Mobilidade Urbana de
Macapá
A mobilidade
urbana sempre esteve associada ao desenvolvimento econômico. Este é intrínseco
ao tempo: quando mais rápidas as locomoções, mais possibilidades para
trabalhar, produzir, negociar e lucrar. Com o aumento da frota de veículos
motorizados individuais nas ruas, a agilidade na locomoção está ficando para
trás, dando lugar para cenas de congestionamentos cada vez maiores. Este
cenário afeta diretamente o bem-estar das pessoas e resultou na necessidade de
se rever a utilização do espaço público nas grandes cidades e metrópoles.
O Código de
Trânsito Brasileiro (CTB), no seu Artigo 21, é bem claro quando diz que os órgãos
e entidades executivos rodoviários da União, os Estados, o Distrito Federal e os
municípios tem como competência planejar, projetar, regulamentar e operar o
trânsito de veículos de pedestres e de animais, assim como promover o
desenvolvimento da circulação e segurança de ciclistas.
O que se vê,
na prática é bem diferente, ou seja, não se tem levado muito a sério o fato de
que bicicleta também é um veículo. Percebe-se que muitos motoristas de carros,
motociclistas até os carros de grande porte, como caminhões e ônibus tem desrespeitado
de tal forma os ciclistas, ao ponto de colocá-los em situações de risco graves.
O CTB também
deixa claro que os carros maiores são responsáveis pela segurança dos veículos
menores e que a prioridade no trânsito é sempre o menor, começando pelo
pedestre.
Não bastasse
a falta de respeito de muitos condutores de veículos automotores e
motociclistas que tornam a prática de pedalar um grande risco a integridade
física dos ciclistas, ainda é preciso saber lidar com o excesso de buracos e com
a má conservação das ruas e avenidas de Macapá.
Só quem
depende desse meio de locomoção para trabalhar ou usa-lo na prática do esporte
e lazer, sabe da dificuldade que enfrenta e dos gargalos formados pelo quase
intrafegável trânsito macapaense.
Nos últimos anos
o que se vê é apenas o descaso com os cicloviários, pois apesar de existirem projetos
aprovados para uma melhor mobilidade urbana, não se tem muitas ações, ou talvez
seja mesmo incompetência da ‘Prefeitura de Macapá’ para que se faça cumprir o
que está escrito no Código de Trânsito Brasileiro, que é promover o
desenvolvimento da circulação e segurança de ciclistas.
Em julho de 2012, o então prefeito Roberto Góes, através da Companhia de
Trânsito e Transporte de Macapá (CTMac), começa a fazer a instalação de um
cinturão de ciclofaixas que vai ligar a zona norte a zona sul de capital. O
trabalho vai começar pela Rua Hamilton Silva para aproveitar o asfalto novo que
foi colocado na via. A CTMac vai tirar o estacionamento do lado direito da rua
para instalar uma via exclusiva para que os ciclistas possam ir e vir com
segurança no sentido norte/sul e sul/norte.
No seu programa de governo entregue ao Tribuna Regional Eleitoral/Amapá o
então candidato Clécio Luís, incluiu as Ciclovias
e Ciclofaixas: “Em Macapá circulam mais de 100 mil bicicletas diariamente,
disputando o mesmo espaço com automóveis, caminhões e ônibus, com ciclistas
sujeitos a acidentes. No governo Clécio serão planejadas ciclovias para
trânsito exclusivo de bicicletas e ciclo faixas nas principais ruas e avenidas
de Macapá. O pedestre, o ciclista e o transporte público serão prioridades para
a gestão de Clécio”.
Queremos lembrar vossa excelência dessa promessa registrada no TRE/AP e
reforçada nos palanques de campanha, pois até o presente momento não foram
criadas e nem ampliados um centímetro das atuais ciclofaixas e nem realizada as
manutenções dos mais de oito quilômetros recebidas da administração pedetista.
Ciclofaixas sem manutenção
Em Macapá, há
cerca de 3,1 km de ciclovias, (faixas
separadas fisicamente das ruas) e 8,8 km de ciclo faixas, (espaços pintados no piso, sinalizando onde
os ciclistas devem circular), e que ainda não são suficientes.
Muitas são as
dificuldades e os desafios encontrados pelos ciclistas nas poucas ciclofaixas
existentes, pois é comum encontrarmos veículos nelas estacionados. Observam-se
nas ciclovias, muitos motociclistas atravessando os canteiros centrais e as
calçadas, colocando assim, em perigo a vida das pessoas e atrapalhando o acesso
destinado aos veículos de propulsão humana (bicicleta).
Aproximadamente
350 mil ciclistas circulam em Macapá, e não há estrutura por parte da prefeitura
da cidade para que se tenha um trânsito de ciclistas seguro e para que os
transtornos sejam menores, faltam ciclovias, ciclofaixas, bicicletários e
principalmente fiscalização e respeito aos que dependem da famosa “magrela”
para chegar até o trabalho, praticar esportes ou mesmo usá-la como um lazer. A
bicicleta faz bem ao meio ambiente por ser sustentável, faz bem também à saúde
trazendo qualidade de vida.
Na capital
amapaense há a necessidade de políticas públicas, voltadas para a construção de
ciclovias e ciclofaixas nos locais de maior circulação de motoristas. É também
necessário investir-se em campanhas educativas com o objetivo de conscientizar
a população no que diz respeito à necessidade de proteção dos ciclistas, e a estes,
da importância do uso de capacete como equipamento de proteção.
O
desenvolvimento do hábito de utilização da bicicleta como meio de transporte e
de lazer pode contribuir para a redução do déficit de vagas de estacionamento
para automóveis, também ajuda a favorecer a integração das comunidades,
resultando num maior fluxo do comércio e contribuindo para se ter um ambiente
mais harmonioso e saudável de se viver.
Insegurança no trânsito pelo ciclista
A insegurança
no trânsito é um dos desafios vividos pelos ciclistas em Macapá. “O maior problema é se deslocar, mesmo, seja
pela falta de infraestrutura, seja pela falta de respeito pelo ciclista",
afirma Maurício Guedes, um dos coordenadores do “Pedal da Paz”. Ele propõe uma
maior punição dos crimes de trânsito, redução da velocidade no perímetro urbano
e uma maior extensão de ciclovias e ciclofaixas.
Os
componentes do movimento apostam em campanhas de educação para aumentar a
segurança do ciclista no trânsito. "Dez
bicicletas usam o espaço de um carro. E 70% dos automóveis em Macapá levam uma
pessoa só. É do interesse do motorista que haja mais bicicleta na rua,
significa mais espaço para ele. É preciso saber compartilhar o espaço viário".
Em agosto de
2014 um grupo de ciclistas protestou contra as mortes ocorridas no trânsito.
Eles interditaram a Avenida FAB, esquina com a Rua General Rondon, próximo a
Praça da Bandeira. No momento, várias reivindicações foram feitas a fim de
melhorar a segurança dos ciclistas no trânsito. Somente naquele ano, 12
ciclistas já perderam a vida nas ruas.
Na ocasião o
presidente da Federação Amapaense de Ciclismo, em nome do ciclismo amapaense,
emitiu uma nota de repúdio para reivindicar providências das autoridades de
trânsito e do governante amapaense, por mais sinalizações e fiscalizações no
trânsito das cidades de Macapá e Santana, no que diz respeito à Ciclo Via e
Ciclofaixas. “Repudia-se também a conduta
dos motoristas da cidade que continuam desrespeitando a lei e tirando a vida de
pessoas inocentes que praticam o esporte ‘Ciclismo’ e causando sofrimento nos
seus familiares”, disse Antônio, em nota.
Uma das
reivindicações é dos praticantes do ciclismo esportivo que não tem local
próprio para treinamento e além de enfrentar as vias de Macapá esburacadas e
sem sinalizações, tem que conviver com motoristas que menosprezam os ciclistas.
Os atletas dividem espaço com os carros e motos que se deslocam para o
interior. Mesmo sem nenhum incidente durante as competições, os organizadores
se preocupam.
“Nas rodovias de todo Brasil e em outros
países como da Europa é comum ver Cicloturistas pedalando nas rodovias. Nenhum
lugar é tranquilo quando se trata de motorista imprudente que não respeita o
espaço dos Ciclistas”, observou Alex, ciclista há mais de 15 anos.
Construir ciclovias e ciclo faixas é
bom para o município
O PDE, a
Política Nacional de Mobilidade Urbana, que tem força de Lei Federal, tem como
uma de suas diretrizes a “prioridade dos modos de transportes não motorizados
sobre os motorizados”, determinando que o uso de bicicletas deve ter prioridade
sobre o uso do automóvel. A construção de ciclovias cumpre, também, uma das
diretrizes dessa Lei, que determina ainda a “dedicação de espaço exclusivo nas
vias públicas para os serviços de transporte público coletivo e modos de
transporte não motorizados”, entre outras citações.
A construção
de vias para bicicletas têm um custo muito menor que a de vias para veículos
motorizados. Quanto mais cidadãos as adotarem, menores serão os gastos com
criação e manutenção do viário em longo prazo, economizando o dinheiro da cidade.
As ciclovias
proporcionam uma retomada do uso das ruas pelas crianças, sendo uma opção de
lazer que resgata uma faceta da infância há muito esquecida nas regiões mais
urbanizadas da cidade. Já temos crianças utilizando as ciclovias no Bairro São
Lázaro junto com seus pais e, conforme sua aceitação, abrangência e
conectividade aumentarem, esse fenômeno tende a crescer, com o potencial de
permitir que pedalem sozinhas até a escola.
Essa visão é
que deve ter os eminentes administradores do município de Macapá, pois o uso da
bicicleta como transporte cotidiano, como forma de praticar exercício-físico ou
mesmo competir, sofrem com a falta de espaços próprios e adequados.
Dados da
Prefeitura de Macapá e do IBGE mostram que Macapá tem 0,39% de ciclovias e ciclofaixas
em sua malha viária.
“A falta de sinalização na Rodovia JK, do
Curiaú e na Duca Serra é sinônimo de falta de cuidado. No caso da Duca Serra,
ainda há a escuridão pela parte da noite. Nossas autoridades deveriam olhar com
mais zelo e respeito por essas estradas e evitar novas tragédias e perdas”,
desabafa a ciclista e Jornalista Ediane Borges.
O ciclista
Maurício Guedes, um dos organizadores do movimento do "Pedal da Paz",
explicou a reportagem que os ciclistas amapaenses reivindicarão mais respeito e
proteção no trânsito na segunda edição do Movimento “Pedal da Paz”. O ponto de
concentração será na Praça Barão do Rio Branco, em Macapá, no dia 24 de maio.
Serão oito
quilômetros de percurso passando por algumas das principais ruas e avenidas da
cidade. Segundo Albino Vagner, um dos organizadores, a expectativa é que mais
de 50 ciclistas compareçam ao evento.
“Na primeira edição do "Pedal pela
Paz", realizada em 2014, nós conseguimos reunir muitos ciclistas
preocupados com o trânsito de Macapá. Espero que esta segunda edição seja ainda
melhor e atraia mais de 50 ciclistas”, disse Vagner.
De acordo com
levantamento realizado pelos organizadores do evento, o número de ciclistas em
Macapá é superior ao número de condutores de carros. Estima-se que a capital
amapaense tenha mais de 350 mil ciclistas, segundo o movimento.
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