segunda-feira, 18 de maio de 2015

Mobilidade Urbana de Macapá Gestor municipal não dá continuidade as ciclofaixas

Mobilidade Urbana de Macapá


Gestor municipal não dá continuidade as ciclofaixas


Nando Costa
Colaborador

A mobilidade urbana sempre esteve associada ao desenvolvimento econômico. Este é intrínseco ao tempo: quando mais rápidas as locomoções, mais possibilidades para trabalhar, produzir, negociar e lucrar. Com o aumento da frota de veículos motorizados individuais nas ruas, a agilidade na locomoção está ficando para trás, dando lugar para cenas de congestionamentos cada vez maiores. Este cenário afeta diretamente o bem-estar das pessoas e resultou na necessidade de se rever a utilização do espaço público nas grandes cidades e metrópoles.

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), no seu Artigo 21, é bem claro quando diz que os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios tem como competência planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos de pedestres e de animais, assim como promover o desenvolvimento da circulação e segurança de ciclistas.

O que se vê, na prática é bem diferente, ou seja, não se tem levado muito a sério o fato de que bicicleta também é um veículo. Percebe-se que muitos motoristas de carros, motociclistas até os carros de grande porte, como caminhões e ônibus tem desrespeitado de tal forma os ciclistas, ao ponto de colocá-los em situações de risco graves.

O CTB também deixa claro que os carros maiores são responsáveis pela segurança dos veículos menores e que a prioridade no trânsito é sempre o menor, começando pelo pedestre.

Não bastasse a falta de respeito de muitos condutores de veículos automotores e motociclistas que tornam a prática de pedalar um grande risco a integridade física dos ciclistas, ainda é preciso saber lidar com o excesso de buracos e com a má conservação das ruas e avenidas de Macapá.

Só quem depende desse meio de locomoção para trabalhar ou usa-lo na prática do esporte e lazer, sabe da dificuldade que enfrenta e dos gargalos formados pelo quase intrafegável trânsito macapaense.
Nos últimos anos o que se vê é apenas o descaso com os cicloviários, pois apesar de existirem projetos aprovados para uma melhor mobilidade urbana, não se tem muitas ações, ou talvez seja mesmo incompetência da ‘Prefeitura de Macapá’ para que se faça cumprir o que está escrito no Código de Trânsito Brasileiro, que é promover o desenvolvimento da circulação e segurança de ciclistas.

Sem continuidade


Em julho de 2012, o então prefeito Roberto Góes, através da Companhia de Trânsito e Transporte de Macapá (CTMac), começa a fazer a instalação de um cinturão de ciclofaixas que vai ligar a zona norte a zona sul de capital. O trabalho vai começar pela Rua Hamilton Silva para aproveitar o asfalto novo que foi colocado na via. A CTMac vai tirar o estacionamento do lado direito da rua para instalar uma via exclusiva para que os ciclistas possam ir e vir com segurança no sentido norte/sul e sul/norte.

No seu programa de governo entregue ao Tribuna Regional Eleitoral/Amapá o então candidato Clécio Luís, incluiu as Ciclovias e Ciclofaixas: “Em Macapá circulam mais de 100 mil bicicletas diariamente, disputando o mesmo espaço com automóveis, caminhões e ônibus, com ciclistas sujeitos a acidentes. No governo Clécio serão planejadas ciclovias para trânsito exclusivo de bicicletas e ciclo faixas nas principais ruas e avenidas de Macapá. O pedestre, o ciclista e o transporte público serão prioridades para a gestão de Clécio”.

Queremos lembrar vossa excelência dessa promessa registrada no TRE/AP e reforçada nos palanques de campanha, pois até o presente momento não foram criadas e nem ampliados um centímetro das atuais ciclofaixas e nem realizada as manutenções dos mais de oito quilômetros recebidas da administração pedetista.



Ciclofaixas sem manutenção


Em Macapá, há cerca de 3,1 km de ciclovias, (faixas separadas fisicamente das ruas) e 8,8 km de ciclo faixas, (espaços pintados no piso, sinalizando onde os ciclistas devem circular), e que ainda não são suficientes.

Muitas são as dificuldades e os desafios encontrados pelos ciclistas nas poucas ciclofaixas existentes, pois é comum encontrarmos veículos nelas estacionados. Observam-se nas ciclovias, muitos motociclistas atravessando os canteiros centrais e as calçadas, colocando assim, em perigo a vida das pessoas e atrapalhando o acesso destinado aos veículos de propulsão humana (bicicleta).
Aproximadamente 350 mil ciclistas circulam em Macapá, e não há estrutura por parte da prefeitura da cidade para que se tenha um trânsito de ciclistas seguro e para que os transtornos sejam menores, faltam ciclovias, ciclofaixas, bicicletários e principalmente fiscalização e respeito aos que dependem da famosa “magrela” para chegar até o trabalho, praticar esportes ou mesmo usá-la como um lazer. A bicicleta faz bem ao meio ambiente por ser sustentável, faz bem também à saúde trazendo qualidade de vida.

Na capital amapaense há a necessidade de políticas públicas, voltadas para a construção de ciclovias e ciclofaixas nos locais de maior circulação de motoristas. É também necessário investir-se em campanhas educativas com o objetivo de conscientizar a população no que diz respeito à necessidade de proteção dos ciclistas, e a estes, da importância do uso de capacete como equipamento de proteção.

O desenvolvimento do hábito de utilização da bicicleta como meio de transporte e de lazer pode contribuir para a redução do déficit de vagas de estacionamento para automóveis, também ajuda a favorecer a integração das comunidades, resultando num maior fluxo do comércio e contribuindo para se ter um ambiente mais harmonioso e saudável de se viver.



Insegurança no trânsito pelo ciclista


A insegurança no trânsito é um dos desafios vividos pelos ciclistas em Macapá. “O maior problema é se deslocar, mesmo, seja pela falta de infraestrutura, seja pela falta de respeito pelo ciclista", afirma Maurício Guedes, um dos coordenadores do “Pedal da Paz”. Ele propõe uma maior punição dos crimes de trânsito, redução da velocidade no perímetro urbano e uma maior extensão de ciclovias e ciclofaixas.
Os componentes do movimento apostam em campanhas de educação para aumentar a segurança do ciclista no trânsito. "Dez bicicletas usam o espaço de um carro. E 70% dos automóveis em Macapá levam uma pessoa só. É do interesse do motorista que haja mais bicicleta na rua, significa mais espaço para ele. É preciso saber compartilhar o espaço viário".

Em agosto de 2014 um grupo de ciclistas protestou contra as mortes ocorridas no trânsito. Eles interditaram a Avenida FAB, esquina com a Rua General Rondon, próximo a Praça da Bandeira. No momento, várias reivindicações foram feitas a fim de melhorar a segurança dos ciclistas no trânsito. Somente naquele ano, 12 ciclistas já perderam a vida nas ruas.

Na ocasião o presidente da Federação Amapaense de Ciclismo, em nome do ciclismo amapaense, emitiu uma nota de repúdio para reivindicar providências das autoridades de trânsito e do governante amapaense, por mais sinalizações e fiscalizações no trânsito das cidades de Macapá e Santana, no que diz respeito à Ciclo Via e Ciclofaixas. “Repudia-se também a conduta dos motoristas da cidade que continuam desrespeitando a lei e tirando a vida de pessoas inocentes que praticam o esporte ‘Ciclismo’ e causando sofrimento nos seus familiares”, disse Antônio, em nota.
Uma das reivindicações é dos praticantes do ciclismo esportivo que não tem local próprio para treinamento e além de enfrentar as vias de Macapá esburacadas e sem sinalizações, tem que conviver com motoristas que menosprezam os ciclistas. Os atletas dividem espaço com os carros e motos que se deslocam para o interior. Mesmo sem nenhum incidente durante as competições, os organizadores se preocupam.

Nas rodovias de todo Brasil e em outros países como da Europa é comum ver Cicloturistas pedalando nas rodovias. Nenhum lugar é tranquilo quando se trata de motorista imprudente que não respeita o espaço dos Ciclistas”, observou Alex, ciclista há mais de 15 anos.



Construir ciclovias e ciclo faixas é bom para o município


O PDE, a Política Nacional de Mobilidade Urbana, que tem força de Lei Federal, tem como uma de suas diretrizes a “prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados”, determinando que o uso de bicicletas deve ter prioridade sobre o uso do automóvel. A construção de ciclovias cumpre, também, uma das diretrizes dessa Lei, que determina ainda a “dedicação de espaço exclusivo nas vias públicas para os serviços de transporte público coletivo e modos de transporte não motorizados”, entre outras citações.

A construção de vias para bicicletas têm um custo muito menor que a de vias para veículos motorizados. Quanto mais cidadãos as adotarem, menores serão os gastos com criação e manutenção do viário em longo prazo, economizando o dinheiro da cidade.

As ciclovias proporcionam uma retomada do uso das ruas pelas crianças, sendo uma opção de lazer que resgata uma faceta da infância há muito esquecida nas regiões mais urbanizadas da cidade. Já temos crianças utilizando as ciclovias no Bairro São Lázaro junto com seus pais e, conforme sua aceitação, abrangência e conectividade aumentarem, esse fenômeno tende a crescer, com o potencial de permitir que pedalem sozinhas até a escola.

Essa visão é que deve ter os eminentes administradores do município de Macapá, pois o uso da bicicleta como transporte cotidiano, como forma de praticar exercício-físico ou mesmo competir, sofrem com a falta de espaços próprios e adequados.
Dados da Prefeitura de Macapá e do IBGE mostram que Macapá tem 0,39% de ciclovias e ciclofaixas em sua malha viária.

A falta de sinalização na Rodovia JK, do Curiaú e na Duca Serra é sinônimo de falta de cuidado. No caso da Duca Serra, ainda há a escuridão pela parte da noite. Nossas autoridades deveriam olhar com mais zelo e respeito por essas estradas e evitar novas tragédias e perdas”, desabafa a ciclista e Jornalista Ediane Borges.


‘PEDAL DA PAZ’


O ciclista Maurício Guedes, um dos organizadores do movimento do "Pedal da Paz", explicou a reportagem que os ciclistas amapaenses reivindicarão mais respeito e proteção no trânsito na segunda edição do Movimento “Pedal da Paz”. O ponto de concentração será na Praça Barão do Rio Branco, em Macapá, no dia 24 de maio.

Serão oito quilômetros de percurso passando por algumas das principais ruas e avenidas da cidade. Segundo Albino Vagner, um dos organizadores, a expectativa é que mais de 50 ciclistas compareçam ao evento.

 “Na primeira edição do "Pedal pela Paz", realizada em 2014, nós conseguimos reunir muitos ciclistas preocupados com o trânsito de Macapá. Espero que esta segunda edição seja ainda melhor e atraia mais de 50 ciclistas”, disse Vagner.

De acordo com levantamento realizado pelos organizadores do evento, o número de ciclistas em Macapá é superior ao número de condutores de carros. Estima-se que a capital amapaense tenha mais de 350 mil ciclistas, segundo o movimento.

            

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