quinta-feira, 21 de maio de 2015

PIONEIRISMO



Pioneirismo
In Memoriam *1948 +2012
  
Bezerra foi um dos mais conhecidos e respeitados profissionais do Amapá. Além de jornalista, era cronista, tendo publicado no jornal Diário do Amapá, algo em torno de 1.200 crônicas, conforme informava no perfil de seu blog.




Jornalista CARLOS BEZERRA (in memoriam)



Reinaldo Coelho

A editoria de Pioneirismo amapaense tem alternado a divulgação das ‘histórias de vida’ de personagens que aqui somaram para ajudar o desenvolvimento desse torrão Tucuju. Esta semana renderemos uma homenagem a Carlos Emanoel de Azevedo Bezerra, um homem simples, mas de elevada cultura, o jornalista Carlos Bezerra foi dono de uma das canetas mais respeitadas do nosso Estado. Se vivo fosse estaria completando 67 anos de idade, no auge da criatividade, mais infelizmente teve que se ausentar do nosso convívio há três anos.



Bezerra foi um dos mais conhecidos e respeitados profissionais do Amapá. Além de jornalista, era cronista, tendo publicado no jornal Diário do Amapá, algo em torno de 1.200 crônicas, conforme informava no perfil de seu blog.

Nasceu em Portel – PA no dia 25 de julho de 1948. Era filho de Raquel Azevedo Bezerra e Braz Bezerra da Silva. Carlos Bezerra aprendeu a ler desde os seus seis anos, incentivado pela mãe. Viveu em Abaetetuba no Pará até aos onze anos.

Em 1960 chegou à Macapá. Começou a trabalhar desde os treze anos, fez de tudo um pouco. Trabalhou em uma fábrica de cadeiras. Com 14 anos foi selecionado pela prefeitura de Macapá para plantar grama no hospital geral e nos prédios públicos localizados na Avenida FAB. Foi escoteiro, datilógrafo na Olaria do Governo, era o mais rápido chegando a datilografar mais de 250 teclas por minuto. Trabalhou como datilógrafo no escritório do Dr. Cícero Bordallo.


Aos 19 anos passou em primeiro lugar no concurso do Bando do Brasil para caixa bancário. Foi vendedor viajante da empresa White Martins, em Belém do Pará, e primeiro gerente da White Martins, em Macapá. Vendedor viajante da Sharp na rota Macapá/Belém/ Maranhão. Como vendedor viajante adquiriu mais de 1000 (mil) horas voo. Devido a grave instabilidade financeira, juntamente com o filho mais velho vendeu doces e salgados para sustentar a família.

Carlos Bezerra em Macapá na época em que
 passou no Concurso do Banco do Brasil em
 primeiro lugar para caixa. 1968

Casou em 7 de dezembro de 1972 com Antônia Maria da Costa Bezerra. Era um apaixonado por leitura, lia em média oito livros por mês desde a sua juventude. E o tempo passou. Carlos Bezerra continuava aumentando sua cultura através da leitura. Passou a escrever, mas seus textos ficavam ocultos, pois ele escrevia e os guardava, tinha receio de que alguém os lesse e não gostasse. Carlos Bezerra não sabia, mas já estava pronto para atuar no que seria a trajetória no jornalismo amapaense. Seus conhecimentos já tinham a capacidade de lapidar textos e transformá-los em joias raras.

Casamento do Casal Carlos Bezerra
e Antonia Bezerra



Descoberta do tesouro literário

Em 1993, Luiz Bezerra, tomou conhecimento dos textos do irmão Carlos Bezerra e percebeu a qualidade, em seguida o apresentou para o proprietário de um jornal de circulação diária em solo Tucuju. Seu talento na arte de escrever era notório e sua capacidade de produção era gigantesca. Inicialmente os artigos de Carlos Bezerra eram publicados como colaborador do jornal, logo em seguida foi contratado para trabalhar.

Os artigos de Carlos Bezerra rapidamente começaram a fazer sucesso, caíram no gosto dos leitores amapaenses. Tinha um estilo inconfundível de escrever. Seis meses depois de começar a publicar os seus artigos no jornal, foi convidado para fazer parte da bancada em um conhecido programa de rádio, na ‘102 FM’, no horário das 7h às 9h da manhã, de segunda a sexta-feira. Obteve sucesso também no programa de rádio, nascia a “QUESTÃO DE ORDEM, Carlos Bezerra carimba e assina embaixo”. Participou do programa por mais de 10 anos.

Carlos Bezerra fazendo parte da bancada da Rádio 102 FM


Variedade jornalística

Carlos Bezerra, além do jornal impresso, acrescentou também no rádio o seu conhecimento, irreverência e talento com as palavras através da sua voz marcante e inconfundível. No auge de sua carreira no jornal, Carlos Bezerra escrevia suas crônicas na coluna “Questão de Ordem”, realizava entrevistas, caderno de política, editoriais, além de fazer parte da bancada no programa de rádio. No mesmo jornal através do pseudônimo “Emanoel Azevedo” fazia diariamente a coluna “Caneta Afiada”, que era usada com a devida habilidade que lhe era peculiar.

Homenagens em vida

Pelo reconhecimento e relevantes serviços prestados Carlos Bezerra recebeu os títulos de Cidadão Macapaense e Amapaense, outorgados pela Câmara de Vereadores e Assembleia Legislativa do Estado do Amapá, diplomas que ele tinha muito orgulho. Trabalhou também da TV Macapá (Band) no programa Câmera Livre onde através de seus comentários, conseguiu ajudar muitas pessoas, principalmente a população mais carente. Em outro jornal impresso tinha a coluna “Campo Minado”, onde também, através dos seus textos defendia os menos favorecidos.

Juntamente com o filho mais velho, o publicitário Yuri Bezerra, publicou o livro NOSSA HISTÓRIA – Empresas, Instituições e Personalidades, lançado no dia 29 de março de 2012, no auditório do SEBRAE-AP.

Carlos Bezerra e Yuri Bezerra em 2011

No dia 26 de dezembro de 2012 Carlos Bezerra foi para o plano espiritual. Carlos Bezerra era um homem simples, mas de elevada cultura. Exemplar chefe de família, viveu com a Senhora Antônia Bezerra durante 43 anos, 4 de namoro e 39 anos de casados. Teve quatro filhos, Yuri, Patrícia e Érika (filhos sanguíneos) e um adotivo, Patrick.

No trabalho, sua principal habilidade, a arte de escrever. Publicou mais de 4.000 textos entre crônicas, editoriais, caderno de política e entrevistas em vinte anos de trabalho. Nem mesmo uma grave patologia hepática que tinha desde 1992 lhe impedia de sorrir e escrever, era um exemplo de superação. Quando a cirrose foi diagnosticada sua estimativa de vida era de seis meses, Carlos Bezerra estendeu sua vida por mais 20 anos graças a Deus, a sua determinação, apoio da família, amigos e do médico e amigo que ele chamava de Doutor “São” Teles. Conseguiu realizar o transplante de fígado em 20 de outubro de 2007 no Complexo da Santa Casa de Misericórdia no hospital Dom Vicente Scherer, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e viveu por mais quatro anos.

Homenagem póstuma

Para homenagear Carlos Bezerra, o filho Yuri Bezerra criou em 2013, o 1º Concurso de Redação Jornalista CARLOS BEZERRA e o Troféu Jornalista CARLOS BEZERRA onde a premiação foi uma bolsa integral e mais quatro bolsas parciais somando mais de R$ 150.000,00 em bolsas de estudos de ensino superior.

Por tudo que Carlos Bezerra representou e contribuiu foi criado o troféu Jornalista Carlos Bezerra, uma maneira honrada de homenagear todos que contribuem para o exercício do hábito saudável da leitura e o crescimento através do conhecimento.

Em um trecho de um dos últimos textos publicados em seu blog, Carlos Bezerra escreveu:

Tenho saudades de mim. Mas sei que o que foi, nunca mais será. A tragédia é essa. Ao contrário do que acreditamos, nada é nosso, nada nos pertence. Tudo é apenas um empréstimo que nos foi concedido pelo tempo, esse velho usurário que cobra com juros extorsivos a juventude perdida.  O preço é alto. É o cansaço, a pele enrugada, músculos flácidos e uma enorme vontade de partir para a terra do nada. Lá, inconsciente do existir, não pensarei, não sentirei, nada serei. Talvez quem sabe, se tiver sorte, quando eu for apenas pó, um vendaval pode soprar o que restou de mim para as estrelas. Lá, bilhões de anos depois, poderei ser parte da luz que não faz sombras. Quem sabe nesse dia, poderei conhecer esse tesouro que muitos buscam e poucos encontram: a felicidade de apenas existir sem sentir essa dor maldita que há tanto tempo faz parte de mim”.

A viúva Antônia Maria e o filho Yuri Bezerra


(Texto e informações de Yuri Bezerra)

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