola Doméstica de Macapá (atual Irmã Santina Rioli), e Escola Normal de Macapá (Instituto de Educação, atual Faculdade Estadual do Amapá).

Trajetória de Virgó na educação

Em 1952 foi designada para dirigir o Grupo Escolar Veiga Cabral, no município de Amapá. Retornando para Macapá, seis meses depois, foi lecionar no Grupo Escolar Alexandre Vaz Tavares e em 1953 foi transferida para o anexo do Instituto de Educação, criado para servir de laboratório na formação de professoras. Ali as alunas-mestras faziam o estágio curricular, sob a supervisão da professora e Diretora Predicanda Amorim Lópes.

Instituto de Educação do Território do Amapá
Raimunda Virgolino ficou nesse estabelecimento durante 15 anos, quando teve a oportunidade de orientar centenas de jovens. Em 1970 passou a desempenhar funções burocráticas na Divisão de Educação, assumindo a Coordenação da Comissão Municipal do Mobral dirigida pela Sra. Icília Barbosa, esposa do médico e ex-governador Mário Medeiros Barbosa.

Em 1984 deixou o Mobral e voltou à Secretaria de Educação, passando a exercer atividades no Departamento de Assuntos Culturais; foi chefe do protocolo no IETA e atuou na Biblioteca Pública.

A professora Virgolino se aposentou dia 16 de agosto de 1988, e permaneceu no Amapá até seu falecimento em 27 de maio de 1999.

Seu corpo descansa em paz no Cemitério de Nossa Senhora da Conceição – (Túmulo 105), no Centro de Macapá.

(Fonte: Informações do Livro Personagens Ilustres do Amapá Vol. II, de Coaracy Barbosa - edição 1998)

(Última atualização em 26/05/2011)

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